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VIVER A VIDA

O odor das sílabas penetra a melancolia da palavra e penso timidamente:

— Será tudo ilusão, ou serei eu capaz de me elevar e escrever um poema de luz e silêncios, desfolhando a esperança?

Sinto que estou tecendo estas palavras, quase sem alma, enquanto me esforço por ser estrela no poema, odor de orvalho, calor da palavra.

Penso na sedução de umas mãos que escrevem, no rumor da alma a despertar frente à esperança, ao amor e à fé.

Afinal... recordo: — sempre procurei viver a vida com coragem, dignidade, lucidez, empenho, serenidade e gratidão. Sim, serei capaz de seduzir a minha alma e abrir-me para a vida, tecendo finas sílabas de seda que formarão as palavras de um poema de silêncios e claridade, flutuando, iluminadas como beijos, na transparência das minhas veias, tal rio infatigável ou mar de águas límpidas transparentes.

Serei então a tal estrela que desejei ser no poema, com odor a orvalho e a madrugada, sabendo bem como é difícil viver a vida com alma, ânimo, fé, esperança, gratidão e lucidez.

Será essa a alegria súbita que me dará força e vontade de me erguer e continuar a caminhar na vida com dignidade e amor.  

 Carlota de Barros,

Lisboa, 29 de Setembro de 2023

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