quarta-feira, 12 de outubro de 2011

[0129] Terá a noiva sujado o seu vestido branco no pó do carvão? Ou de como os ingleses também "adquiriam" gente da terra

(clique na imagem)
A coisa foi feita à moda da época. Alguém de importância, por conta do noivo, pediu a mão da noiva, menina da burguesia comercial mindelense, com a poderosa carvoeira inglesa Miller's & Cory como cenário - o que dava acrescida importância ao acto. E bifes, pelo meio, obviamente. Um "bife" querer uma local (ainda que da classe alta), era algo raro. Nunca foram muito dessas avarias os rapazes da britânica ilha, mais de apetites por carne nacional que não poucas vezes importavam para as suas colónias ou para outros lugares onde assentavam arraiais, como aqui. Ao contrário dos portugueses que nunca foram desses preconceitos e bastante se misturaram, originando excelentes produções genéticas...

Aqui fica então esta notícia (de Dezembro de 1932, mas só publicada em Janeiro de 1933), bem demonstrativa de que todas as regras têm excepção. Esperemos que a lua-de-mel em Cardiff tenha sido bem agradável. Pena nem ali o par se ter escapado ao carvão, produto mais abundante na época nessa cidade. Má escolha, má escolha...

13 comentários:

  1. Mas este casamento misto entre britânicos e locais não foi caso único, tanto quanto sei. A morabeza das ilhas tinha o condão de dulcificar os corações, trancando preconceitos de qualquer espécie. Pena é não estar visível o ano em que aconteceu este consórcio.

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  2. Obrigado pela chamada de atenção. Já lá está a data: estávamos em Dezembro de 1932, mas a notícia saiu em Janeiro de 1933.

    Quanto ao resto, acredito que sim, mas as noivas deviam ser sempre clarinhas...

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  3. Faz bem relembrar a figura de um dos mais simpáticos ingleses que passaram pela ilha de S.Vicente. Até uma determinada altura poucos eram os que procuravam os nativos e nem sequer ousavam convida-los a um jogo de golfe, preferindo estar entre eles no espaço próprio situado na Ribeira de Vinha (junto à Ribeira de Julião). Mr. Harris, o simpático gordo, era um dos que não tinha qualquer preconceito e até falava o crioulo vicentino com muita perfeição, como qualquer um de nós.
    A esposa Sara Feijoo era uma simpatia de mulher que conheci por ser afim à minha família paterna bravense.
    Outro inglês muito popular foi Mr. Allerton da mesma companhia que Mr. Harris, ali na Rua da Praia de Bote

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  4. Sara era prima direita de minha sogra D.Maria José Feijóo Leitão...Mr. Harris, vermelhinho como uma maçã Starking, passava algumas manhãs no Bar Restaurante que meu teve, onde hoje acho que ainda é a Farmácia do Leão. Era o Bar-Restaurante Atlas, com letreiro luminoso e tudo, e o Snr.Harris, entre um e outro "gin & tonic" lá me ía ensinando a minhas primeiras palavras em inglês, lições que mais tarde haveriam de continuar com outro inglês gordinho, o Mr, Windows...Long time ago!
    Zito Azevedo

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  5. Fala quem sabe! E quem sabe, sabe.
    O PRAIA DE BOTE anda a desenterrar pacientemente, dia após dia (literalmente) um Cabo Verde esquecido que terá impressão papeleira lá para 2012, 2013. Cheio de coisas boas e más, que a vida é feita de ambas. Isto aqui são apenas amostras... boas amostras de facto. E com a colaboração dos nossos amigos, passam a ser jóias da memória das nossas ilhas.

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  6. Obrigado ao trio de cima. Tudo muito boas colaborações.

    Grande abraço para todos

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  7. Fico contente de ver o Praia de Bote finalmente livre do mau olhado que apagava os textos dos comentários e impedia, portanto, a intervenção. É claro que passei a copiar antes de meter os textos, como o Joaquim recomendou, mas como o mau olhado estava "cangóde" no blogue, nada adiantava porque o apagão acontecia vezes sucessivas ad infinitum. Eu ainda estou por saber a razão.

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  8. Casaram em 1933 ... que a minha mãe, fruto desse casamento nasceu em Janeiro de 1934!! O meu avô Daddy (para nós), como atrás disseram, era um bem disposto com um enorme prazer em viver e em partilhar com os outros, de preferência acompanhado de um gin ou um brandy. Ensinou-me uma infinidade de coisas maravilhosas. E a minha avó Sara, transmitiu-me a paixão por S. Vicente e fez com que compreendesse um pouco de crioulo.
    Obrigada por ter publicado este anúncio. Adorámos .. e chorámos de emoção
    Paula Myre Dores

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  9. Foi um enorme prazer ler o seu comentário, cara Paula. Digamos que o PRAIA DE BOTE se sente recompensado pelo esforço e assim ganha mais energias para continuar.
    Um abraço,
    Joaquim Saial

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  10. Venho agradecer e informar que fiquei muito emocionado ao ver a vossa publicação no "Praia de Bote" do anúncio do casamento do meu pai Vivian John Harries com a minha mãe Sara Feijóo Harries. Pelo que eu sei eles eram um casal muito divertido e nos anos 30 / 40 criaram grandes laços de amizade em S. Vicente,ilha na qual tenho o orgulho de ter nascido. Um abraço e votos de muito sucesso com o "Praia do Bote".
    Clive Harries

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  11. Caros Paula e Clive:
    terei muito gosto em lhes oferecer a página de jornal onde está a notícia, se me indicarem o vosso e-mail.
    Aqui o do PRAIA DE BOTE é
    mindelosempre@gmail.com

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  12. Caro Joaquim Saial,
    Agradeço desde já a sua oferta da página de jornal onde está a notícia. O meu e-mail é
    cliveharries@live.com.pt
    Gostaria de prestar o seguinte esclarecimento:
    o meu pai Vivian John Harries era cidadão britânico mas não INGLÊS como muitos diziam. Ele nasceu em Cardiff, Wales (País de Gales)em 1901, portanto ele era GALÊS. Aproveito para informar que além de ser o gerente da Millers & Corys o meu pai era também Vice-Consul da Suécia, Holanda e Bélgica em S. Vicente.
    Um abraço
    Clive Feijóo Harries

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  13. Meu Caro Clive:
    Muito obrigado por todas as suas informações.
    Apareça sempre que tiver tempo. Será bem-vindo.
    Um abraço,
    Joaquim Saial

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