domingo, 7 de setembro de 2014

[1075] É a guerra, é a guerra!!!

A guerra começou para Portugal muito antes da data mais falada, porque oficial, de meados da mesma. Ou seja, desde 1914 havia em Angola uma força expedicionária de 1600 homens e em Moçambique outra de pouco mais de 1500, ambas posteriormente ampliadas. Para o nosso caso não interessa falar delas e das suas lutas contra os alemães, com muita mortandade, em parte substancial por doença.

Chegado Fevereiro de 1916, a aliada Grã Bretanha solicita a Portugal que se apodere de todos os navios germânicos fundeados ou atracados nos nossos portos e Portugal executa o pedido à risca, apresando 36 em Lisboa (35 alemães e um austro-húngaro) e outros tantos nas colónias, sendo que foram 8 os que viram a sua bandeira ser arreada em São Vicente de Cabo Verde e substituída pela nacional... Na açoriana Horta foram dois, um deles a futura "Sagres" (hoje dita "velha", como ainda é chamada entre os marinheiros da Armada), onde o pai do proprietário deste blogue navegou por longos 14 anos e o filho muito saltitou por entre cabos, velas, malaguetas e mastros em dias de serviço do progenitor. Bem se recorda ele que numa festa de Natal, com a barca atracada ao cais do Poço do Bispo (Lisboa), ganhou uma bela pistola de "prata" muito superior à do Billy the Kid...

Ora em duas penadas, que isto de blogues não quer longos lençóis escritos, eis-nos na nossa ilha, calmamente sentados num botequim da Praia de Bote, grogue na mão, a darmos conta da azáfama desse dia, no vai-vem de marinheiros da Capitania (ainda a velha, anterior à da Torre de Belém, em pequeno prédio da Rua de Praia) e os de alguma canhoneira em comissão no Porto Grande e das mil e uma conversas sobre o estranho e nunca visto assunto.

Perguntou-nos há dias um novo colaborador cabo-verdiano residente em Roma (que por gosto e funções se interessa pela história do seu país) quais eram os nomes desses navios. Pd'B, que os desconhecia, pôs-se em acção e daí a pouco já os tinha na sua posse. São eles o motivo principal desta conversa e aqui vão os ditos:

"Beta" - passou a chamar-se "Maio"
"Burgermeister Hachmann" - "Ilha do Fogo"
"Dora Horn" - "São Nicolau" 
"Heimburg" - "Santo Antão"
"Santa Barbara" - "Santiago"
"Theodor Willie" - "Boavista" ou "Boa Vista"
"Togo" - "Brava"
"Wurzburg" - "São Vicente"

Santa Luzia, a ilha desabitada, e o Sal, não couberam... que é o que dá apresar 8 navios e querer dar-lhes nomes de 10 ilhas...

Logótipo da Norddeutscher Lloyd
O "Wurzburg", o da nossa ilha, que pertencera à companhia Norddeutscher Lloyd, de Bremen, acabaria por ser comprado em 1926, pelo Governo português e renomeado como "Luanda". Foi desmantelado em 1938. 

Outros do barcos apresados em São Vicente tiveram pior sorte, como veremos. 

A história detalhada do "Wurzburg" / São Vicente" / "Luanda" pode ver-se no blogue "A Ler Navios", AQUI

"Wurzburg" / "São Vicente" / "Luanda" - Foto do blogue "A Ler Navios"

NOTA: Estas parcas palavras e imagens deram um trabalhão terrível e Pd'B desacelera, mantendo a promessa feita de continuar em guerra e no Porto Grande - aliás, seu sítio de eleição.

5 comentários:

  1. Nunca tinha ouvido falar nesses navios apresados em Cabo Verde, quanto mais os seus nomes. Grande trabalho, Djack!

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  2. Foi mais um trabalho de reunir nomes e factos e verificar muita coisa. Por exemplo, o "Togo" surge num site português com o nome de "Fogo", entre outros erros que detectei. Mas o trabalho deu gozo e fica feito. Tudo por causa de um desafio que chegou ao Pd'B directamente de Roma. E aparecerão outras coisas bem interessantes, tiroteio que ferve, ali bem no Porto Grande, ahahahaah

    Braça na parada ou no convés (sei que preferirias o segundo)
    Djack

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  3. Essa do Togo/Fogo deve-se certamente a um dos barcos ter tomado a ilha do vulcão.

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  4. Mais um Grande trabalho do Djack em prol da história de Cabo Verde

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  5. Ali atrás eu queria dizer "Devido a um dos barcos ter tomado O NOME DA ilha do vulcão."

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