O "Saturnia" |
Eis um dos navios que faziam concorrência aos veleiros americanos e cabo-verdianos da chamada "Carreira de Cabo Verde", motivo de vários textos que temos escrito para o jornal "Terra Nova" e que tal como outros, ainda inéditos, estão a ser preparados para sair em livro. Custava a viagem 130 dólares, em 3.ª classe, num percurso que assim levava apenas doze dias, ao invés de cerca de um mês, mais ou menos, que os veleiros conseguiam fazer.
O "Saturnia" foi construído em Triestino, Monfalcone, Itália, em 1927. Tinha 181,58 metros de comprimento e 24,31 de largura, dois motores diesel e atingia uma velocidade de serviço de 21,5 nós. Podia transportar 1775 passageiros: 305 em 1.ª classe, 460 em 2.ª, 310 em intermédia (seja lá isso o que for, talvez classe turística) e 700 em 3.ª. Construído para a Cosulich Line, de bandeira italiana, destinava-se ao transporte de passageiros e carga. Apreendido pelos EUA, tomou bandeira americana em 1943 e foi renomeado como "Frances Y. Slanger", para serviço de transporte. Terminada a II Guerra Mundial, voltou à Cosulich Line em 1947, de novo com bandeira italiana, e retomou o nome de "Saturnia". Foi desmantelado nos estaleiros de La Spezia, em 1965.
Fica um elucidativo filme, para se penetrar um pouco na vida a bordo deste navio que foi usado por cabo-verdianos mais endinheirados que os que apenas podiam pagar a longa, penosa e perigosa viagem que o "Ernestina" e muitos outros (vários deles naufragados) também faziam. Quanto o Guilherme M. Luiz, era um açoriano de Angra do Heroísmo que se estabeleceu com sucesso em New Bedford, EUA em 1891. Ali fundou o jornal "A alvorada" e se dedicou a negócios como o desta agência de viagens.
Ê preciso ter a aventura no sangue para viajar durante um mês nos barquinhos. Mas, quantas pessoas fizeram (e conseguiram) esta viagem?
ResponderEliminarNunca ouvira falar de "paquetes" como o "Saturnia" nesta linha.
Braça ao PdB
Desconhecia o nome deste paquete. Imaginem agora a diferença entre viajar em cada uma das condições oferecidas. Ah dinheiro! dizem que não és tudo mas dás um jeitão!
ResponderEliminarOutros houve, Val e Adriano, que transportaram cabo-verdianos da América, a caminho da terra (por vezes o transbordo, como neste caso, era feito em Lisboa). Estou a lembrar-me, assim de repente, por exemplo, do "Asia" e do "Roma", da Fabre Line. Só que em geral os passageiros de origem verdiana iam em 3.ª classe, a mais comportável para os seus bolsos. Claro que a viagem em veleiro era muitíssimo mais barata mas também mais lenta e perigosa...
ResponderEliminarBraça de terceira,
Djack
Ainda acerca da 3.ª classe, não sei se repararam que o único preço exibido no anúncio é precisamente o dessa classe. A agência sabia que era ela a mais apetecida ao orçamento dos clientes verdianos...
ResponderEliminarBraça com alguns dólares mas não tantos assim para desperdiçar - que mais falta faziam para pagar a construção da casinha da reforma no Monte Sossego ou na morada...
Djack
Djack, não sei se o filme está a funcionar. Tentei mas não consegui abri-lo.
ResponderEliminarMesmo viajando na 3ª classe, para as gentes da terra no trajecto migratório aquilo já era um luxo.
Caro Adriano,
ResponderEliminarAbri o filme agora mesmo, com toda a facilidade, logo à primeira. Deve ser problema aí do teu computador.
Braça em funcionamento,
Djack
Djack, abri de novo o filme e agora deu música mas a imagem não se mexeu. O meu computador é um portátil novo e dos melhores. Se calhar tenho que permitir alguma janela pop, mas acho estranho porque costumo abrir tudo.
ResponderEliminarÉ pena, porque até à data ninguém mais se queixou e aqui no meu tudo funciona: a música de piano e a imagem, sem problemas. Às tantas, com a ventania do Mindelo entrou alguma areia da Lajinha aí para dentro, através da drive da pen ou coisa parecida. É ires tentando, pois infelizmente não sei como resolver o problema.
ResponderEliminarBraça com pena,
Djack