segunda-feira, 2 de novembro de 2015

[1725] Na Mindelo, tem tabóque mercóne pa tude gosto...

Aí está!... Já o disse várias vezes e repito algo que aqueles que conhecem a nossa ilha sabem bem: São Vicente e o Mindelo sempre tiveram os seus luxos, sobretudo luxos cosmopolitas. No tempo colonial, devido ao Porto Grande, havia ali mais novidades do mundo que em muitas cidades do Portugal europeu. Mas para que elas existissem, alguém tinha de as arranjar, alguém tinha de se preocupar com elas, alguém tinha de as importar.

Eis aqui mais uma descoberta nossa, a de um envelope de Marcelo Leitão que escreve directamente para a R. J. Reynolds Tobacco Company na Carolina do Norte, EUA (ver AQUI e AQUI), em 23 de Fevereiro de 1957, a encomendar o tabaquinho mercóne que o nosso amigo Zito Azevedo (se acaso não estava em Angola a caçar elefantes...) e muitos outros depois lhe iriam comprar. Curiosamente, a carta (por avião) seguiu de Lisboa e chegou ao destino apenas quatro dias depois.



Camel
Winston
Salem

9 comentários:

  1. É mesmo como contas, Djack, havia pequenos luxos em S. Vicente que não se encontrariam em todas as cidades da então Metrópole. Mas eu preferia os drops, toffees e chocolates ao camel, chesterfiel e lucky strike que o saudoso "Mitchel", da minha crónica aqui publicada há tempos, vendia nos seus expositores ambulantes. Ele e outros, claro.

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    1. Sim senhor, esses comestíveis também eram mais da minha preferência. E quanto ao Marcelo Leitão? Quem era? É que não me recordo nada desse nome.

      Braça a mastigar chuinga,
      Djack

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  2. Pois, na altura em que o amigo Marcelo escrevia para o States, estava eu em Angola não a caçar elefantes mas, talvez, cabras-do-mato e, na altura, a fumar Matinée, fabricado na Rodésia...
    De resto, tabaco americano era coisa que abundava e, graças ao Cartolina e ao Cacone, foi coisa que nunca me faltou...Mais tarde, passou a ser "importado legalmente" e a ser vendido em Bares e Botequins...
    Quanto à carta, interessante que não tem nome de rua - apenas a cidade, o estado e o país...
    Notável, também, que tenha levado apenas quatro dias de viagem...Há dias, a Maiúca recebeu uma carta de um tio, de R.I. com...12 dias de viagem!

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    1. Nome de rua não seria necessário para chegar a uma fábrica deste calibre. Mais ou menos o mesmo que alguém dos States colocar na altura num endereço "Baltasar Lopes - S.Vicente, Cabo Verde". Quanto ao Marcelo Leitão, está visto que ninguém o conheceu. Talvez o Valdemar, talvez o Zeca Soares, duas últimas esperanças...

      Braça sem Marcelo nem Leitão,
      Djack

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    2. Olá Senhor Joaquim Saial, gostaria de me apresentar ao Senhor. Chamo-me Kevin. Vivo na Holanda e sou bisneto do Marcelo Leitão e gostaria de saber mais sobre o meu bisavô. Podíamos entrar em contacto um com o outro? O meu email é kevinferreiradasilva@hotmail.com. Espero ouvir do Senhor. Forte abraço!

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  3. Ou me engano muito ou este Leitão era o da Fábrica de ...Tabacos (Smart e Falcões), que morava ao lado dos antigos CTT do Mindelo...Era um gentleman, sempre impecável no seu fato cinzento e óculos de aros dourados, moreninho, casado com uma senhora...loura!
    Se estiver enganado, alguém me ajude: a memória já não é o que era!Salvo erro, o campo de jogos da Dja de Sal chama-se Marcelo Leitão...Não sei se será o mesmo!
    Braça, com fumaça
    Zito

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    1. Este sujeito chamado Zito Azevedo é um chato. Tem uma memória de elefante (dos grandes, daqueles que têm cérebro XXL) e anda sempre a dizer que a sua (dele, não dos elefantes) é uma desgraça. Ora tomara eu daqui por duas décadas (se lá chegar) estar com uma memória (dita "fraca") destas.

      O que é certo é que ele confirmou o que eu já previra através de alguns dados que encontrei e que de facto o Marcelo Leitão era gente "de tabóque", com actividade que remonta aos meados dos anos 30. Logo à noite, darei mais notícias, por entre argolas de fumo da Companhia de Tabacos de Cabo Verde...

      Braça a puxar nha cigarrim Camel d'sê pacote,
      Djack

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    2. Trabalho inadiável para hoje e para amanhã todo o dia, não me permite falar do Marcelo Leitão - o que acontecerá depois de amanhã.

      Braça em espera,
      Djack

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  4. Olhem, eu conheci muito bem o senhor Marcelo Leitão, dono da fábrica de tabaco local, que andava sempre de fato completo, com gravata e lencinho de bolso. E vou contar uma história. Quando fiz o sexto ano de liceu, quis arranjar um trabalhinho de férias para arranjar uns trocos para o cinema e uns drops e chocolates. Então um tio meu disse que o Marcelo Leitão, que lhe devia uns favores, estava a precisar de alguém para fazer uns "overtimes" no escritório dele (talvez arquivar papéis e coisa do género). Falou com o dono da Fábrica e lá fui apresentar-me a ele. Mandou-me entrar e sentar à secretária. Qual não foi o meu espanto, pôs-se a ditar-me umas palavras (pretensamente difíceis) para eu escrever numa folha de papel, digamos que uma espécie de teste. Recordo-me bem de que uma das palavras era "administração do concelho" e outra era “vicissitude!. Escrevi acertadamente as palavras que me foram ditadas, sem errar nenhuma. Está bom de ver que o senhor Marcelo estava à espera que eu escrevesse "conselho", ahahahah. Eu não era das alíneas da área das Letras, mas nunca tive problemas com a gramática, ou não tivesse consolidado as bases com o Alfredo Brito. O patrão da Fábrica disse-me que estava tudo bem e que depois me mandaria chamar. Até hoje! Ainda estou à espera da chamada do senhor Marcelo Leitão, que, nunca se sabe, pode ser um dia destes me telefone pelo móvel. Como o tempo se foi passando sem eu ser convocado, contei o facto ao meu tio, ao ser perguntado. Este, que era oficial da Alfândega, e viriam certamente daí os favores que o patrão da fábrica lhe devia, então disse-me: Ah sim? Espera que depois lhe mostro como é.
    Bem, se quis uns trocos para as férias, tiveram de vir de outro lado. Mas não me esqueço deste episódio. E job, nem na fábrica nem noutro lado qualquer. Foi só boa vida nessas férias. Matiota durante o dia e Praça Nova à noite.

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