sexta-feira, 15 de novembro de 2013

[0623] Última hora e supomos que primeira mão: aprovada ontem moção de apoio à candidatura da "morna" a Património Imaterial da Humanidade (UNESCO) pela Assembleia Municipal de Almada - Portugal

Saudação / moção de apoio à candidatura da Morna a Património Imaterial da Humanidade

Cesária Évora
A morna é um género musical de Cabo Verde, tradicionalmente tocado com instrumentos acústicos e aquele que também melhor reflecte a realidade insular do povo, o romantismo dos seus trovadores e o amor que os cabo-verdianos nutrem pela sua terra.

Nesse sentido, trata-se de um símbolo verdadeiramente nacional, tal como outros géneros o são para os respectivos países, sendo, por isso, o único género que consegue ser transversal a todos os grupos etários da população local e um dos traços mais identificáveis de Cabo Verde, podendo mesmo afirmar-se que possui um carácter singular. 

Produto das migrações humanas que começaram no séc. XV e das culturas europeias, africanas e brasileiras, tornou-se em poucos anos (devido ao génio criativo cabo-verdiano de saber adaptar à sua índole o que chega às ilhas), numa forma musical única, sobretudo devido ao ritmo notavelmente sincopado, ao elegante evoluir melódico, à sua riqueza poética, e diga-se, a uma maneira de estar no mundo através da expressão musical.

Expressão intrinsecamente ligada ao povo deste arquipélago, situado no meio do atlântico, a morna é uma música bastante antiga e faz parte da idiossincrasia cabo-verdiana (tendo em Cesária Évora, Bana, Titina, Celina Pereira, Ildo Lobo e Tito Paris, alguns dos seus mais recentes e destacados intérpretes), assume-se como um dos traços identitários daquele país de língua oficial portuguesa, reflectindo a alma e o sentimento do povo daquele país, à semelhança do que sucede com o fado, o tango, a salsa ou o flamenco, nos casos de Portugal, Argentina, Cuba e Espanha.

Titina
O Governo de Cabo Verde aprovou, a 12 de Dezembro de 2012, uma resolução que classifica a "morna" como Património Histórico e Cultural Nacional, primeiro passo para tornar o principal género musical cabo-verdiano como Património Imaterial da Humanidade, ante a importância histórica e cultural que possui na vida dos cidadãos naturais daquele país.

A decisão constituiu o início de um projecto tendente à preparação de um dossiê a submeter à apreciação da UNESCO, o qual está a ser elaborado por uma comissão criada para o efeito, prevendo-se a formalização da referida candidatura no decurso de 2014.

Assim, ciente da importância histórica, social e cultural que a Morna tem para o povo cabo-verdiano e a relevância artística que a mesma assume no contexto da preservação da memória e identidade de um povo ao qual nos unem fortes laços de amizade;

Atenta à vocação universalista das gentes de Almada e ao papel que a comunidade cabo-verdiana aqui radicada teve na criação da identidade multicultural que o concelho hoje possui, assim como a inestimável contribuição que ao longo de várias décadas tem prestado ao desenvolvimento concelhio, a Assembleia Municipal de Almada reunida a 14 de Novembro de 2013 delibera:

Bana
1 - Congratular-se com a decisão do Governo de Cabo Verde de candidatar a Morna a Património Imaterial da Humanidade.

2 - Saudar todos os agentes culturais e sociais envolvidos nesta candidatura e manifestar o seu desejo de que tal processo venha a merecer o veredicto favorável da UNESCO.

3 - Felicitar todos os cabo-verdianos residentes no concelho e as suas instituições associativas envolvidas neste processo, expressando, deste modo, o apoio do Município de Almada à referida candidatura, por entender que a mesma veicula princípios e valores que sendo identitários dos cidadãos cabo-verdianos, também o são da população almadense.
                                                                     Almada, 14 de Novembro de 2013
                    A Bancada do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Almada

Enviar este documento a:

Embaixada de Cabo Verde em Portugal
Comunidade de Povos de Língua Portuguesa
UCLA União das Cidades de Língua Portuguesa
Presidência da Assembleia da República
Grupos Parlamentares
Presidência da República
Secretário de Estado da Cultura
Ministério dos Negócios Estrangeiros
Órgãos de Informação

É com muito orgulho e gosto que Praia de Bote divulga esta moção que, sendo apresentada por apenas um partido, foi ontem aprovada por unanimidade na 1.ª sessão da nova Assembleia Municipal de Almada surgida das recentes eleições autárquicas portuguesas e única que teve o apoio geral entre as 18 levadas à mesa. Passou assim a ser assumida oficialmente pelo órgão autárquico, com as consequências que daí se podem tirar. Não é em vão que no concelho de Almada vivem milhares de cabo-verdianos e... aqui se situa a sede do PRAIA DE BOTE. Não podemos no entanto esquecer a importância decisiva da acção que o nosso amigo poeta e jornalista Fernando Fitas (companheiro na homenagem recente feita na Cova da Piedade - Almada a Jorge Barbosa) teve no lançamento da moção, sobretudo não sendo ele membro do partido que a apresentou.

6 comentários:

  1. Feliz iniciativa que cai no profundo dos corações cabo-verdianos e que jamais serà esquecido.
    Obrigado ao Minicipio de Almada
    Obrigado ao Bloco de Esquerda
    Obrigado Praia de Bote e o seu Gerente Dr. Joaquim Saial, filho adoptivo de Cabo Verde

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    1. O Praia de Bote divulga, porque está sempre atento, mas o maior mérito está no jornalista e poeta Fernando Fitas que já se está a tornar um cabo-verdiano à distância. Ele teve importância determinante na homenagem a Jorge Barbosa e na apresentação desta moção.

      Braça ao maior fornecedor de pêxe/poisson do Praia de Bote,
      Djack

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    2. Alors,
      Un très grand MERCI ao jornalista Fernando Fitas
      V/

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  2. Em tempos manifestei a dúvida sobre o que regula ou enforma o conceito de patrimônio da humanidade e perguntava até onde pode ir a alça ou critério a usar para sua atribuição. Eu vinha o caso de saber se haveria razão para considerar a morna um patrimônio dessa categoria, já que poder-se-ia cair no risco da banalização do critério. Como primo pela coerência, não podia deixar de lembrar esse faço. Agora não importa isso. Senme feliz se a morna, que todos adoramos, vier a merecer essa consideração. Assim, quero agradecer a todos os que se empenharam nesse sentido, em especial a Câmara de Almada, já que

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  3. Estou fora de casa e uso um IPad para responder, com inúmeras dificuldades, como podem verificar pelo comentário que saiu antes do tempo devido e cheio de erros. Sem já poder corrigir os erros, quero apenas encerrar, elogiando a Camara de Almada pela sua iniciativa, com destaque para o partido proponente, já que ela revela uma visão multicultural do mundo, aquela por que passará a harmonia e a felicidade entre os povos.

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  4. Caros amigos felicito esta manifestação de carinho da parte da CM de Almada. Estou convencido que a morna deve ser protegida da sua descaracterização trabalhada e aperfeiçoada para que ela seja um ritmo apreciado por vários povos. Cesária contribuiu para a sua internacionalização. Para ser coerente também com a minha posição anterior tive e tenho dúvidas se a morna é património mundial pois não sei em quais são os critérios para esta classificação. O que eu sei é que é Património Cabo-Verdiano de maior importância é a trave mestra da sua identidade

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