No género, conheço poucos livros assim. Digo em abono da verdade que durante os muitos dias de leitura e escrita para a apresentação do diário "A Voz Interior" de Hein Semke andei absorvido de maneira inusual por aquelas páginas, simultaneamente violentas e doces, ao mesmo tempo desesperadas e de redenção, plenas de energia e esperança. Trata-se de um livro fortíssimo que não deixa nenhum leitor incólume, retrato pessoal dos anos 50 do século XX dos quais é costume dizer-se que não produziram nada em Portugal, descritos como ainda ninguém o fizera.
Ali encontramos as mais variadas informações históricas e críticas sobre arquitectura, pintura, escultura, cerâmica, literatura, músicos e concertos musicais e seus actores (os da época e não só). E também as suas venturas e desventuras, os bons, os maus e os assim-assim, a mesquinhez e o altruísmo, situados num Portugal visto por este alemão honesto que elogia quando acha que o deve fazer, tal como descarrega a sua denúncia quando a considera merecida.
Sempre tive muito gosto em ver imagens pintadas ou fotográficas de ateliers de artistas plásticos e de ler livros escritos por eles, uma vez que nos dão visões únicas dos períodos em que viveram. Este do Hein – que ainda conheci, entrevistei e sobre o qual escrevi várias vezes em jornal, revista e livro – encheu-me de facto as medidas. Sei que é daqueles a que voltarei muitas vezes.
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Tudo para um evento de sucesso.
ResponderEliminarSorte !!!