segunda-feira, 30 de junho de 2014

[948] Concurso n.º 20 do Praia de Bote (VEJA OS RESULTADOS NA SEGUNDA METADE DO POST)

Enquanto o dono da casa anda ocupado com um texto sobre deportados, aqui fica este presente para que os habituais frequentadores do Pd'B não chorem de tristeza e sôdade (ou mesmo cometam suicídio, atirando-se do nariz do Monte Cara ao mar). A imagem foi um pouco cortada, para dificultar a tarefa aos sequiosos de concursos.

Perguntas (é necessário acertar nas três, para obter um ramo de acácia):

1 - Qual a profissão/actividade destes três artolas?
2 - Em que local geográfico se encontram?
3 - Em que ano (aproximado, com erro possível de 20 anos para trás ou para diante) nos encontramos?


RESULTADOS DO CONCURSO N.º 20 DO Pd'B

Ora bem, parece que a coisa era difícil. Houve até habitués do concurso que não deram sinal de vida. Mas mesmo assim houve dois valorosos participantes que tentaram. E no tentar é que está a piada da coisa - no caso, os já internacionalmente famosos concursos do Pd'B  dos quais todas as televisões do planeta pretendem o exclusivo (mas nós mantemo-los aqui que "ess tchom é qu'é bom") e que desta feita celebravam a sua 20.ª edição.

A resposta  totalmente certa seria:

1 - Profissão/actividade: os três cabo-verdianos (teriam de ser dessa origem, pois não faria sentido serem de outro local, sendo o Pd'B o que é) eram pescadores de baleias 
Demos até uma pista ao dizermos que um colega deles tinha muitas tatuagens. Esse colega era a personagem de ficção Queequeg, o companheiro do capitão Ahab de "Moby Dick", famoso romance de Herman Melville. Por outro lado, vê-se na imagem um cabo e um mastro de navio...
2 - O local era New Bedford, Massachusetts.
3 - A data era 1887, o que permitia elasticidade até 1867 e 1907, contando 20 anos para trás ou para diante, margem possível de erro que demos.

Assim, parece-nos que o Valdemar merece pelo menos meio ramo de acácia (fica agora com 2 e 1/2), dado que acertou numa das perguntas e na outra andou perto, ao referir primeiro o estado do Alabama e depois aproximar-se com bem maior certeza, indicando Boston. O Tchenta só acertou na profissão, não tendo referido o local nem a data. Aqui fica a imagem completa, para os nossos amigos, com um braça de agradecimento aos que participaram.

Gravura feita a partir de fotografia

sábado, 28 de junho de 2014

[0947] Loja "Union Bazar", São Vicente de Cabo Verde, por volta de 1910, mais coisa, menos coisa

Ora aqui está mais uma África de importação... Um leopardo embalsamado, um crânio de elefante e figuras vivas que dão o tom ao postalinho - que outros se vêem nas vitrinas do desaparecido estabelecimento do Mindelo. O turista que chegava nos vapores queria uma África assim - que a dali era sem bicharocos perigosos, excepto as baratas que poisavam nas capelines das viajantes ou as cabras que se atiravam às suas saias, procurando roer a apetitosa musselina...


[0946] Teleféricos para Cabo Verde e túnel de 18km para São Vicente (São Vicente de Minas Gerais, Brasil, que julgava o leitor?). Nem mais!...

Ver AQUI teleférico

Ver AQUI túnel de São Vicente (MG), Brasil - Note-se que a distância é quase a mesma que a que separa Santo Antão de São Vicente, na República de Cabo Verde...
Brasão de São Vicente (MG), Brasil
Bandeira de São Vicente (MG), Brasil
Neste momento (11h51 de 28 de Junho de 2014) estão 5 cabo-verdianos a ver o Pd'B e desde a meia noite fomos visitados por 20. Se eles falassem, seria bem interessante.

[0945] Postais estranhos, misteriosos, destrambelhados e inacreditáveis sobre a ilha de São Vicente e sobre Cabo Verde (4/4)

Este é de todos os postais estranhos que temos mostrado (mostra que com o presente acaba) aquele que parece mais passível de ser de São Vicente. No entanto, configura-se algo esquisito e não se sente aqui o espírito das ilhas. São soldados em missa campal, junto a uma estrutura coberta por colmo que contrasta vivamente com as duas cadeiras, uma de tipo austríaco, a outra mais comum mas mesmo assim nada condicente com a palhota. O cura está protegido por um chapéu de sol e vislumbram-se pelo menos quatro militares brancos: dois ajoelhados, à esquerda e dois na mesma posição junto às cadeiras onde anteriormente estariam sentados, estes talvez oficiais. Mas onde a coisa falha é no facto de o soldado em primeiro plano do lado direito estar descalço. Nas outras fotos que temos na nossa colecção com militares africanos declaradamente cabo-verdianos (umas três ou quatro), todos estão calçados. Por outro lado, sendo São Vicente uma pequena ilha, não se percebe para que iriam os militares ter uma missa campal quando a cerimónia poderia decorrer perfeitamente na igreja de Nossa Senhora da Luz, alargando-se o palco em caso de grande aglomeração de tropas à Pracinha da Igreja. Não estamos mesmo nada a ver esta missa em São Vicente, mas nunca se sabe...


sexta-feira, 27 de junho de 2014

[0944] Postais estranhos, misteriosos, destrambelhados e inacreditáveis sobre a ilha de São Vicente e sobre Cabo Verde (3/4)

Mais uma imagem estranha e que quase garantidamente não parece nada ser de São Vicente de Cabo Verde. Inclusive reporta uma mulher com tronco desnudo o que no arquipélago não é conhecido nesta época. Há pelo menos dois brancos (missionários?) e um cipaio de espingarda ao ombro. Ao fundo, cubatas que não parecem ser funcos das nossas ilhas. Enfim, mais uma imagem misteriosamente misteriosa. De onde? De onde? E ainda por cima aqui "São Vicente" em português e "Native Costumes" em óbvio inglês...




[0943] Postais estranhos, misteriosos, destrambelhados e inacreditáveis sobre a ilha de São Vicente e sobre Cabo Verde (2/4)

O blogue parceiro Arrozcatum já tinha publicado um destes postais mas dentro do âmbito do post anterior do Pd'B resolvemos republicá-lo, com as diversas versões que possuímos. Mais uma vez, não há dúvida de que o encomendador é a sociedade Bonucci & Frusoni, proprietária do Bazar Central, no Mindelo. Quanto à geografia dos postais, só poderá ser decifrada por quem conheça este tipo de armas e vestuário gentílico. São apenas duas fotografias, embora tenha havido evolução do preto e branco para a imagem colorida (melhor dizendo, pintada). Há também uma ligeira nuance de "Costumes" para "Tipo indigeno" (assim mesmo, "indigeno"). Percebe-se que há uma matriz fotográfica sem legendas - as quais iam sendo colocadas ao sabor das necessidades. Mesmo nos primeiros dois que vemos, idêntica foto mas primeiro a preto e branco e depois colorida, as palavras "São Vicente" e "Costumes" foram colocadas em alturas diferentes (não estão nos mesmos sítios). Quanto às armas, sobressaem as lanças, uma de ponta dupla (própria para caçar cagarras no djéu...). E se em alguns postais só surge São Vicente como identificação, num deles a legenda é explícita com um "S. Viçente, Cabo Verde", com o "Viçente" cedilhado que surge em muitos outros que já mostrámos e que não podem ser confundidos com o São Vicente ou com o Cabo Verde brasileiros, onde estas figuras "para turista" também não têm cabimento, nem no século XIX nem no XX. Finalizando lembramos que João Loureiro, no seu livro "Postais Antigos de Cabo Verde" não publica este postal que certamente teria na sua vasta colecção.







quinta-feira, 26 de junho de 2014

[0942] Postais estranhos, misteriosos, destrambelhados e inacreditáveis sobre a ilha de São Vicente e sobre Cabo Verde (1/4)

O postalinho é ou dos finais do século XIX ou mais provavelmente dos inícios do XX. Não há dúvida de que foi editado no Mindelo (ou noutro sítio mas mandado fazer ali), pelo Bazar Central do Bonucci e do Frusoni. Mostra um conjunto de quatro civis europeus armados de carabina  e quatro africanos com trajes que não se usavam em Cabo Verde nesta época. A legenda diz que os de cima eram prisioneiros de guerra, pelo que os de baixo seriam os seus carcereiros (à civil?). Muito bem, quanto ao "prisioneiros de guerra". Sabemos que os houve, idos para o arquipélago, vindos da Guiné e eventualmente de outras colónias portuguesas onde eram frequentes as revoltas contra a administração lusa. Disso mesmo falamos em artigo recente que está para sair em breve em jornal das ilhas. Contudo, a foto não parece mesmo nada de São Vicente. O monte é quase certo que é uma colónia de térmitas, os europeus estão bem tranquilos (e à civil, o que ainda é mais estranho) e sem medo dos tais prisioneiros que lhes poderiam cair em cima em três tempos e dominá-los, apesar das espingardas. Gente de interesses venatórios, caçadores e seus guias locais, com cenário talvez situado em Angola ou outra geografia africana que não a da ilha do Monte Cara? Mistério, mistério... e grande! Que o desvendem os nossos amigos íncolas... se forem capazes.


segunda-feira, 23 de junho de 2014

[0940] Drama técnico amarantino (Grémio Desportivo Amarante)

Agora que o Pd'B, satisfeito por ter colocado na Internet os emblemas de vários clubes são-vicentinos os ia arquivar (porque aqui guarda-se tudo, hábito de historiador), demos com um estranho, complicado, intrincado, inesperado e portanto dramático problema técnico-iconográfico... É que no emblema do Amarante enviado pelo Zeca Soares a flâmula com a frase "Sempre à frente" sobe da esquerda para a direita e no da foto de Valdir Brito desce da esquerda para a direita. Em que ficamos, portanto? Aqui temos um caso muitííísssssimooooooooo mais polémico que o da origem da rotcha scribida ou de o Monte Cara ser a de Napoleão, Washington ou a de Djosa de nha Bia. Quem resolve este aparentemente insolúvel problema? De resto, Vivaaaaa o Amaranteeeeee!!!!!






[0939] Maria de Lourdes Chantre continua "a fazer das suas"... na cozinha cabo-verdiana

Ver AQUI

Foto Joaquim Saial

[0938] Mais uma foto da visita de Costa Gomes a São Vicente, em 1958

Com pequenas adaptações reproduzimos o texto do mais recente concurso do Pd'B, para ilustrar mais uma foto encontrada, relacionada com ele.

A pessoa que sai do avião dos TACV era o então subsecretário de Estado do Exército, Francisco Costa Gomes. Silvino Silvério Marques era então o Governador de Cabo Verde(1958-1962). As três fotos são da chegada de Costa Gomes ao aeroporto de São Pedro e ao Palácio do Governo (hoje do Povo). O governante andava em visita a Angola, Guiné, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Foi depois dessa viagem que decidiu criar uma tropa especial anti-guerrilha, a Companhia de Caçadores de Lamego. Em 1961, devido ao seu envolvimento no chamado golpe Botelho Moniz, seria afastado e enviado para o quartel de Beja... Acabou por ser o último Presidente da República dos cabo-verdianos, antes da independência.

Chegada ao aeroporto de São Pedro (hoje de Cesária Évora)

Atravessando o espaço ajardinado que antecede o edifício do Palácio do Governo

A foto nova, que regista a entrada no Palácio do Governo no Mindelo.

domingo, 22 de junho de 2014

[0937] Vive le Mindelo, vive Paris, vive la France!... - veja também (e comente) o recente post anterior

Maurice (que estava no Mindelo, talvez a bordo de um paquebot, sabe-se lá...) comprou o postal editado por Giuseppe Frusoni com a Pracinha da Igreja na frente ("Praçinha", lá se lê), registou no verso a data de 24 de Julho (de 1909), disse um "Até breve!", enviou a sua amizade, assinou e meteu-o no correio para... Mademoiselle Gény, no 46 do Boulevard de Montparnasse, Paris. Hoje está lá o estaminé de comes e bebes "Les Zazous" nome que expressa uma certa subcultura dos tempos da II Guerra Mundial, de gente com roupas fora do comum e amiga do jazz. O postal foi carimbado nos Correios de São Vicente a 25 e a 8 do mês seguinte estava em Lisboa. Gény tê-lo-á recebido na cidade-luz lá para meados de Agosto. Terá suspirado?...




[0936] Ingleses que tentam falar crioulo (ou que imitam crioulos a falar inglês) nunca a fazem boa...

A cena está na nossa memória colectiva de Mindelenses ou aderentes: paquetes que chegavam ao Mindelo e desembarcavam os passageiros em botes ou gasolinas que depois atracavam ao cais da Alfândega (mesmo já com o cais acostável pronto, pois no da Alfandega ficavam logo na morada e o Blá não tinha capacidade de transporte rápido de tanta gente na sua carrinha). Os turistas atiravam moedas ao mar e miúdos mergulhavam em demanda delas. Uma festa, nesses dias e uma cachupa melhorada eram os resultados da coisa. Há até um sujeito nosso conhecido que utilizou o assunto num livro seu:

(...) Ao princípio da tarde, vimos a primeira lancha. Um oficial e três marinheiros, irrepreensivelmente fardados, constituíam a tripulação do barco que transportava cerca de três dezenas de passageiros. Pouco antes da atracadura, com o à-vontade de quem estava habituado a andanças daquele tipo, alguns começaram a arremessar moedas ao mar, na mira de que os muitos miúdos dependurados nas protecções que bordejavam o cais se atirassem à água. Estes, não se fizeram rogados. Bons nadadores, quase todos, era para eles empresa de pouca monta descer os escassos metros que separavam a superfície do fundo, que a forte luz do sol e a limpidez do oceano permitiam ver com clareza. O brilho do metal atiçava-lhes o desejo, e a competição gerava remoinhos e salpicos que obrigaram algumas misses mais idosas a levantar-se dos bancos cobertos de sarja azul para se chegarem até ao compartimento do motor, onde se sentiam protegidas da chuva que os mergulhos e a luta pelos pence provocavam. O Nhelas foi um dos primeiros a atirar-se. Deu-me a roupa a guardar e, em cuecas, deixou-se cair na água. Catch the coin, boy, catch the coin!, dizia-lhe um gordíssimo inglês. De capacete colonial, calções e camisa cremes, meias do estilo até ao joelho e sandálias, o homem debruçava-se todo da amurada, tentando ver da melhor maneira aquela dúzia de peixes humanos que se digladiavam na obtenção das migalhas metálicas que lhes iam sendo lançadas. Take care, Ross!, avisava a também carnuda esposa, dificilmente enfiada num vestido cor-de-rosa cheio de folhos, nariz muito vermelho, larga capeline na cabeça. Porém, sem lhe ligar, e com a atracação eminente, mister Ross insistia, de carteira em riste, distribuindo mais alguns óbolos. Nisto, um abrupto solavanco, motivado pela acostagem da lancha ao cais, projectou-o ao mar. (...)

Mas também houve uma empresa inglesa de postais que aproveitou uma foto com esta temática para lhe colocar um criolês, ou seja, um crioulo inglês... Chamo a atenção em especial para "water" que no postal passa a "whartur" e no "Verdes" que habitualmente é "Verde (Cape Verde). Estamos mais ou menos no início do século XX. "Me go! Me fetch!" Estes ingleses, estes ingleses...


sábado, 21 de junho de 2014

[0935] Regionalização em forma de livro


[0934] Post precioso sobre clubes Amarante, Castilho e Derby de São Vicente

Zeca Soares
Nota prévia: o Pd'B agradece vivamente ao seu colaborador Zeca Soares o trabalho que teve para que este simples mas muito especial post seja agora possível. Afinal, ainda há UM mindelense residente que se interessa pela cidade e pelas suas coisas - e as divulga. Outros também dela gostarão, supomos que muitos, mas estão adormecidos. Eis pois as palavras e as imagens que o nosso amigo nos ofereceu.

Aqui estão as emblemas originais do Grémio Desportivo Amarante, do Grémio Sportivo Castilho, e do Futebol Clube Derby. É de realçar o trabalho artesanal da Águia e a Bola do emblema do Amarante, que é um esculpido em madeira,  muito valorizado em São Vicente. Fiquei surpreendido com o emblema do Castilho, um excelente trabalho que deve ser da época da construção da sede, uma vez que ela é pintada, imagina no tecto; (foto sem legenda). Quanto ao Derby, o original que tinha o "leopardo", se não me engano já não existe, pois ela agora é filho dum "dragão". Agora compreendo o porque que o Mindelense sempre preferiu manter o seu "leão". O símbolo que marca o nascimento de um clube deve prevalecer tanto quanto possível pois faz parte da sua história.    




As palavras na flâmula que envolve o dragão são "Mindelo / Cidade / Morabeza"

quinta-feira, 19 de junho de 2014

[0933] E como hoje é dia de reis e como Cabo Verde já foi território de reis...

Reis de Portugal nunca estiveram nas ilhas, mas esteve um Príncipe Real, Luís Filipe, que morreu antes de ter tempo para o ser...


[0932] E aqui está a última imagem da série. Muito conhecida, mas com título em inglês sabe melhor



[0931] Câmara Municipal (perdão Town Hall) de São Vicente, sem palavras mas com coreto e tudo



[0930] Mais São Vicente sem palavras (por curiosidade, neste momento há 5 pessoas em Cabo Verde a observar o Pd'B)



[0929] Agora é que é mesmo SEM palavras



[0928] Continuação (numa aberta temporal que deixou espaço para mais um post sem palavras... ou quase)


Primeiro de três monumentos a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, no Mindelo - Conhecido (enquanto durou) como "Padrão da Pontinha"