Não conhecemos quase nada sobre esta viagem marítima com passagem por Cabo Verde que aqui trazemos hoje, realizada no início do século XX pelo cruzador francês e navio-escola "Duguay-Trouin" (ou viagens, as quais se sucediam todos os anos, como acontece ainda hoje em várias marinhas, incluindo a portuguesa com as de instrução dos cadetes do Navio-Escola "Sagres"), excepto as deduções que podem ser feitas pelas fotografias/postais ilustrados que dela/s encontrámos em várias buscas mais ou menos frutuosas.
Sabemos que a viagem a África tinha no roteiro pelo menos Cabo Verde e em princípio o Senegal - de que também divulgamos chapas - e territórios a sul do Equador, de cuja passagem temos conhecimento por fotografias da habitual cerimónia que ainda hoje se faz com Neptuno, Rei dos Mares e paródia com fartura. Segundo o que podemos ler escrito a lápis no verso da imagem do Mindelo, uma das viagens de instrução em que o "Duguay-Trouin" escalou Cabo Verde teve lugar entre 1906 e 1907. Porém, uma das fotos da Praia tem a referência de 1902, pelo que estamos decerto a falar de viagens distintas. Refira-se que o cruzador serviu como navio-escola entre 1900 e 1912, depois de ter navegado sob o nome de "Tonquin", a partir de 1878. Ainda foi utilizado até 1937, como navio-depósito e navio-hospital.
Não conseguimos encontrar ainda relato escrito da passagem do vaso de guerra pelo Mindelo nem pela Praia, mas possuimos imagens fiáveis da sua escala na capital do arquipélago . A mais estranha é a do destacamento equipado que se desloca pela ilha como se fosse sua. Manobras conjuntas de Portugal e França? Treino gaulês à revelia das autoridades lusas, no entanto situação pouco provável? O governador, tanto podia ter sido Amâncio Cabral (1905-07) como Bernardo de Macedo (1907-09), o que não nos adianta grande coisa, por não serem personagens cuja obra conheçamos bem. Seja como for, não deixa de ser assaz estranho ver estes franciús armados até aos dentes passeando-se em terra portuguesa. Eis portanto o que sabemos da "invasão da Praia por tropas navais francesas"... Que nos poderão dizer os nossos leitores cabo-verdianos ou de outras nacionalidades, sobre o assunto?
Tínhamos acabado de escrever o texto acima, quando demos com um precioso site VER AQUI que indica as campanhas do "Duguay-Trouin" com todo o pormenor e uma ou outra fotografia. De qualquer modo, o que dissemos, não ficou "queimado", pelo que se percebe.
Num outro site que descobrimos em seguida, fala-se da campanha de 1909-10 VER AQUI e alude-se a Cabo Verde (ao contrário do primeiro). Neste segundo site, surge São Vicente, onde o navio chegou a 29 de Outubro de 1909, tendo levantado ferro a 2 de Novembro.
Assim, comecemos pela campanha de...
1901-02
10 octobre 1901: avec entre autres l'éléve Henri Fournier (nous tenons à donner les noms des officiers qui devaient être attribués plus tard à des navires), quitte Brest pour les Canaries, les îles du Cap Vert, les Antilles, les Açores, la Nouvelle-Orléans, La Havane (où l'on dépose en passant l'ambassadeur, M. Cambon), Toulon, Naples, Venise, Pola, Fium, Le Pirée, Bizerte, Alger, Vigo, Bergen, Christiansand, Stockholm, Reval, Cronstadt, (où l'état-major et la promotion sont reçus par le Tsar), Helsindfors, Libau et Copenhague.
21 juillet 1902: retour à Brest et carénage.
1906-07
Embora se clique em 1906-07, o resultado da pesquisa acerta em 1907-08
1907-08
10 octobre 1907: avec entre autres Pierre Chailley, quitte Brest pour Madère, les îles du Cap Vert, les Antilles, Ténériffe, Cadix, Toulon, Ajaccio, Gênes, Naples, Messine, Venise, Fiume, Le Pirée, Smyrne, Samos, Beyrouth, Alexandrie, Bizerte, Alger, Lisbonne, Rochefort, Quiberon, Lorient, St Malo, Cherbourg, Le Havre, Amsterdam, Copenhague, Christiania, Bloody Bay, Oban, Belfast et Plymouth.
20 juillet 1908: retour à Brest et carénage.
1908-09
10 octobre 1908: quitte Brest pour Madère, les Canaries, les Antilles, La Praya, Dakar, Cadix, Barcelone, Toulon, Naples, Phalère, Alexandrie, Malte, Bizerte, Quiberon, Lorient, Dunkerque, Copenhague, Elseneur, Christiania, et de nouveau Quiberon.
22 juillet 1909: arrivée à Brest, et carénage.
1911-12
10 octobre 1911: avec entre autres Paul Teste, quitte Brest pour Madère, les îles du Cap Vert, les Antilles, Dakar, Gibraltar, Barcelone, Toulon, Ajaccio, Naples, Alexandrie, Beyrouth, Phalère, Ithéa, Venise, Syracuse, Bizerte, Alger, Cadix, La Rochelle, Quiberon, Lorient, Dunkerque, Christiania et Cherbourg.
17 juillet 1912: retour à Brest.
Só lançaremos novo post quando este tiver cinco comentários de cinco comentadores diferentes
Fotografia da campanha africana do Duguay-Trouin" de 1906-07 |
À vista de Santiago |
Oficiais franceses, em passeio na Praia (ou... "la Praya") 1902? 1906-07? Outra data? Um deles trepou à árvore e outro observa-o... talvez com medo que ele lhe caia em cima |
Companhia de desembarque na Praia (ou... "la Praya"), comandada por oficiais com as mesmas fardas da imagem anterior - 1902? 1906-07? Outra data?
|
Naturais de Dakar, à chegada ou partida do "Duguay-Trouin". "Lieutenant! Um sou!" pedem eles, ou seja, "Tenente, passe para cá uma moedinha!" Aqui, estamos também na campanha de 1905-06 |
Gratas lembranças dos navios-escola que passavam pelo Porto Grande. Era sempre festa porque desembarcavam as suas bandas.
ResponderEliminarDestacaram-se a "Sagres", o "Juan Sébastian d'El Cano" e, sobretudo, o "Almirante Saldanha". Estas três naves conquistaram para sempre os nossos corações.
Ricas lembranças através do PdD
Merci
Grande pesquisa, Djack!
ResponderEliminarVê-se que este navio era mesmo escola, pois os seus únicos 2 canhões de 14mm eram mais para enfeite. Realmente, não faz sentido aqueles "francius" andarem armados por Santiago dentro. Se calhar pensaram que aquela "república" vigente era "das banana". Mas convenhamos que foi mesmo "banana" aquela I República, tanto que deu origem ao Estado Novo de Salazar.
Que grande calinada cometi por não ter atentado nas datas. Não, quando este navio aportou a Santiago o regime era ainda monárquico, pois a república foi implantada em 1910. Mas, falando novamente de "bananas", não se pode dizer que o rei D. Carlos o fosse, bem pelo contrário. Tinha-os no sítio. Só que os republicanos já por aí andavam a fazer-lhe vida negra (e depois... morte matada).
ResponderEliminarvA propósito do comentário do Val, recordo o caso de um navio brasileiro aportado nas vésperas do Carnaval, aí pelos anos 50 do séc. XX e cujo comandante forjou uma avaria que levou três dias a "reparar" para a equipagem poder gozar o entrudo à tripa fôrra! Contado, ninguém acredita!
ResponderEliminarBraça mascarado
Zito
Lembro-me bem, Zito. Foi precisamente em 1956, porque estava no 1º ano do liceu.
ResponderEliminarJ'áime ça!
ResponderEliminarpost muito interessante com fotografias históricas: no estilo que só o Djack consegue descobrir ir à fonte quase inesgotável
ResponderEliminar"francius" andarem armados por Santiago dentro. Bem observado Adriano. Com era possível na capital do arquipélago sob jurisdição portuguesa um exercito estrangeiro passear armado. Denota o estado de abandono
ResponderEliminar