segunda-feira, 12 de outubro de 2015

[1696] Leia hoje, segunda-feira, 12 de Outubro, no "Liberal" (Cabo Verde), mais um texto de Joaquim Saial

O último ou "os últimos" governadores de Cabo Verde?

Quem foi de facto o último governador de Cabo Verde, da longa lista iniciada em 1481 com o corregedor Pero Lourenço?  

Se considerarmos aquele nomeado durante o tempo do Estado Novo com mandato completo, teremos o então brigadeiro do Exército António Adriano Faria Lopes dos Santos (que governou de 1969 a 74), personagem que se bateu por Cabo Verde junto de Lisboa e que com a antiga colónia/província a festejar em 1995 o seu 20.º aniversário como país soberano foi recebido no Mindelo com todas as honras. 

Mas se tivermos em conta o último nomeado pelo antigo regime, então encontramos Basílio Pina de Oliveira Seguro, também oficial do Exército, que só exerceu o cargo por cerca de dois meses, tendo sido exonerado pela Junta de Salvação Nacional por altura do 25 de Abril de 1974.

Depois há mais três figuras que vão deter fugazmente este título, sendo a primeira o cabo-verdiano Eng.º Sérgio Duarte Fonseca, empossado pelo Presidente da República General António de Spínola mas cuja destituição será entretanto reclamada pelo MFA de Cabo Verde; a segunda, o oficial da Armada Henrique da Silva Horta que só exerce por breves dois meses, em Agosto e Setembro de 74 (muito conhecido nas ilhas por ter sido longos anos comandante de dois dos barcos mais amados pelos cabo-verdianos, os navios-escola "Sagres", anterior e actual); (excerto)

Jornal "Liberal",  AQUI      Veja e comente os dois posts anteriores

6 comentários:

  1. Importante trabalho de pesquisa, Joaquim. Apesar de ter sido uma fase transitória, ou talvez por isso mesmo, é importante relembrar (ou divulgar) os nomes dos que exerceram o poder naquele período de grande conturbação. Já lá vão 50 anos, mas o tempo demonstrou que os laços de amizade e cooperação se mantiveram e irão certamente manter-se pelo tempo fora.

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  2. Trabalho muito interessante e importante. Saial fez bem em recordar o governador António Lopes dos Santos que tem o meu voto como o último governador, pois o que veio a seguir foi desgoverno, Portugal deixou de existir como potência administrante a partir de Novembro de 1974 e durante o interregno a partir de 25 de Abril foi o caos. Embora jovem recordo-me do dinamismo deste senhor que não fez mais por CV porque não pode. Impulsionou o desporto e recordo-me que subvencionou em parte a sede do clube Amarante que foi catapultado para o lugar de um dos maiores clubes mindelenses nos anos 70.

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  3. No meu comentário, queria dizer "já lá vão 40 anos" (desde a cessação da administração portuguesa) e por lapso saiu "50 anos".
    Já agora, acrescento que conheci o brigadeiro Lopes dos Santos (era então coronel) nas lides profissionais e que ele era, efectivamente, um oficial de alta craveira e um homem de grandes princípios. O seu nome completo era António Adriano Faria Lopes dos Santos e tinha 55 anos quando exerceu o cargo de governador de Cabo Verde. Pertencia à Arma de Engenharia.

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  4. Bom, Sérgio Duarte Fonseca, mindelense, foi o ultimo governador. Exerceu até Novembro/Dezembro de 1974. Era irmão do Dr. Fonseca e do engenheiro Humberto Duarte Fonseca. O último representante português, já no governo de transição, foi o militar Almeida de Eça, que também nasceu, por acaso, no Mindelo e como a mãe, nasceu também por acaso, mas na Praia, houve quem pensasse que era cabo-verdiano. Os pais eram militares e daí as coincidências de nascimento. Outro mindelense acidental foi Luís de Montalvor, companheiro de Fernando Pessoa, mas o pai era juiz, salvo erro.

    João Nobre de Oliveira

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  5. Em 1974, sendo Governador de Cabo Verde, Sérgio Duarte Fonseca, natural de Cabo Verde, foram adotadas duas medidas administrativas importantes, traduzidas na criação, pela segunda vez, do concelho dos Mosteiros, na ilha do Fogo, formado pela freguesia de Nossa Senhora de Ajuda (Decreto-Provincial nº 10/74, de 11 de Julho) e na instituição de juntas de freguesias ( Decreto-Provincial nº 21/74, de 11 de Julho).

    O diploma que criou, em 1974, o concelho dos Mosteiros jamais entrou em vigor, porquanto, nos termos do mesmo, a data da sua entrada em vigor devia ser estabelecida pelo então Governo da colónia, tendo em conta não só a formação dos quadros de pessoal administrativo como eleição da vereação para a Câmara Municipal dos Mosteiros, ações essas que jamais tiveram lugar.

    A concretização na lei de juntas de freguesias, enquanto corpo administrativo eleito da freguesia, que visava a prossecução de interesses próprios da população residente na respetiva circunscrição, era uma excelente iniciativa. Tal grande inovação introduzida após a queda do fascismo em Portugal fez entrar, em 1974, as juntas de freguesias no elenco dos corpos administrativos de Cabo Verde.

    Infelizmente, a criação do concelho dos Mosteiros e a institucionalização de juntas de freguesias não passaram das folhas do Boletim Oficial.

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    1. Nas fases de transição seja do que for (aqui, a passagem de colónia a país independente), há sempre algo que fica pelo caminho. Neste caso, foi de facto pena os dois assuntos não terem passado do papel.

      Obrigado pela colaboração, caro Eurico, e aquele braça. Apareça sempre.
      Djack

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