sábado, 27 de dezembro de 2014

[1163] Para despedida de 2014, um Mindelo romanceado de diazá


Assim se fecha o ano condignamente, com um braça d'ratchá osse para os nossos amigos, colaboradores e comentadores.

Excerto do romance "Misérias de Lisboa" 
de Ladislau Batalha (clicar no nome do autor) 
(ed. Romano Torres, Lisboa, 1892)


(...) A este tempo ouviu-se uma voz estridulosa que no convés gritou:
— Terra!
— É Santo Antão! disse um capitão aposentado que ia de passageiro.
Raquel, Ester e Genoveva subiram imediatamente, e procuraram descortinar terra nos confins do horizonte para onde todos os olhares de bordo estavam atentos.
Na espectativa se passaram três quartos de hora, até que se distinguiu claramente uma sombra que principiava a tomar formas.
— Para Leste fica-nos S. Nicolau e Santa Luzia! explicou um prático de bordo.
— E ao centro, acrescentou Sugar-loaf, já distingo o canal de S. Vicente. Olhe, master Ibraim. lá se avista o ilheu dos Pássaros. Vê agora? Para dentro é o Porto Grande. A Cabo Verde chegámos nós... o maldito do meu Quá-Quá é que ainda me pode escapar!

CAPÍTULO III
GEOGRAFIA INDÍGENA

Pouco depois fundeou o "La Plata" muito ao largo, no Porto Grande da ilha de S. Vicente.
Alvejava ao longe a casaria da povoação do Mindelo, destacando-se os estabelecimentos carvoeiros com seus extensos depósitos de combustível.
Os desejos de ir a terra, foram inúteis.
Ninguém desembarcou, porque, achando-se o vapor fornecido de carvão que recebeu no Funchal, apenas se demorou o tempo indispensável para visar os documentos e largar a mala de correio. (...)



1 comentário:

  1. Vê-se que o vapor vinha do Sul, pois só assim se apresentaria S. Nicolau a leste. História de outros tempos, que apetece sempre ler quando metem a nossa terrinha natal.
    Retribuído o braça de ratchá osso, Joaqim, reforçado com um torniquete de amizade e companheirismo.

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