quarta-feira, 23 de março de 2016

[2066] Antero Simões e um livro que ele teve na mão

(...) Uma outra espécie de barcos também estava à guarda da Capitania: os veleiros da Mocidade Portuguesa, grupo de seis lusitos e dois cadetes, estes os maiores. Chegáramos havia pouco tempo ao Mindelo, recebeu o meu pai um telefonema do reitor do Liceu Gil Eanes, solicitando-lhe encontro, a fim de lhe fazer uma proposta de trabalho. Tratava-se afinal de um convite para que ele se tornasse instrutor de vela da Mocidade Portuguesa. Aceite a oferta, aquele pregou-lhe nas mãos com "A Missão dos Dirigentes", de Marcelo Caetano, e disse-lhe que passaria a ser convocado para algumas reuniões, quando isso fosse considerado necessário. Dias depois, a instrução começou, desenrolando-se as aulas aos sábados de manhã ou aos domingos, conforme o estado do mar o justificava. (...)

O texto é extraído de um livro que os visitantes/militantes do Pd'B conhecem. E o marcelista book a que ele se refere continua aqui em casa, na zona cada vez mais cheia, reservada às obras das ilhas - embora sobre elas ele nada contenha, visto que se destinava a todo o país, continental, adjacente e ultramarino, onde houvesse Mocidade Portuguesa organizada. Abri-o hoje, para me documentar sobre trabalho que tenho em andamento e dei com esta nota feita por mão materna (ela, a dona da mão, também sabia que é útil registar tudo...).

Aqui ficam, pois, a capa e o registo alusivo a um estimado professor do Gil  Eanes que não tive mas que, como sabemos, o foi (e com proveito) de alguns dos ditos visitantes/militantes deste blogue.


4 comentários:

  1. A minha memoria ainda recorda destes pequenos botes, com um mastro e duas velas triangulares vagueando pela baía, la pelos lados do praia de bote, mas sempre afastado do cais acostável. De vez em quanto alguns inclinavam e tudo ia para água - era preciso virar de novo para continuar a navegar.
    Eram deitados a água e posteriormente recolhidos através duma rampa existente na Capitania. Verdade ou não Djakc?

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    1. Verdadíssima!!! Era exactamente assim. Um dos grandes velejadores nesses barcos era o Djopam, do Dr. Morais. As manhãs de sábado eram sempre muito animadas na Capitania, com pelos menos 10 ou 12 rapazes que ali iam para essa actividade que dava ao Porto Grande nova faceta, os lusitos e os cadetes circulando com graciosidade através dos seus companheiros maiores, cúteres, palhabotes e escunas fundeados na baía.

      Braça com boas memórias,
      Djack

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    2. De botes de velas triangulares tenho lembranças. As minhas eram as dos nossos pescadores que iam de manhã cedinho ao largo para voltarem umas duas horas depois com UM atum. E o dia jà estava ganho. Notem que ia um so individuo no seu botim.
      Antes de ire à faina, matava o jejum ali no bar dentro Plurim a cargo do Ban's (Armando Silva) homem muito janota de bigodim à Don Ameche.
      Voltemos ao "matà injum" do pescador, coisa célebre que consistia em beber dum trago um quarto de litro de grogue. Dizia que era "pa matà frieza".
      Aqui não conto o que ouvi mas o que vi. pois antes de ir trabalhar ia à praia e de seguida passava por esse lugar.

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  2. O Dr. Antero Simões foi meu professor e muito bom professor. Quanto a actividades marítimas da MP, não participei mas tenho pena. Um registo: a mãe do Djack tinha uma bela caligrafia. Hoje em dia, já não há disso. Eu próprio tive no passado uma caligrafia muito aceitável (influência do Alfredo Brio), mas ela foi perdendo qualidades com o tempo.

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