[3115] A arma...

Excerto de um romance famoso que esteve (quase, quase) para dar ao seu autor (muito conhecido na Rua de Praia e na/no Praia de Bote) o Prémio Nobel da literatura.

A FBP
(...) Por razões compreensíveis, dado que a Guiné em guerra ficava próxima e no Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), como o próprio nome indicava, militavam combatentes de ambas as colónias, havia relutância do comando em armar os cabo-verdianos. Algumas vezes o meu pai e restantes membros da guarnição continental foram à carreira de tiro, nas imediações do quartel, receber treino com velhas espingardas Mauser e também FBP [ver AQUI], as populares pistolas-metralhadoras das nossas tropas, que antecederam a G3 da guerra colonial. Segundo constava, a sua concepção não era perfeita e encravavam com imensa facilidade. Mas isso não impediu que no nosso guarda-fatos estivesse uma, novinha em folha, acompanhada de três carregadores. Foi o artilheiro Calças quem a distribuiu ao meu pai, tendo-se este encarregado da instrução familiar. Todos nós sabíamos disparar a maquineta, mas era eu quem mais se servia dela, em grandes tiroteios caseiros – a seco, claro, para grande pena minha – com difíceis fugas e rastejamentos por debaixo de camas e mesas, simulando desembarques de comandos que provocavam baixas proporcionais aos gritos e rá-tá-tás emitidos, sempre numerosos. Tirando o meu prazer pessoal, o objecto bélico foi inútil, pois nunca se vislumbrou o que quer que fosse de ataque ou sequer tentativa disso, relativamente a nós. E como teria sido tão fácil empreendê-lo, sobretudo de noite, desprotegidos que estávamos, num canto mal iluminado da cidade, pegado ao mar. (...)

Anexo da antiga Capitania dos Portos de São Vicente de Cabo Verde, hoje Museu do Mar (em edifício designado como Torre de Belém). A terceira janela a contar da direita (ou da esquerda) era a do quarto de dormir da residência do Patrão-Mor, onde estava guardada a FBP...

[3112] Yes sir, I agree!...

Uma relação forte de Cabo Verde (país ao qual, sem grande erro, poderíamos chamar de euro-africano) com a Europa, traria benefícios a ambas as partes. Isso é mais que óbvio.
Ver AQUI

[3110] Raridade: que saibamos, esta é a única imagem da capa deste livro de Manuel Lopes presente na Internet

Para breve, reprodução de alguns dos poemas deste livrinho de 88 páginas de Manuel Lopes, autor de "Chuva Braba", entre outras obras clássicas da literatura cabo-verdiana. É de 1964 e poderá lê-lo na Biblioteca Pública de Olhão ou na de Ermesinde (por exemplo). Nós, apesar de termos grande paixão pelo cheiro das bibliotecas, preferimos saboreá-lo em maior recato...

[3107] Um retrato do escritor Manuel Ferreira que se pode ver na exposição de homenagem patente no Museu José Malhoa nas Caldas da Rainha

Da autoria do seu amigo Hernâni Lopes (1955, óleo sobre tela) e com a legenda "A uma vontade indómita", este quadro esteve sempre no escritório de Manuel Ferreira. Hernâni Lopes nasceu em Lisboa mas encontrava-se nas Caldas da Rainha como professor da Escola Insdustrial, na altura em que Ferreira ali residiu. Poderá saber mais sobre o pintor, AQUI

[3104] Assim falava o claridoso Manuel Lopes, em 1966

Trata-se de excerto de longo texto de Manuel Lopes, datado de 1966, que com outro da mesma altura está a servir de base para um artigo sobre o autor de "Chuva Braba". Em ambos, faz uma curiosa síntese do que para ele era Cabo Verde e o povo cabo-verdiano, nomeadamente no que dizia respeito à cultura e ambiência do território. Sairá no "Terra Nova" de Dezembro, após seis números (três já dados à estampa) em que se republica (e actualiza em alguns aspectos) um trabalho sobre arte pública em Cabo Verde no período colonial. Aqui fica então um cheirinho.

[3098] Casa Serbam, Praia

Para terminar um dia de posts curiosamente dedicados à cidade da Praia, fica este envelope timbrado (1935) de um comerciante prestigiado da capital de Cabo Verde, Sérgio Barboz/sa Mendes que deu título ao negócio pessoal através das primeiras letras das palavras constituintes do seu nome. Para saber mais sobre ele, ver AQUI e para conhecer a famosa Diamond T, AQUI. Sim, porque um envelope não é apenas ... um envelope. É sempre uma história mais longa. Basta ir atrás dela...



[3097] The Doors - "No me moleste mosquito" (ver post anterior)

"No me moleste mosquito" surge no álbum dos Doors "Full Circle" (1972), segundo da época pós-Jim Morrison. Esperemos que os mosquitos da Paia a oiçam e desapareçam da capital, para sossego dos praienses.

[3089] TACV dentro de casa... acabou-se...

Pd'B sugere alteração do nome da companhia para TASFCV (Transportes Aéreos Só Fora de Cabo Verde).

Ver AQUI

[3086] Contra o turismo canalha, o turismo purificado...

Ainda não refeito das notícias sobre turismo canalha em Cabo Verde (ver AQUI), Praia de Bote lança saborosa imagem de pureza (não de miserabilismo). Tal como está a acontecer em Lisboa, no Sal e em Bubista confunde-se progresso com turismo tóxico. E, tal como Lisboa, as ilhas verdianas e sobretudo o seu povo dispensam-no... A imagem é de Neves e Sousa artista do qual já vimos imagens no Pd'B há tempos. Chama-se "Tamareiras", situa-as na Boavista e é de 1969, em edição do Centro de Informação e Turismo de Cabo Verde, Praia. Respirem este ar, respirem...


[3083] Números: o Portugal cabo-verdiano

Na lista das 10 principais nacionalidades residentes no país constam o Brasil (81.251), Cabo Verde (36.578), Ucrânia (34.490), Roménia (30.429), China (22.503), Reino Unido (19.384), Angola (16.994), Guiné-Bissau (15.653), França (11.293) e Espanha (11.133).
Ver AQUI

[3081] As baleias são mais bonitas em São Nicolau que em São Vicente?


Veja AQUI a mirabolante história do espólio baleeiro que parece não ficar tão bem em São Vicente como em São Nicolau... e pasme!

Bem, se grandes cabeças pensantes já desviaram Santa Luzia para a ilha dos nossos irmãos patchê parloa, porque não hão-de também desviar as baleiazinhas?

Resumindo e concluindo, parece MESMO que estão a tentar atirar irmãos barlaventistas uns contra os outros. Parece ou não parece?

E o pior é que esta coisa se passa na minha casa. Na minha casa, imaginem. Será que tenho de ir à ponta d'Praia d'Bote pôr ordem naquilo?

[3077] Ainda a homenagem ao escritor Manuel Ferreira (ver posts anteriores)

Em fundo, a tela "Paul da Outra Banda", tela de grande dimensão pintada em 1885 por José Malhoa para o restaurante "Leão de Ouro" (Rua 1.º de Dezembro, Lisboa, perto da estação do Rossio). Recorde-se que o dono do restaurante onde artistas pintores e de outras áreas paravam e se encontravam em tertúlia resolveu fazer obras. Os clientes boémios pensaram que o seu retiro ia acabar definitivamente e foram falar com ele, tentando sabe se assim era. Quando o proprietário lhes disse que se tratava apenas de obras de beneficiação e que em breve reabriria, ficaram tão contentes que cada um resolveu oferecer um quadro para a decoração do espaço recuperado. Esta foi a oferta de José Malhoa que mais tarde, tal como o "Grupo do Leão" de Columbano Bordalo Pinheiro passaram por aquisição para a posse do Estado.


João Serra, fazendo a apresentação dos oradores, Ana Paula Tavares, investigadora do Centro de Literaturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras de Lisboa, Fátima Mendonça, da Universidade Eduardo Mondlane de Maputo, Moçambique, e Mário Tavares, do Instituto Politécnico de Leiria

O sogro, Armando Napoleão Fernandes, autor em 1943 do primeiro dicionário de crioulo-português. Pd'B tem uma fotocópia integral desta obra de grande envergadura
A esposa, Orlanda Amarílis
Manuel Ferreira no seu quarto, em São Vicente, alugado à mãe de Manuel Lopes

[3076] Mais notícias da homenagem de ontem a Manuel Ferreira no Museu José Malhoa, Caldas da Rainha (ver post 3074)

O primeiro livro: "Grei" (contos), 1944. Veja-se a dedicatória
Os convidados, antes da abertura da exposição. Não faltou a autoridade militar da Escola de Sargentos das Caldas da Rainha
João Serra, apresentando os traços essenciais da exposição

[3075] Pobre placa, pobre Cabo Verde que tais afrontas sofres!!!

SIM, SIM, À ATENÇÃO DE QUEM NAS CALDAS DA RAINHA... DEVE TER ATENÇÃO!

Em 19 de Julho de 2016, o Pd'B esteve nas Caldas da Rainha a acompanhar um grupo de alunos adultos que iam visitar o Atelier-Museu António Duarte e o Museu Barata Feyo. Para se chegar a ambos, passa-se por uma das entradas desta Rua de Cabo Verde, sita num pacato bairro onde também há uma da Guiné e outra de Angola (as que vimos, ambas em posição mais alta e por isso intactas). Falámos então aqui da miséria desta placa toponímica que está a cerca de um metro do passeio, à mão de semear de vândalos e outros anormais. É que dar nomes de um país estrangeiro e amigo a uma rua e depois deixá-lo cair nesta destruição e sujidade pode parecer ofensivo...


Hoje, um ano e um mês depois, repetimos a passagem pelo sítio, por via da homenagem ao escritor Manuel Ferreira e fotografámos de novo a sacrificada a placa. Veja-se como está imensamente "melhorada". Caso para dizer "Oi nha mãe, ês ca tá spiá nada? Ês ca tem odjo na cara?"