Chuva Braba
Primeiro romance de Manuel Lopes (clique no nome, para ver a biografia de ML), "Chuva Braba" (1956) foi galardoado com o prémio "Fernão Mendes Pinto" de Literatura do Ultramar (Lisboa, 1956, em edição patrocinada pelo Instituto de Cultura e Fomento de Cabo Verde). Chamamos a atenção dos nosso leitores para o facto de tanto a capa como as duas ilustrações do texto (no final de cada uma das duas partes) serem do autor. Há também que referir que segundo parece ML nasceu em São Nicolau e não em São Vicente (como se lê em quase todas as suas biografias), embora tenha vindo cedo para a ilha do Monte Cara, com escassos meses de vida.
Primeiro romance de Manuel Lopes (clique no nome, para ver a biografia de ML), "Chuva Braba" (1956) foi galardoado com o prémio "Fernão Mendes Pinto" de Literatura do Ultramar (Lisboa, 1956, em edição patrocinada pelo Instituto de Cultura e Fomento de Cabo Verde). Chamamos a atenção dos nosso leitores para o facto de tanto a capa como as duas ilustrações do texto (no final de cada uma das duas partes) serem do autor. Há também que referir que segundo parece ML nasceu em São Nicolau e não em São Vicente (como se lê em quase todas as suas biografias), embora tenha vindo cedo para a ilha do Monte Cara, com escassos meses de vida.
Eis a sinopse do livro, retirada do site Wook:
Mané Quim, jovem camponês da Ilha de Santo Antão, vive confrontado com um dilema - aceitar o convite do padrinho e emigrar para a Amazónia, onde o espera uma terra rica, abundante em água e de colheitas fáceis e fartas, ou ficar, com a velha mãe, labutando nas ressequidas courelas, sonhando com a água que lhes dê vida.
Chuva Braba conta a história de Mané Quim dando-nos um retrato veemente desse extraordinário povo que habita Cabo Verde, com a sua doçura, a sua pureza, o seu estoicismo, o seu apego à terra, no quadro grandioso da paisagem de Santo Antão.
Sobre Chuva Braba escreveu Vitorino Nemésio: "uma pequena obra-prima da novelística islenha".
Várias folhas estão por abrir, incluindo as primeiras quatro |
Primeira imagem, à p. 209 |
Segunda imagem, à p. 310 |
Composto e impresso em Lisboa |
O Galo Cantou na Baía / O Galo que Cantou na Baía / Galo Cantou na Baía
- O Galo que Cantou na Baía
- O Jamaica zarpou
- As férias do Eduardinho
- No terreiro do bruxo Baxenxe
- O "Sim" da Rosa Caluda
- Ao Desamparinho
A questão do título é algo deconcertante. Saído o conto que dá o nome a esta compilação em 1936 no n.º 2 de Claridade, o título na capa do livro é "O Galo Cantou na Baía" (sem reticências); porém, em todo o miolo (frontispício, folha de rosto, topos de página e índice) lê-se "O Galo que cantou na Baia...". A edição de 1988 da Caminho (Portugal) indica-o sempre como "Galo Cantou na Baía", tal como surgiu no n.º 2 de Claridade (sem confirmação, porque não conseguimos ver o original ou cópia, embora tenhamos referências deste nome em alguns estudos).
Temos particular simpatia pelos dois contos iniciais: o do galo - no texto, bicho de "pescoço pelado" (ao contrário do que as imagens de capa de Cipriano Dourado e José Serrão mostram) - que denuncia com o seu canto inesperado a presença de contrabandistas de grogue a Toi, incorruptível guarda da Alfândega e "mornador" e ""O Jamaica zarpou" em que Rui desiste de embarcar num navio que lhe poderia dar segurança e fortuna, ficando a trabalhar, talvez em São Vicente, talvez nas terras da tia Gêgê em Santo Antão.
O livro recebeu prémio do mesmo nome que o anterior (1959).
O livro recebeu prémio do mesmo nome que o anterior (1959).
Capa de Cipriano Dourado (1921-1981), artista português neo-realista com actividade nas áreas da gravura, pintura, desenho e aguarela. A sugestiva imagem da capa prolonga-se na contracapa, numa idealização poética do Mindelo e do Porto Grande
Edição Caminho (Portugal) de 1998, que também possuimos. Image Internet |
Obrigada Joaquim Djack, por trazer com oportunidade, à lembrança dos leitores e dos visitantes do «PdB» este grande nome do romance, do conto e da poesia das ilhas, Manuel Lopes.
ResponderEliminarSem dúvida que as obras maiores de M. L. são os dois livros aqui citados e fotografados, com a história contada das primeiras edições.
Caro Djack também o conto que mais gostei do «Galo Cantou na Baía» é o « O Jamaica Zarpou». Bem estruturado, bem narrado e tocante as hesitações/certezas do protagonista.
Homenagem bonita! Sim senhor! Valeu!
Abraços
Ondina
Manuel Lopes é uma figura de relevo da ficção cabo-verdiana. Evocar a sua pessoa e a sua obra é manter viva uma memória que nos honra e enriquece como povo.
ResponderEliminarDesconhecia estas diferentes versões do título deste livro. Só conhecia "O galo cantou na baía". Também ignorava que fosse o Manuel Lopes o autor das ilustrações dessa edição.
Obrigado, Djack, pela tua incansável militância a favor da nossa cultura.
Cara Ondina,
ResponderEliminarEstes dois, juntamente com "Caderno de um Ilhéu" do Barbosa (que mostrarei em breve), são agora os três reis magos da minha colecção cabo-verdiana. Fico embevecido a olhar para eles, a folheá-los (e a lê-los claro), coisa que não acontece com as duas edições modernas da Caminho, no entanto também agradáveis de ver. Relidos na edição primeira, têm outro sabor. É como se o escritor estivesse por aqui, a pairar no escritório, com a sua "conklin". Mas "As Férias do Eduardinho" também têm muito interesse, naquela conversa dele com o antigo colega do liceu em São Vicente que se fez agricultor em Santo Antão. O jovem intelectual e o jovem agricultor completam-se de algum modo, grandes amigos, embora sempre a discutir um com o outro. Foi um divertimento reler esta stóra lopesca.
Braça em prosa,
Djack
Caro Adriano,
ResponderEliminarDesde sempre, a minha admiração pela cultura cabo-verdiana (e meu restante interesse pelas coisas do arquipélago) está na razão directa do muito que dali recebi e ainda hoje e sempre fará parte de mim e daquilo que sou. Há que ser agradecido a quem merece.
Quanto às ilustrações, o ML é autor da capa e de dois desenhos inseridos no "Chuva Braba". A capa de "O Galo que Cantou na Baía" é do Cipriano Dourado.
Braça com gosto pelos dois books,
Djack
De certa maneira, As Férias do Eduardinho fazem-me lembrar que, quando completei o 5º ano, então chamado de Curso Geral dos Liceus, houve uma festa, no Eden-Park, no 10 de Junho, preparada por alunos e professores do LGE. Pontificavam, na época, Baltasar e Maria de Jesus e uma peça teatral em um acto da minha autoria havia sido premiada em concurso no Liceu, recebendo, como prémio, a sua colocação em cena, nesse dia...Eu e um colega (de letras) discutiamos com dois outros (de ciencias), as vantagens e desvantagens de cada um dos percursos académicos...O titulo, recordo-me, era tão naif como o texto: A César o que é de César...
ResponderEliminarBem sei que parecerá deslocado vir falar disto numa postagem dedicada a dois "monstros" da literatura cabo-verdiana, sobre quem já tudo foi dito e escrito...O que é que um mero pião, como eu, poderia acrescentar?!
Braça, embaraçado
Zito
Não acho nada deslocado. E esses tempos áureos são sempre bem recordados, sobretudo se por um Augusto da rádio e agora imperador do Ac'A. Nessa idade é que se forjam os temperamentos e as ilusões. E se o dito cujo não seguiu pela via das literaturas, decerto deu aos dias da rádio importante contributo. Palmas, portanto, como se estivéssemos na plateia do Eden.
EliminarBraça cesarista,
Djack
Obrigado, Djack! Mandando às urtigas a falsa modéstia, que também não cultivo, sempre confesso ter a consciência de, nos vários sectores de actividade em que me movi, ao longo da vida, ter feito o melhor que podia e sabia, sem regatear esforços e até com alguns sacrifícios ocasionais..E que o fiz com sentido cívico e um carinho sem limites pelos lugares e pelas gentes com as quais me identifiquei desde a mais tenra idade...
ResponderEliminarBraça morabi
Zito