A propósito do documentário EDEN de que falámos atrás, fomos à caça e demos com uma notícia de Novembro de 1955 que mostra um Mindelo de gente tão pujante que até realizava filmes, quase sem nenhuns meios. Aqui fica a notícia, retirada do DN de New Bedford.
E penso que o Pereira, sócio da sapataria Paixão & Pereira é o pai do produtor/realizador Henrique Pereira. Se assim não for, os sábios Zito e Valdemar que me desmintam que eu fico agradecido. O anúncio é de "O Futuro de Cabo Verde" de 1.5.1913.
A feitura do filme ocorreu entre 1953 e terminou em 1955 sob a batuta do dinâmico Henrique Pereira, industrial sapateiro com a oficina no edificio mais tarde conhecido pelo seu comprador Gaspar, militar que deixou o exército e se instalou em S.Vicente.
ResponderEliminarOs dois principais protagonistas eram o Henrique e sua prima Raquel Pereira, uma das mais belas flores do jardim do Mindelo que, infelizmente, havia de falecer de parto antes da projecção do filme,
Os meios eram parcos, parquíssimos, e não se pode fazer qualquer cópia. Mais tarde o realizador, encenador, actor, foi até o Senegal onde ia com a intenção de projectar o seu trabalho e amealhar algum mas infelizmente um funcionário aduaneiro talvez mais politico que zeloso, confiscou a película que, pouco depois, foi queimada. Dizem que, desgostoso, Henrique foi para o Brasil onde havia de falecer.
Esse grande entusiasta não tinha ninguém que o ajudasse nos trâmites em Dakar cuja lingua não falava. Os Serviços Consulares já tinham sido fechados e tudo quanto não era recomendado pelo partido único estava fragilizado no mínimo mas, sobretudo automaticamente condenado.,
Henrique era filho dos Sr. Antonio Pereira (Antone sapater, madeirense) com oficina e fàbrica tràs da Câmara, frente à Praca Baltazar Lopes, em associação com dois irmãos que exerciam o mesmo mister.
ResponderEliminarO velho, gordo e simpàtico, também vendia tâmaras e amêndoas da sua hortinha da Ribeira de Julião. Era pai também da professora tão simpàtica como bondosa Celeste Pereira.
Esses também eram dos nossos e, que eu saiba, não pediram transladação dos corpos para a Madeira.
A Sapataria de que fala o cartão e que cito no meu primeiro comentàrio, era pertença do Henrique que, para ter mais disponibilidade, saiu da fàbrica familiar e se associou com outra pessoa que (se não me engano) nem era do oficio mas um administrativo.
ResponderEliminarSobre o desaparecimento deste filme, a reportagem que o Zito recomendou e o Djack aqui tratou, inclui testemunhos de pessoas antigas sobre as circunstâncias em que isso aconteceu. Conferem com o que o Val aqui diz mas o Val presta uma informação mais completa. O António Sapateiro tinha um filho chamado Tony Pereira, um pouco mais velho que eu e que faleceu há 2 anos.
ResponderEliminarTony era o filho mais novo. Foi viver com a esposa nas terras (dela) em Sto. Antão onde faleceu.
EliminarImaginem a perda uma película queimada por um zeloso e estúpuido funcionário . Pior do que ele foram o Hitler e seus apaniguados que queimaram livros. Se não fosse esse funcionário aduaneiro teríamos hoje uma peça histórica com um importante valor cultural
ResponderEliminarSegui esta saga a par e passo, durante meses...Estou a preparar um texto sobre o assunto que a seu tempo aparecerá, até porque muita coisa já se escreveu sobre os acontecimentos que nada tem a ver com a verdade. O anuncio de um jornal de 1913 é que me parece um tanto improvável...
ResponderEliminarO anúncio é completamente provável. Está ali a data e o título do jornal cujo original está na BNL e eu tenho em fotocópia. Acho que o que o que o Zito queria dizer era que pode ser que o Pereira sapateiro ali propagandeado seja outro que não o Pereira sapateiro pai do produtor/realizador do filme. Isso pode ser, dado que se chapéus há muitos, Pereiras sapateiros também.
EliminarBraça sapateando,
Djack
Sapateiro, o homem seria e, Pereira, também...Só que, em 1913, o "nosso" Pereira, o Henrique, ainda não teria nascido...O pai, talvez! É nesta moldura que o anuncio me parecia - e é - improvável!
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