sexta-feira, 7 de outubro de 2016

[2590] Guiné: o naufrágio do palhabote cabo-verdiano "S. Miguel" e a sua engenhosa recuperação no mês seguinte

Eis a prova provada de como com habilidade e engenho um navio dado como perdido se safou e voltou a navegar. E com o engenho da Capitania dos Portos e seus homens que trabalharam e modo de "ovo de Colombo". Assim se recupera também um pouco da história comum de Cabo Verde e da Guiné, onde nem tudo foram desgraças... Recolocamos a primeira notícia, para facilitar a compreensão do caso.

Fevereiro.1953
Março.1953

7 comentários:

  1. Estava no Porto, no Liceu Alexandre Herculano...
    Braça secundário
    Zito

    ResponderEliminar
  2. Respostas
    1. Isso queria eu saber com certeza, mas tudo leva a crer que sim. A ideia das "centenas de bidões vazios" foi genial. Essa é a coisa mais interessante desta stóra. Quem se terá lembrado disto? O sujeito merecia viajar no "São Miguel" até ao fim dos tempos, de borla.

      Braça palhabótico,
      Djack

      Eliminar
  3. Passei quase toda a minha infância e adolescência à volta do porto fluvial do Pidjiguiti e entre idas ao Arquipélagos dos Bijagós e Geba acima até Bambadinca, passando por Xime e Mato Cão ainda em plena guerra colonial. O meu Pai foi armador de pescas e depois de transportes de passageiros. Eu próprio ainda trabalhei uns meses como aprendiz de mecânico (9 e 10 anos) nas Oficinas de Assistência Oficinal (SAO) da Armada Portuguesa, contíguo ao cais acima referido. Acabei por aprender a navegar ainda muito jovem por alguns canais e rios da Guiné. O método de reflutuação era bastante usado devido à grande amplitude das marés e não oferecia dificuldades para pequenas e médias embarcações, desde que a profundidade do local do afundamento fosse razoável. Na maré baixa atavam-se bem ao casco muitos bidões e aguardava-se a maré cheia que aliviava o peso para arrastar ou puxar a embarcação até à margem mais próxima. Caso não fosse suficiente repetia-se o mesmo processo até ele ficar em seco. Fazia-se ali mesmo como se podia improvisadas reparações até ao estaleiro mais próximo. O navio motor "Corubal" era gémeo do "Formosa", construídos no estaleiro de Viana do Castelo julgo que em 1952 para o transporte fluvial na Guiné. Eram esbeltos com configurações de caco avançadas para a época. Velozes, com motores de Deutz de 8 cilindros que se dizia serem do mesmo modelo usado nos U-Boat alemães na II GM. Tinham na proa zona para primeira classe com cabine revestidas em madeira de lei e cadeiras forradas a veludo. Porão de carga a meia nau e na popa, por cima da grande casa de máquinas, bancos corridos em madeira para a segunda classe. Lembro-me bem de ainda criança com os meus 5 anos numa viagem no "Formosa", de Bissau para Bolama, termos ficado encalhados e na azáfama de se fazer o desencalhe se mandar todos os passageiros para popa e depois para a proa por diversas vezes. Mas o vazamento da maré foi mais rápido e o navio acabou por ficar completamente em seco. Havia (e ainda há) somente um canal estreito no meio do que se chama a "coroa" desse canal. Para evitar encalhes saía-se normalmente duas a três horas antes de completar a enchente. Atrasos na partida provocaram por vezes esses transtornos. Manuel amante

    ResponderEliminar
  4. Estava a faltar esta rica e detalhada explicação para fechar este post em beleza. Apareça mais vezes.

    ResponderEliminar
  5. Quem sabe... sabe. E este comentarista dà-nos detalhes de mestre.
    Valeu a pena.

    ResponderEliminar
  6. Rica liçao nos foi dada aqui pelo nosso amigo Manuel.Ficamos a saber como desencalhar um barco. Obrigado, amigo por teres partilhado connosco esta tua experiencia. Um abraçO

    ResponderEliminar

Torne este blogue mais vivo: coloque o seu comentário.