sexta-feira, 30 de agosto de 2013

[0558] Uma comédia musical, num velho cinema desaparecido, com mancarra como apoio

PARA REVER O FILME COMPLETO, CLIQUE AQUI 

Junte-se um bilhete para o filme brasileiro "Aviso aos Navegantes" no cinema do Tuta com 5 tstom pa um caniquinha de mancarra a comer na sua plateia de bancos de madeira sem costas e a felicidade está feita. Aqui fica, em memória, neste tempo em que não vale a pena gastar bons materiais que temos em carteira com tudo a tomar banho noutras praias. Entretanto, caro banhista, veja o post anterior que é bem bom e tem substância...





quinta-feira, 29 de agosto de 2013

[0557] Quando Cabo Verde e o PAICV/MpD estão numa encruzilhada de mudanças num mundo em crise e em transformação

José Fortes Lopes
Neste texto, embora se faça menção frequente ao PAICV, partido no poder, é fácil extrapolar para o MpD alguns aspectos deste ensaio (caso venha ao poder, o que poderá acontecer num futuro próximo), pelo que as referências são extensíveis a este partido.

Ocorreu nos finais do mês de Julho o debate tido como o mais esperado do país − ‘O Estado da Nação’ (1) − que a Semana online de 31 Julho 2013 caracterizou como tendo dividido a classe política em duas visões distintas, uma reflectindo uma situação nacional catastrófica e outra um país confiante no futuro. Todavia, é com muita perplexidade que se assistiu a esse evento, que, simulando um ritual de democracia, foi mais um show para povo ver, destinado, como já se suspeitava, a não debater coisa alguma de real consistência, tudo isso passando-se num país onde a vontade de olhar para os verdadeiros problemas é corrompida pela ânsia de atingir ou conservar o poder a todo o custo. É um país que parece ter-se transformado numa terra de indiferentes, dotado de uma elite faz-de-conta, que nunca ‘ta Cdi’ a qualquer contributo da cidadania, um país, enfim, onde dificilmente pode ocorrer um debate sério sobre matérias que são de importância candente para o futuro, sobretudo quando se tem em conta um mundo em crise e em transformação. Assim, promover um debate com essa pretendida envolvência só pode ser entendido como um acto de encenação ou de puro folclore político. Como é possível debater o Estado da Nação quando o partido no poder, o mentor e principal sustentáculo do regime, tem manifestado um autismo total em relação à sociedade civil, recusando debater as verdadeiras questões da actualidade e cruciais para o futuro do país, tais como o fim do Centralismo, a Descentralização, a Reforma do Estado, a Regionalização e o aprofundamento da Democracia? De notar que nenhum contencioso com a sociedade civil até hoje foi à concertação ou teve desfecho consensual ou favorável. 

Cabo Verde vive hoje num mundo aberto e em constante mutação (crises, oportunidades, desafios), onde os processos se desencadeiam praticamente ao mesmo ritmo em que circula a informação. 

A crise económica veio relativizar a importância dos estados soberanos e desvalorizar os trunfos com que antes blindavam a sua economia, provando que mesmo os EUA e a EU não estão imunes a uma possível desclassificação nos seus actuais ranking mundiais. Nuvens cinzentas continuam a pairar no horizonte da economia mundial, antecipando profundas mudanças de paradigma político-económico mundial para as próximas décadas. Novos países emergentes irromperam na cena internacional manifestando pujança e dinamismo surpreendentes, e associando práticas económicas e comerciais agressivas (salários baixos, dumping nos preços dos produtos exportados), o que desestabilizou por completo os alicerces tradicionais da economia mundial, gerando sérias dificuldades de readaptação aos países industrializados. 

O impacto das novas tecnologias de comunicação veio tornar o mundo mais próximo e mais igualitário no acesso às inovações. A circulação instantânea de capitais, pessoas e bens a nível planetário, os problemas ambientais e energéticos, a crise financeira global, tornaram-se desafios do séc. XXI. Nenhuma sociedade ou país estará ao abrigo das transformações que, para o bem ou para o mal, irão ocorrer no seu seio. Grandes nações, incluindo os EUA, enfrentam desafios no tocante à sustentabilidade das suas dívidas e dos seus sistemas de protecção social. A sustentabilidade do estado social nos países da EU acarreta endividamento crescente, um problema complexo e sem solução fácil à vista. Para complicar a situação, a crise energética e o encarecimento das matérias-primas criam pressões cada vez maiores nos recursos naturais e eventualmente uma ruptura climática à escala planetária. Grandes blocos económicos, financeiros, industriais e políticos tanto se formam como se poderão desfazer em função da evolução das políticas económicas. As crises serão oportunidades para uns e desgraça para outros. 

Muitas nações estão a preparar-se para os desafios do futuro flexibilizando a sua economia (com custos sociais enormes) e adoptando sistemas político-administrativos e económicos que possam dotá-las de vantagens competitivas. Este é o novo paradigma da economia mundial no qual Cabo Verde vai ter que se inserir, queira ou não queira, o que constitui um desafio ingente para um país com vulnerabilidades congénitas. O fecho económico, cultural, linguístico ou político de um país só pode significar problemas irresolúveis a longo prazo. Daí que espanta que àquelas vulnerabilidades se pretenda acrescer ainda um problema linguístico de trazer por casa. 

Os recentes discursos do presidente do PAICV, José Maria Neves, têm sido reveladores da evolução do pensamento do actual do regime em matéria económica (2), destoando ou mesmo contrastando com o tom eufórico de há alguns anos, o que denota uma maior consciencialização sobre a complexidade dos problemas que enfrenta Cabo Verde num mundo contemporâneo em plena transformação. As declarações recentes entram como uma luva na mão do principal partido da oposição, o MpD, e de vários sectores críticos da actual situação socioeconómica do país, ao ponto de o PAICV em termos de política económica parecer ter ocupado o centro (perigosamente para o principal partido da oposição) do espectro político cabo-verdiano. No último documento estratégico sobre a acção externa, o regime defende uma nova fase, consistindo em "redinamizar fortemente" a acção externa no domínio económico, passando Cabo Verde de receptor passivo da ajuda externa para atractor de investimento externo, mercê de uma plena e activa inserção competitiva do país no mercado mundial e da expansão e diversificação dos parceiros no mercado mundial. Para isso pretende dar um salto, provocar rupturas (?!) para mobilizar todos os actores, estatais, da sociedade civil e do sector privado, construir parcerias e criar mais oportunidades para que o sector privado possa assumir efectivamente o seu papel de motor da economia e para que Cabo Verde possa "redinamizar fortemente" a acção externa no domínio económico. JMN reconhece que o país não tem outra escolha senão inserir-se na economia mundial. Temos aqui na pessoa do PM ‘uma autêntica oposição’ às políticas do governo do PAICV aplicadas nos últimos 10 anos!? Mas Cabo Verde não podia ser excepção, e não podia estar blindado aos estilhaços da crise mundial, tendo em conta sua total dependência do exterior. 

Esta revolução conceptual operada no discurso do poder foi, todavia, temperada ou complementada, dias depois, com uma visão voluntarista do desenvolvimento, defendendo-se a necessidade de “mais défice” e “mais endividamento”, como condição para prosseguir o desenvolvimento de Cabo Verde, em ordem a que se transforme num país moderno, competitivo, mais justo e de oportunidades para todos. E como exemplo apontou as barragens inauguradas (todas construídas em Santiago), os portos, os aeroportos, as estradas asfaltadas, etc., na linha da demagogia da pseudo política desenvolvimentista do PAICV. Assim, num curto espaço de tempo conseguiu o governo agradar a gregos e troianos, mas baralhando o seu anterior discurso de rigor associado às reformas estruturais impostas pelo FMI e várias organizações Internacionais e o Banco de Cabo Verde. 

O PM encena assim uma visão voluntarista do desenvolvimento, mas politicamente incorrecta para os partidários da ortodoxia económica. JMN pretende continuar com a fuga à frente na sua ‘soit disant’ agenda de transformação de Cabo Verde, que tem sido um exercício de utopia pura, convencido que reproduzir betão em larga escala no país contribui para algum desenvolvimento. De notar que esta política de transformação de JMN tem sido amplamente denunciada pelos regionalistas, que acusam o regime de pretender desequilibrar Cabo Verde, criando um único pólo e acentuando o centralismo político e económico em benefício exclusivo da capital Praia e da ilha de Santiago. 

Mesmo dando de barato ‘o amor infinito’ do PM por Cabo Verde, é questão para perguntar-lhe qual é o seu projecto ou verdadeiro conceito estratégico para este seu sonhado Cabo Verde, que o impele a continuar a endividar um país de fracos recursos e sem alavancas económicas. Como pensa pagar os encargos e a dívida acumulada? Que tipo de economia estes investimentos gerarão? Acredita, Sr. PM, que poderá levar à frente um projecto revolucionário do ponto de vista económico, na ausência de qualquer diálogo ou discussão com a oposição, com parceiros sociais e económicos e a sociedade civil? Será que esta política novo-riquista de betão e asfalto, que em muitos casos substitui levianamente o Velho pelo Novo (como as demolições e obras de fachada que tem provocado uma descaracterização acelerada e acentuada do centro histórico da cidade do Mindelo), será prosseguida impunemente, continuando a desrespeitar, ao bel-prazer do regime, valores patrimoniais materiais e imateriais das ilhas e do país? 

Ok, não questiono a legitimidade da sua aspiração por um país mais justo e de oportunidades para todos, mas este Projecto “Casa para Todos”, com um nome pomposo, tirado do vocabulário socialista, cheira à demagogia, pois não se vislumbra a criação de um estado assistencial e providência, num país pobre que ainda não tem onde cair morto. Mas esquece que em vez de prometer casa para todos, melhor seria criar condições económicas para que todos tenham trabalho e uma vida condigna que lhes permita aceder à propriedade. 

Ok, para barragens, portos, aeroportos, estradas asfaltadas ‘ao gosto do freguês’ em todas as ilhas, mas onde está a visão de ‘Conjunto’ destes investimentos para o desenvolvimento de Cabo Verde, a garantia do retorno dos investimentos, as exportações geradas? Como e com quê prevê pagar a factura acumulada? Já pensou na hipótese de falência técnica de Cabo Verde devido a estas políticas, com aconteceu em Portugal e na Grécia? 

Este é o busílis da questão, a menos que o governo de Cabo Verde aposte singelo contra dobrado que as nações ricas continuarão a injectar dinheiro a fundo perdido na nossa economia, caucionando de ânimo leve a existência de um estado pouco mais que falhado, mas com custos ou riscos que só a ignorância ou a má consciência podem negligenciar. As lições de Portugal, Grécia e vários outros países que se endividaram por suposta boa causa, mas irresponsavelmente, devem ser objecto de ponderada reflexão em Cabo Verde. É preciso saber que uma política de endividamento e défice excessivo nos mercados financeiros internacionais é extremamente perigosa para a soberania de qualquer país. Acima de certa percentagem do PIB (riqueza total produzida por um país num ano) as dívidas tornam-se impagáveis, a menos que se proceda a um ‘Hair Cuts’ (perdão parcial ou total da divida), opção que só pode ser conseguida com o apoio de grandes nações e instituições, mas sempre com condições draconianas anexadas, porque os investidores privados não gostam de perder dinheiro. Para além disso, é preciso estar consciente de que o contexto mundial mudou drasticamente desde 2008, pelo que o Cabo Verde actual e do futuro não podem continuar a reger-se sob a batuta de políticas voluntaristas ou repentistas, muitas vezes ditadas pelo caderno eleitoral, mas sim por critérios de racionalidade nos investimentos reprodutivos e na concepção de planos de desenvolvimento regional que rompam definitivamente com os ciclos pobreza e estagnação do país. O povo cabo-verdiano deveria estar consciente dos perigos de uma política aventureira baseada exclusivamente no endividamento se nenhum projecto consistente lhe estiver subjacente. O recurso a empréstimos sistemáticos nos mercados internacionais é sempre uma moeda de duas faces, se é certo e sabido que doravante os cabo-verdianos terão de pagar eles mesmos os custos da sua soberania, não sendo bom conselheiro fazer vista grossa ao ónus de um endividamento irresponsável. Tanto mais que cada dia vamos percebendo melhor a lógica que comanda os desígnios dos mercados financeiros mundiais, o lucro e a especulação. 

Os alarmes do FMI surgem assim como consequência das políticas de défice e endividamento em curso e servem para lembrar que estas opções têm limites e custos. Com efeito, a dívida pública nos últimos anos atingiu níveis perigosos (95% para os mais optimistas ou acima dos 100% do PIB), tendo em conta as dívidas das empresas do Estado. O estado de vulnerabilidade de Cabo Verde está, assim, claramente patente. Por outro lado, segundo a revista inglesa “Economist Intelligence Unit” (3), a alta volatilidade dos "fluxos de turismo e a dependência excessiva de Cabo Verde neste único sector vai deixar a economia excessivamente vulnerável a choques externos negativos. Por outro lado, a inexistência de dados oficiais do PIB publicados a partir de 2010 tem impedido uma avaliação precisa do desempenho económico recente de Cabo Verde.

Segundo Humberto Cardoso (4) deputado MPD “Isso já era previsível e o governo não se preparou. E agora diz que foi a crise que nos caiu sobre a cabeça. A verdade é que o país não se libertou da dependência extrema, da ajuda externa. Todo o tempo de transição devia servir para isso mesmo, fazer a transição. Mas o governo não a fez. Limitou-se a surfar sobre o que existia, foi ganhando eleições no processo e não fez o que devia ter feito, e que era óbvio, como o MpD insistiu durante todos estes anos. Pelo contrário, deixaram morrer a indústria, desbaratam o turismo, as novas opções que poderiam surgir em termos de tecnologia e inovação ficam só em discursos, arruinaram a praça financeira e perderam-se oportunidades sistematicamente por causa de uma postura conservadora de fazer o papel de bom aluno para o exterior, conseguir fluxos de capitais e geri-los cá dentro num quadro de manutenção do poder”. Conclui ”Os governos do PAICV quando colocados perante o dilema desenvolver ou controlar, preferem controlar’. Embora tenha razões de sobra para esta afirmação, não acredito que esta atitude seja o apanágio exclusivo deste partido. Todavia a análise profunda que Humberto Cardoso faz da situação de Cabo Verde deve merecer atenção e tido em conta na procura de soluções para os problemas do país. 

Persiste assim sempre a dúvida se haverá alguma visão integradora e coerente, ou seja um verdadeiro projecto nesta agenda de Transformação de Cabo Verde, cara a JMN e ao regime. É caso para levantar então a questão, na medida em que se anuncia que a cidade da Praia passará a ter o maior Porto do País, segundo informação avançada pela Administração da Enapor da Praia. Esta ideia nunca tinha passado pela cabeça de nenhum governante, nem antes nem depois da independência. A verdadeira motivação do publicitado Urbi et Orbi Cluster do Mar para S. Vicente fica assim desmascarada e apanhada flagrantemente em contradição: um pretexto para avançar com o dito maior porto de Cabo Verde na Praia, retirando o tapete ao Porto Grande (sobre esta matéria ler a entrevista de Amiro Faria (4) no Expresso da Ilhas “O Porto Grande é um potencial de facturação que não está a ser aproveitado”), despindo Pedro para vestir Paulo, não obstante as condições de agitação marítima naquele porto não serem favoráveis a uma tal pretensão?! Afinal, há sempre dinheiros para investir na Praia, o que dá argumentos aos que acusam este regime de querer construir uma República de Santiago! É preciso analisar todos estes sinais e saber como é que as elites mexem os cordelinhos nesta aventura centralista. Mas onde param os responsáveis, designadamente deputados por S. Vicente (na lua?), quando temos aqui claramente uma política contraditória ao publicitado Cluster do Mar. Não será o papel desta gente levantar dúvidas, interpelar e contrariar projectos que aparentemente vão contra o interesse da ilha por que foram eleitos?

Tendo em conta o contexto internacional e as diferentes pressões internas a que o regime vai estar sujeito, conclui-se que Cabo Verde e o PAICV/MpD estão hoje numa encruzilhada de mudanças. O PAICV, estando forçado a governar economicamente no centro, coloca-se perante vários dilemas, e fica confrontado com a necessidade de proceder à modernização do partido, tornando-o mais aberto à sociedade e ao diálogo, incentivando reformas ‘progressistas’ no país. Caso contrário, aprofundará o seu caciquismo, estilo mugabista, precipitando Cabo Verde para uma dessas democracias de tipo africano, com um sistema político atrofiado e uma economia dominada por uma clientela partidária ao serviço exclusivo de interesses de uma pseudo-elite clientelar. As aspirações políticas de JMN, fundadas num suposto desígnio redentor do PAICV, mediante a promessa de uma longa duração do regime do seu partido, para além de 2030, denunciam claramente uma tentação de hegemonia irredutível. Quanto ao MpD, não obstante ter pessoas brilhantes, tem sido uma oposição apagada, sem ideias, sem discurso, que só faz oposição durante os períodos eleitorais. É uma oposição expectante, esperando que o poder lhe caia nos regaços com o mínimo esforço. Mas este partido estará em sérias dificuldades se o PAICV tiver tempo de se reorganizar e ocupar definitivamente o centro ideológico do país. Mas nada disso pode ser garantido se o povo cabo-verdiano assumir a consciência de que é ele o verdadeiro suporte das dinâmicas sociais e políticas do seu país. Até porque a imprevisibilidade e a mutabilidade são marcas de um paradigma tão verdadeiro nos fenómenos do comportamento humano como nas transformações vertiginosas do mundo actual.

(1) http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article90648
(2) http://www.alfa.cv/anacao/index.php/economia/5326-cupula-do-paicv-preocupado-com-situacao-socio-economica
(3) http://caboverdedirecto.com/index.php?option=com_content&view=article&id=3024:crise-tensoes-sociais-podem-incendiar-o-pais&catid=13&Itemid=102
(4) http://www.expressodasilhas.sapo.cv/exclusivo/item/37198-os-governos-do-paicv-quando-colocados-perante-o-dilema-desenvolver-ou-controlar-preferem-controlar
(5)  http://www.expressodasilhas.sapo.cv/exclusivo/item/38944-amiro-faria-o-porto-grande-e-um-potencial-de-facturacao-que-nao-esta-a-ser-aproveitado

PS: Ao fechar este artigo fui informado que o governo noticiou ter encomendado um estudo sobre Regionalização que não está ainda concluído, uma vez que o prazo inicialmente dado à equipa encarregada da tarefa teve que ser alargado devido à necessidade de acolher, a posteriori, algumas novas preocupações inventariadas pelo executivo!?. Embora não conhecendo os contornos desta iniciativa, o Movimento aguarda com algumas expectativas os resultados deste estudo e os próximos passos do governo.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

[0556] São Nicolau, ilha irmã, anima-se...

Alforge de grandes intelectuais e ilha assumidamente de Cultura, São Nicolau – pese embora o atraso a que a têm votado – comporta ainda a fleuma dessa revigorante e insubmissa leva de intelectuais e artistas que transportaram o nome da ilha para várias paragens, tantas vezes levada nas sacolas dos emigrantes que se fizeram a este nosso imenso mundo com o heroísmo de quem busca para si e para os seus o pão honesto e digno de cada dia.

Jornal de São Nicolau é um novo projeto de comunicação social que pretende dotar a ilha do Chiquinho de um instrumento de ligação entre as comunidades, dando voz aos seus queixumes, alegrias e desejos fazendo deste jornal a voz dos que nem sempre a têm e questionando - em nome da cidadania activa que defendemos - os poderes públicos, mobilizando vontades individuais e o querer colectivo para que o sufrágio se não fique apenas pelo espaçamento longo de quatro em quatro anos, e colocando ao serviço do poder local, dos seus eleitos e das populações, um instrumento plural da afirmação dos valores, da identidade, da cultura e das mundivivências da ilha.

Jornal de distribuição gratuita, com uma tiragem de 2000 exemplares, uma periodicidade inicialmente mensal e de pequeno formato, Jornal de São Nicolau irá ter a sua primeira edição no próximo dia 1 de Outubro. E, desde já, queremos colocar este órgão da imprensa regional à Vossa disposição, assegurando que as suas páginas respigarão sempre o pulsar desta ilha, das suas instituições e das suas gentes.

Solicitamos, pois, que a partir de hoje façam incluir o nosso jornal nas vossas listas de contactos, o que desde já agradecemos.

Com os melhores cumprimentos,
António Alte Pinho
(Director)
Jornal de São Nicolau
Redacção: Telha, Tarrafal de São Nicolau - Cabo Verde
Móvel: 997 70 43

[0555] Nos velhos tempos da Lajinha e da Matiota...


sábado, 24 de agosto de 2013

[0554] O "monstro da Lajinha", a mais espantosa e inimaginável aberração plantada na bela praia urbana do Mindelo

Manhentos com o monstro escocês do Loch Ness, "indivíduos" criaram na Lajinha o seu monstro particular. Baptizado desde já como "monstro da Lajinha", espera-se vivamente que o mar se encarregue de dar cabo dele. Ó Atlântico, protege-nos e destrói mais uma aberração mindelense. E já agora os "indivíduos" que venham ver o que é a Costa da Caparica hoje, com os seus "maravilhosos" esporões, e o paraíso que antes era sem eles... Raios, ninguém aprende com os erros dos outros?

Foto de autor desconhecido do Pd'B, existente no Facebook e enviada para nós pelo nosso colaborador José Fortes Lopes

[0553] SEM PALAVRAS (ou quase...)

Nem mais! Zecabelo (Zé Cabelo ou talvez Zeca Belo, como também aparece em alguns locais), de facto com cabelo... e guitarra eléctrica. Disco de 1990, de coladeras. 01 - Cabo Verde; 02 - Sãozinha; 03 - Caminho Tracado; 04 - Nhos Dexam Tranquilo; 05 - Educação; 06 - Capechona


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

[0552] SEM PALAVRAS (ou quase...)

Frank Mimita ou a "revolução industrial" na pilon... Abstraindo a piada simpática, esta figura já desaparecida tem de facto interesse para a música das ilhas, como pioneiro dos novos tempos e da passagem do binómio morna/coladera para a convivência com outros géneros musiciais que antes dele haviam sido reprimidos. Ver AQUI.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

[0551] SEM PALAVRAS (ou quase...)

Porque em tempo de defeso a freguesia é rara, não compensa gastar muitas energias. Assim, caros banhistas da Praia de Bote, tomem lá Ima Costa (que é o mesmo que dizer Fátima Alfama) e já não vão nada mal.



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

[0549] Abílio Duarte e Onésimo Silveira no 1.º número do Boletim dos Alunos do Liceu Gil Eanes



De novo, a arte de Abílio Duarte, em imagem de pendor neo-realista que retrata a noite num botequim de Salina, próxima da nossa Praia de Bote. Ambiente de conversa e boémia, ao som da morna, o cacho de bananas de Santo Antão pendurado num canto, o homem que passa para o trabalho no porto (ou dele regressa) ou que se ocupa em algo que com a baía talvez se relacione e o seu cão escanzelado...


Interessante texto de Rolando Vera-Cruz Martins sobre Onésimo Silveira, figura respeitada entre os intelectuais das ilhas, pese embora alguma controvérsia de que é alvo devido às suas opções políticas. Mas isso obviamente não lhe retira lugar significativo e inegável entre as cabeças pensantes do arquipélago, (tanto entre as de ontem como junto das de hoje). E dois poemas dele, o primeiro dos quais merece que na cabeça do vate se coloque uma gloriosa coroa de louros, pelo título e pelo significado...






domingo, 18 de agosto de 2013

[0548] Uma figura solitária de Fonte Francês (mais uma colaboração de Zeca Soares)

Foto Zeca Soares
Ainda lá está! Continua imponente e serena, com os seus quase 15 metros de altura, como se nada tivesse acontecido.

Estamos a referir-nos a esta tamareira ou ped'tambla, como se diz em criol d'soncent. Encontra-se numa das zonas baixas de Fonte Francês, anteriormente conhecida por "tinix"  (Ténis) talvez divido a um pavimento de betão que ali existia, possivelmente para prática de algum desporto.

Este ped'tambla, faz ou fazia parte duma área  arborizada que existia nessa zona, em que havia pequenas propriedades (hortos) com alguns poços com muita água no sub-solo, permitindo assim o exercício da actividade agrícola. Ainda em criança me recordo não dos "hortos", mas de perto de meia dúzia destes ped'tambla naquela zona, que ao longo destes últimos anos foram engolidos pela urbanização descontrolada (mas autorizada), ficando apenas este para ainda nos lembrar, não sei por quanto tempo, que há mais de cinquenta alguém os plantou ali, e que durante muitos anos nessa zona se respirava ar puro, com muita paz e sossego, sem a poluição e a delinquência dos dias de hoje.    

Foto Zeca Soares

Foto Zeca Soares

Foto Zeca Soares

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

[0547] Sérgio Frusoni, o poeta-pintor, em duas imagens de "primeira mão" para os banhistas desta praia

Em 22 de Setembro de 1995 escrevi no jornal electrónico Liberal o texto ASPECTOS DA BIOGRAFIA DE SÉRGIO FRUSONI de onde agora foi retirado este excerto.

Foto Djibla - N.ª Sr.ª da Luz
"(...) Ora Frusoni [referência ao livro A poética de Sérgio Frusoni – Uma leitura antropológica que o meu estimado e sempre lembrado professor Mesquitela Lima me ofereceu], que passou a ser definitivo companheiro de secretária (que não apenas de estante), já me era familiar pela sua morna dos anos 50 Um vez São Cente era sabe, que conhecia na voz de Bana, acompanhado pelo conjunto Voz di Cabo Verde, em versão de 1967. Ali fala ele, entre outros assuntos – como o do gato de Mané Jon que era engordado com gemadas, em tempo de fartura do Porto Grande –, de Nossa Senhora da Luz (e suas piedosas procissões), à qual também dedicou o poema Igreja d’nossióra da Luz, onde conta que foi baptizado. Mas não se limitou a isso, o bardo. É que ele também refez a imagem pictórica da Virgem que na cobertura da nave única se pode ver. Quem a terá pintado originalmente, não o sabemos. Digamos, porém, que a factura é fraca, aparecendo a Mãe de Jesus entre nuvens, amparada por duas rosas e eivada de uma ingenuidade que só o enquadramento espacial e a magnífica luminosidade presente no templo atenuam. Daí, não se poder criticar o trabalho de Frusoni, decerto o mais criterioso que os seus conhecimentos (quais?) lhe permitiram. Mas se ele se abalançou a essa tarefa, é porque teria um qualquer treino na área. Nem o pároco de então lha cometeria, se não tivesse confiança no desempenho do poeta. O que foi nesse caso a pintura de Frusoni, cultivada, segundo a Wikipedia, 'no final da sua vida'? – o que entra em contradição com os 20 anos que medeiam entre este trabalho e a sua morte. Terá sido a empresa da matriz do Mindelo algo de casual? Onde e com quem aprendeu a manejar as tintas? Autodidacta, apenas? Que quadros existem ainda dele, esquecidos no Mindelo ou em casa de familiares e amigos? Questão que cabe resolver e que poderá trazer eventuais surpresas afinal não desvendadas por este episódio em que apenas foi restaurador, como ele próprio diz na base da imagem, em latim: S. Frusoni – 1955 – Refecit ex novo."


Sérgio Frusoni - "João XXIII"
Informações posteriores à escrita deste artigo, cedidas por Fernando Frusoni, seu filho e nosso amigo, fizeram alguma luz sobre o assunto: "O meu pai já pintava desde antes de 1955, como passatempo. Lembro-me que ele se sentava no quintal de nossa casa a pintar. Tinha um livro, oferecido por um colega italiano, que explicava como usar as cores. Ele nunca recebeu aulas de pintura. Neste sentido, deve ser considerado um autodidacta. Fez vários quadros. Gostava de pintar retratos de rostos típicos de São Vicente que não sei onde estão agora. Mas também outros, como o do Papa João XXIII (que está comigo) o do presidente John Kennedy (na posse da minha filha), um retrato da minha mãe que o meu irmão Franco tinha (não sei de a esposa ainda o conserva), uns três quadros que estão com uma prima minha e outros que não sei onde foram parar. Normalmente, gostava de oferecer os seus trabalhos." 

Praia de Bote oferece aqui em primeira mão, com a inestimável colaboração de Fernando Frusoni, dois desses quadros, significativos registos iconográficos feitos a partir de imagens de revistas ou jornais - que sem dúvida atestam a boa "mão" do poeta-pintor.

Sérgio Frusoni - "John Kennedy"

[0546] O "lettering" falado no post anterior.

Quando aqui o Pd'B se referia à questão do "lettering" do cabeçalho do Boletim dos Alunos do Liceu Gil Eanes, estava a lembrar outro "lettering": o das capas dos cadernos do Gil, adquiridas na Casa do Leão. Facilmente se vê que é o mesmo tipo (repare-se no L, no G e no E que em cima estão em itálico e em baixo em normal). Ou seja, em princípio a impressão foi feita no mesmo local (o que, é óbvio, até pode nem ter acontecido)... A dar-se o facto, ele aconteceu na Sociedade de Tipografia e Publicidade, Lda., de São Vicente. Enfim, eram letras da moda... Quanto à capa, é aqui do Pd'B. Vá, seus manhentos, arrepelem os cabelos por não terem uma igual...




quarta-feira, 14 de agosto de 2013

[0545] SEM PALAVRAS (ou quae...) VEJA AS PERGUNTAS NO TEXTO E NOS COMENTÁRIOS 4 E 5

Início da reprodução do n.º 1 do Boletim dos Alunos do Liceu Gil Eanes (Março de 1959), com as imagens e textos que reputamos mais significativos. O primeiro poema dos dois de hoje também é de Corsino Fortes.

Caro frequentador da Praia de Bote. Que acha do lettering do cabeçalho deste Boletim? Não lhe lembra nada?



Abílio Augusto Monteiro Duarte (16.02.1931 – 20.08.1996) foi um nacionalista cabo-verdiano e líder político nos primeiros anos da independência do país. Nascido na Praia, Abílio Duarte foi o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, entre 1975 e 1981, e também Presidente da Assembleia Nacional. Quem terá sido o "Fanha"?




terça-feira, 13 de agosto de 2013

[0544] Está tudo a regressar de Portugal a Cabo Verde... E nem sequer há cais acostável!...

... em Janeiro de 1933. Por outro lado, há estudantes do pré-Gil (ainda Liceu Infante D. Henrique) em trabalhos de angariação de dinheiros para a caixa Escolar do Liceu, com récita no Eden Park para o efeito.

— De regresso da Metrópole e passagem para a Praia, estiveram alguns dias no Mindelo, hóspedes do antigo senador Vera-Cruz, o sr. Antunes de Oliveira, sócio da casa Oliveira, Beirão & Cia., Lda., e Madame Antunes de Oliveira. O sr. Vera-Cruz, que guarda as tradições hospitaleiras da nossa província, reuniu num elegante jantar as pessoas das relações mais íntimas do sr. Antunes de Oliveira e de Madame Oliveira.

— Chegados de Portugal, regressaram a Santo Antão o sr. José da Costa Lejo, respeitável funcionário aduaneiro aposentado, e sua esposa, após uma cura de águas.

— Depois de permanecer algum tempo na Metrópole, de visita à sua família, voltou a esta cidade o sr. Maximiano José Afonso, um dos directores da firma Ferro & Cia. Lda.

— Chegou de Portugal, onde permaneceu em tratamento durante 16 meses, a menina Nair Augusta Guimarães Martins, gentil filha do sr. António Augusto Martins.

— Regressaram do Continente o sr. César Augusto Serradas, acompanhado dos seus filhos Augusto e Jorge e gentis filhas Adelaide e Oriza.

— Depois de algum tempo de demora na Metrópole, voltou a esta cidade a esposa do sr. Henrique Morazzo, D. Ernestina Neves Morazzo, acompanhada de sua filhinha Nita, restabelecidas dos seus incómodos.

— Regressaram de Portugal o sr. Joaquim da Silva Branco, sua esposa e filhos.

— Depois de algum tempo de ausência, voltou a esta cidade o sr. H. Kahn.

— Vieram passar, dois meses em S. Vicente, tendo regressado a Lisboa, os nossos conterrâneos srs. drs. Júlio Monteiro Júnior e António de Miranda, que respectiva e brilhantemente concluíram as suas formaturas em Direito e Medicina. Durante a sua estada entre nós foram organizadas várias recepções em sua homenagem.

— Um grupo de estudantes do Liceu Infante D. Henrique teve a generosa ideia de organizar no dia 10 deste mês uma récita a favor da Caixa Escolar do Liceu. A récita realizou-se no Eden Park.


[0543] Continuação da reportagem

Devido a factos que os nossos amigos e colaboradores mais chegados já conhecem, não foi possível cobrir o segundo dia de presença da Rádio de Cabo Verde na Cova da Piedade. Lamentamos o facto, mas com certeza outros eventos interessantes relacionados com Cabo Verde levaremos aos frequentadores desta praia.

sábado, 10 de agosto de 2013

[0542] No PRAIA DE BOTE, em primeira mão: hoje, na Cova da Piedade (Almada Portugal), Rádio de Cabo Verde em acção e em directo para todo o Mundo

Foto Joaquim Saial - Os preparativos da actividade
A interessante iniciativa passou-se entre as 16h00 e as 18h00, no jardim do Largo 5 de Outubro, na Cova da Piedade (Almada, Portugal) e teve excelente desenvolvimento. Presentes, vários jornalistas das ilhas (ou com elas relacionados), a Exma. Sr.ª Embaixadora da Cabo Verde, um vereador da Câmara Municipal de Almada, o presidente da Junta de Freguesia da Cova da Piedade, representantes da associação Crêtcheu (a mais antiga em Portugal e com sede na Cova da Piedade) e alguns músicos que abrilhantaram o directo de duas horas que teve a colaboração da RTP África.

Falou-se sobretudo dos cabo-verdianos residentes em Portugal e dos seus problemas, com interevenções ao vivo ou telefónicas em directo, um pouco prejudicadas em número devido ao facto de as três horas inicialmente previstas terem passado a apenas duas. Mas mesmo assim foram lembradas múltiplas questões que aos emigrantes dizem respeito e desfiaram-se memórias dos que para Portugal vieram procurar vida melhor - na Lisnave, por exemplo, a grande empresa de estaleiros hoje desaparecida nesta zona e apenas remanescente em Setúbal.

Amanhã, das 10h00 às 12h00, continuação deste trabalho de jornalistas cabo-verdianos que vieram até nós e da reportagem fotográfica do Praia de Bote.

Nota especial: o reencontro, após 50 anos, com um velho condiscípulo do Liceu Gil Eanes, António Roberto "Robirtim" Duarte de Almeida, que fazia parte do lote de comunicadores presentes. Uma alegria inesperada mas não admira, porque aqui no Pd'B coisas dessas acontecem a cada passo. 

E passemos às fotos...

Foto Joaquim Saial - A viatura de apoio da RTP

Foto Joaquim Saial - Ainda os preparativos

Foto Joaquim Saial - A chegada dos músicos e instrumentos

Foto Joaquim Saial - Os jornalistas (de azul, o o "Robirtim", nosso antigo colega do Gil)

Foto Joaquim Saial - Ao centro, a Dr. ª Madalena Neves, Exma. Embaixadora de Cabo Verde

Foto Joaquim Saial - A jornalista Otília Leitão

Foto Joaquim Saial - Os artistas em acção

Foto Joaquim Saial - Aspecto inicial do público

Foto Joaquim Saial - Ao centro, o presidente da Junta de Freguesia da Cova da Piedade

Foto Joaquim Saial - Contraluz da Exma. Embaixadora de Cabo Verde

Foto Joaquim Saial - Os entrevistadores

Foto Joaquim Saial - Otília Leitão sendo entrevistada

Foto Joaquim Saial - A Presidente da Associação Cabo-Verdiana do Seixal, Lídia Duarte