Já sabia da notícia do "Diário Popular", registada por mim à mão na Biblioteca Nacional de Lisboa há anos, tal como centenas de outras que por aqui andam e servem de base a trabalhos infinitos. Hoje dei com uma correspondente ao mesmo assunto no "Diário de Lisboa". É curioso como uma notícia completa a outra, sobretudo a do DP que diz que o que eles queriam mesmo era ir para a terra do Tio Sam. Mas a coisa deu para o torto, afinal. Enfim, do mal o menos e lá beneficiaram de uma passeata de avião. Eram o Manuel Francês e o Júlio António Fortes, ambos de São Vicente. Alguém dos nossos visitantes os conheceu? Sabe-se lá até se algum deles irá ler este post. Se assim for, um braça para ele...
"Diário Popular", pág. 6
DOIS RAPAZES CABO-VERDIANOS FORAM A INGLATERRA COMO PASSAGEIROS CLANDESTINOS
Chegaram hoje de avião, a Lisboa, sorridentes e bem dispostos, dois rapazes de Cabo Verde: Manuel Francês, de 16 anos, e Júlio António Fortes, de 17, ambos naturais de S. Vicente, e que, num mesmo dia, decidiram meter-se na grande aventura de tentarem alcançar a América do Norte.
Trabalhavam os dois na descarga de carvão quando se lembraram de embarcar clandestinamente nos navios ingleses que se encontravam em S. Vicente: o «Bilbury» e o «Burhaven».
Cada qual escolheu o seu barco e lá foram, mar fora, escondidos no meio do carvão. No alto mar foram descobertos, tendo de trabalhar durante a viagem para terem direito à alimentação, sendo bem tratados. Mas não conseguiram realizar o sonho da América porque os navios seguiam para Inglaterra. Por diligências do Cônsul de Portugal em Londres, os rapazes foram repatriados, devendo seguir brevemente para S. Vicente.
"Diário de Lisboa", pág. 2
Parece que estes casos aconteciam de vez em quando, pois a falta de trabalho apertava e incitava à fuga.
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