domingo, 7 de setembro de 2014

[1073] Duas fotografias, enviadas pelo nosso colaborador Valdemar Pereira, feitas durante os dias que passou recentemente em Roterdão, Holanda

A primeira é uma imagem da Pracinha d'Quêbrod (em Heemraadsplein). Era ali que se encontravam os cabo-verdianos chegados à cidade, em procura de melhor vida. "Quêbrod" (felizmente ali escrito em língua de gente e não em alupek) quer dizer teso, liso, sem dinheiro, coisa que de facto eles não tinham. E parece que ainda é sítio de encontros e divertimento cabo-verdianos, como podemos ver AQUI e AQUI nestes filmes que supomos se referem à passagem do ano de 2012 para 2013 (no segundo, também angolanos, em confraternização lusófona sabe). 

Quanto à senhora na imagem, o Valdemar deve ter algo a dizer. 

Juntamos ainda uma planta do local, para se ver que não se trata de nenhum antro de periferia. Honra aos holandeses locais, por isso. E AQUI fica também um historial mais desenvolvido feito há tempos no blogue irmão "Esquina do Tempo", pelo Luiz Silva.


A segunda fotografia é de uma senhora de Santo Antão, residente em São Vicente, mas de "férias prolongadas" em Roterdão. Quando o Valdemar lhe perguntou que tabaco usava no canhote, ela retorquiu que era "monftchóde" importado da terra...

Ainda há tradições que são o que eram
Mulher fumando cachimbo (canhote), c. meados do séc. XX
Fumando canhote, em São Vicente



8 comentários:

  1. Se soubesse do excelente artigo do Luiz (na "Esquina do Tempo" - 2011) não teria aparecido com a imagem da Pracinha d'Quebrode. Mas serve para uma homenagem a uma Senhora santantonense que não é "quedrode" em nada; foi para Roterdão como todos os conterrâneos, trabalhou, teve dois filhos que educou e é um exemplo na Comunidade pela sua gentileza e morabeza.

    Quanto à senhora do canhote, foi um problema para a fotografar (deduz-se pela cara que faz). Não queria mas là a convenceram que passaria para a posteridade pois a foto era para imortalizar essa geração que fumava o seu monftchode.
    Obrigado às patricias que serviram de modelo, Obrigado ao "Praia de Bote" e aos que se interessarem pelo blog e nossas estorinhas bem castiças.
    Braça pa tude gente
    V/

    P.S. - A quem nunca visitou a real terra holandesa recomendou a veja, se possivel, de bicicleta.

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  2. A passagem do Valdemar por Rotterdam foi assim como que um sonho, de tao rapido que foi. Nao consegui ve-lo pessoalmente mas falamos por telefone, o que ja e qualquer coisa. Praia de Bote semp na coracon. Braca pa tude gente e mantenhas para o seu criador.
    Nita Ferreira

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  3. Milagreeeeeeeeeeeeeeeeee!!!
    A Nita reapareceu. Esperemos que continue connosco, pois é muito bem-vinda!.

    Braça ta tcherá monftchóde,
    Djack

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  4. O 'canhote' era mesmo tradição, nomeadamente em S. Antão S. Nicolau. Ainda me lembro de ver senhoras de 'uma certa idade' sentadas em frente às portas a tirar 'honradamente' o seu fumo

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  5. Um artigo interessante e que demonstra que o hábito tabágico, no caso, fumar o canhoto das nossas mulheres vem de longe...

    Na ilha do Fogo, as mulheres mais velhas, (recordação da minha infância) fumavam o seu canhoto diariamente. Normalmente após o almoço, e muitas no recato das suas cozinhas. Outras, faziam-no às claras. Tudo seguindo e dependendo da educação, posicionamento social e da limitação de liberdade que cada classe social foguense atribuía às suas mulheres. Mas o traço era comum: todas (as fumadoras) comungavam o gosto e desfrutavam do seu canhoto.

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  6. Aqui o decano se lembra - perfeitamente - deste "acto social" por seguir pessoa de familia que ia ao encontro da sua comadre para tirarem um fumo juntos. Era como um ritual.
    Depois dos cumprimentos da praxe, saiam, cada uma, o seu canhote da "julbera" (confeccionada ad hoc) na qual punham também o tabaco, as chaves e as moedas, cada um no seu lugar.
    Mais tarde vi que as mesmas (julberas) se vendiam à porta dos mercados (de pexe e de virdura) por dez tostões as pequenas e quinze as grandes. Isso ficou registado na minha memôria e ainda vão colorindo minhas noites de insônia.
    V/
    P.S. - Saùdo aqui, além dos meus amigos, uma pessoa por quem nutro muita admiração: - Dr. Ondina Ferreira

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  7. O Val deu grande contributo para este interessante post. Lembro-me muito bem das mulheres de canhote. Era uma inocente compensação que as pobres mulheres tinham do jugo masculino. Mas nas minhas últimas visitas a Cabo Verde, não me lembro de ver este quadro, pelo que é com grande surpresa que vejo esta senhora a tirar a sua fumaça na tchon de Holanda.

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  8. É com imensa nostalgia que recordo os canhote de rojo d'espiga de midge e pipeta de cana de carice...Alguns eram verdadeiras obras de arte...
    Desculpem se os nomes em crioulo não estiverem a 100%...Qualquer correcção será bem-vinda!
    Braça q'chêr de tabac'
    Zito

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