Ao contrário do anunciado (ver post anterior), ainda vai hoje!...
Todos os países têm os seus dias negros. Por culpa dos elementos da natureza, da economia, da cultura (melhor dizendo, incultura) ou, mais frequentemente, da política. Neste último caso, por culpas externas ou internas. Todos os têm, talvez sem excepção. O jovem Cabo Verde não falhou à regra. Tal como aconteceu em Santo Antão, por uma reforma agrária mal conduzida, em São Vicente sem mortes mas com prisões arbitrárias, tortura e outras vilanias próprias de momentos revolucionários. Não vale a pena bater no ceguinho, pois todos sabemos o que houve e quem foram os torcionários e as vítimas. Felizmente, o país entrou nos eixos e hoje tem lugar honroso no universo das nações democráticas. Mas aqui fica esta "reportagem" do "Diário de Lisboa", de 14 de Junho de 1977, bem marcada pela ideologia da época (e do jornal) oferecida pelo Artur Mendes, para ler, interiorizar, comentar e não esquecer.
ZITO, O "CABO-VERDIANO"
… Numa das pausas da doença que o haveria de vitimar, o Zito confessou-me: "- Se Deus me der força e ânimo, ainda gostaria de escrever as memórias do meu passado nas ilhas de Cabo Verde…”
Sabendo ele da minha "ratice bibliotecária", pediu-me que procurasse nos vários arquivos nacionais o periódico que noticiou a expulsão da "sua terra amada". De modo que não ficaram as suas memórias de Cabo Verde (muitas das quais podem ser lidas no Praia de Bote e no Arrozcatum) mas, cumprindo o desejo do nosso amigo, aqui fica a mais negra delas...
"Do grupo faziam parte dois indivíduos de nacionalidade portuguesa: um filho de pai português, mas nascido em Cabo Verde e outro de nome José Manuel Faria de Azevedo…" Eis, pois, o que o "Diário de Lisboa" publicou no dia 14 de Junho de 1977.
Assim, amigo Zito, a minha missão está cumprida.
Até sempre!
Artur
Devido a incapacidades do blogue, a leitura, embora se consiga fazer, é difícil em algumas das colunas. Assim, ofereceremos as duas páginas inteiras (as originais) onde vem o artigo, com fácil leitura, aos leitores que comentarem o artigo.
Todos os países têm os seus dias negros. Por culpa dos elementos da natureza, da economia, da cultura (melhor dizendo, incultura) ou, mais frequentemente, da política. Neste último caso, por culpas externas ou internas. Todos os têm, talvez sem excepção. O jovem Cabo Verde não falhou à regra. Tal como aconteceu em Santo Antão, por uma reforma agrária mal conduzida, em São Vicente sem mortes mas com prisões arbitrárias, tortura e outras vilanias próprias de momentos revolucionários. Não vale a pena bater no ceguinho, pois todos sabemos o que houve e quem foram os torcionários e as vítimas. Felizmente, o país entrou nos eixos e hoje tem lugar honroso no universo das nações democráticas. Mas aqui fica esta "reportagem" do "Diário de Lisboa", de 14 de Junho de 1977, bem marcada pela ideologia da época (e do jornal) oferecida pelo Artur Mendes, para ler, interiorizar, comentar e não esquecer.
ZITO, O "CABO-VERDIANO"
… Numa das pausas da doença que o haveria de vitimar, o Zito confessou-me: "- Se Deus me der força e ânimo, ainda gostaria de escrever as memórias do meu passado nas ilhas de Cabo Verde…”
Sabendo ele da minha "ratice bibliotecária", pediu-me que procurasse nos vários arquivos nacionais o periódico que noticiou a expulsão da "sua terra amada". De modo que não ficaram as suas memórias de Cabo Verde (muitas das quais podem ser lidas no Praia de Bote e no Arrozcatum) mas, cumprindo o desejo do nosso amigo, aqui fica a mais negra delas...
"Do grupo faziam parte dois indivíduos de nacionalidade portuguesa: um filho de pai português, mas nascido em Cabo Verde e outro de nome José Manuel Faria de Azevedo…" Eis, pois, o que o "Diário de Lisboa" publicou no dia 14 de Junho de 1977.
Assim, amigo Zito, a minha missão está cumprida.
Até sempre!
Artur
Que grande palhaçada !!!
ResponderEliminarArmas? Que armas? De onde podiam vir? Como haviam de entrar sem serem logo apanhadas? Quem tinha armas eram os intrusos do mato capeados pelos cobardes militares cuja actuação é demais conhecida, nomeadamente por terem negado o direito - democràtico - aos que dali não sairam de manifestar o seu repùdio. Afinal quem eram os melhores filhos? Quem possuia armas e técnicas ou quem so queria poder falar?
E as baratas que se introduziram subrepticiamente tiveram medo das formigas.
Durante a pesquisa dei com um documento deveras interessante,"à la longue" dá que pensar:
ResponderEliminarPAIGC - "Plano para a Extensão da Luta Armada em Cabo Verde"
Praia de Bote traz hoje um Post importantíssimo sobre os Acontecimentos de 1977, recorte do Diário de Lisboa, um momento marcante da história contemporânea de Cabo Verde, cujo palco foi a ilha de S. Vicente, que todos devem conhecer, nomeadamente os mais jovens.
ResponderEliminarA história de uma falsa intentona, cujos protagonistas foram os comerciantes da praça mindelenses, que se organizaram em 'sindicato' reclamando pelo estrangulamento da economia da ilha, que sempre vivera de actividades comerciais e de serviços e que agora, a partir de 1975, teria que se conformar com todo o tipo de restrições à sua actividade. Ora, as políticas económicas colectivistas e recicladoras do PAIGC, baseadas na sua cartilha marxista leninista, deram o golpe de misericórdia à economia da ilha que, iniciara uma retoma em inícios da década de 70, 10 anos após o trauma dos britânicos saírem do arquiélago, e ela nunca mais se levantou. Em 40 anos um único comércio subsistiu, generalizando hoje o comércio informal etc.
Os revoltosos foram acusados injustamente de subversão, actos de sabotagem e de atentarem aos dirigentes do PAIGC que tomaram o poder em 1975. Obviamente era tudo falso mas nunca houve um esclarecimento deste processo, nem um único pedido de desculpas.
Tratava-se sim de uma purga à oposição sediada em S. Vicente. Muita gente repeitosa e digna foi tortura , tendo em conta as suas idades avançadas acabram por morrer anos depois de sequelas físicas e psicológicas.
O Zito Azevedo um dos protagonistas deste episódio, numa das pausas da doença que o haveria de vitimar, confessou ao Joaquim Saial: "- Se Deus me der força e ânimo, ainda gostaria de escrever as memórias do meu passado nas ilhas de Cabo Verde…"
Eu tinha recomendado ao Zito há anos escrever estas memórias para levantar o véu do manto diáfano que cobre a história recente de C. Verde. Hélas....
Ler em Canalice num perído de chumbo em Praia de Bote
Só uma precisão: a confissão foi feita ao amigo Artur Mendes que enviou este material para o Pd'B.
EliminarBraça,
Djack
Olhem, ri-me quando comecei a ler sobre os artefactos de guerra que esses "revoltosos" tinham em seu poder. Material explosivo só se fosse alguma bombinha de Carnaval que sobrara da última festa. Enfim, é tudo de um ridículo tal que só se pode reagir rindo e rindo sonoramente. Pois seria absolutamente surreal que um grupo de pessoas pretendesse reverter uma situação política e militar que estava nessa altura consolidada no arquipélago e creditada internacionalmente.
ResponderEliminarE acho gora piada que acusem os "revoltosos" de spinolistas quando foi o general Spínola o inspirador do processo revolucionário. Sem ele, sem o seu prestígio, acredito que os "capitães" de Abril não se sentiriam encorajados a dar o passo que deram. Eu fui um spinolista convicto e acredito que a coisa revolucionária não teria descarrilado tão desastrosamente se não tivessem feito folha ao general Spínola. Era o único que tinha t... para segurar o leme de um país que repentinamente entrou na mais autêntica bandalheira, a começar pela instituição que promoveu a revolução - a militar.
Quanto à verdade do que se passou, acredito na versão aqui apresentada pelo José Lopes. Porque faz todo o sentido.
Vítimas do processo, tive um tio que morreu de coração pouco tempo de chegar a Portugal. Só porque era desse partido, a UDC, foi escorraçado da sua terra. E também outro tio por afinidade, que não morreu logo mas ficou psicologicamente muito marcado. Também aderira à UDC.
Eu falei com o Lulu Marques,uma figura de destaque na ilha não somente por ser um dos proprietarios do cinema Eden Park que teve um papel importante na formaçao cultural do Mindelense e não so', mas também como musico e dirigente desportivo, sobre as causas da sua prisão. Ele me falou da decisão do Paigc em controlar o cinema quando no tempo colonial podia escolher os filmes e que o objectivo era fazer uma reclamaçao sobre a economia Mindelense, controlada pela Empa na Praia e que lhe indicvava os filmes que podia importar. Quem leu o n° 7 da revista do paigc - unidade e Luta, pode aperceber do sitema de contrôlo imposto pelo Paigc. O problema mais grave é que muitos militantes do paigc não leiem ou não sabem ler e não são capazes de analizar a ditatura do partido unic. Por isso ja' escrevi que foram os primeiros combatentes da luta contra o centralismo de estado leninista imposto pelo Paigc. E a culpa não é da Praia e nem dos praienses pois era o controlo do partido de alguns e nada mais. Na presença do Piduca de Nhô Pedro Claudio ele disse-me que nao recebeu choques electricos mas que foi torturado psicologicamente pelo Jorge Miranda Miranda, um amigo da familia que ele dava bilhetes de entrada no cinema. Este, que ja' tinha uma experiencia da policia da Pide em Angola e foi recuperado pelo Paigc para torturar os proprios irmaos caboverdianos. Acordava-o depois da meia noite para lhe dizer que a sua muher ja' tinha outro homem e que lhe exigia o divorcio. E que lhe disse que era capaz de fazer isso ao proprio pai se ele tentasse lutar contra o partido. Falou-nos disse pondo sempre a mâo no coraçao sofreu psicologicamente mais do aqueles que receberam choques electricos e disso veio a morrer. O Jorge Alfama e outros mereciam ser julgados mesmo depois da morte.
ResponderEliminarFiquei surpreso por ver este material, que tinha sido pedido pelo meu pai (eu estava presente) ao Artur Mendes, ter vindo à luz do dia no PdB. Não que fique melindrado com o facto, mas a verdade é que eu tinha combinado com o meu "velho", começarmos a escrever a verdadeira versão desta história, ou se quiserem, a versão do Zito Azevedo. Já tínhamos algum material, mas precisávamos destas referências temporais e de recordar as ridículas e falsas acusações que foram apresentadas para justificar o injustificável!!!
ResponderEliminarÉ evidente, que irei em breve falar sobre tudo isto, até porque devo-o ao meu pai e devo-o à verdade e à história de Cabo-Verde.
Agradeço ao Artur Mendes, ter efectuado a pesquisa e ao PdB e ao seu gerente Djack, por ter lançado o tema... Podíamos tê-lo feito feito de outra maneira, é verdade! Mas está feito!
Braça,
Paulo Azevedo
Caro Paulo,
EliminarÉ óbvio que eu não estava par... Fui apenas meio de divulgação, desconhecendo antecedentes. Se achar que é útil para o desenvolvimento da sua versão, o Pd'B apaga esta. Aqui nunca há problemas. Seremos sempre dois em um, o Pd'B e o Ac'A. Antes, como agora.
E, já agora, mande o seu endereço electrónico para mindelosempre@gmail.com, para eu lhe enviar os originais (as duas páginas do DL), como farei (conforme prometido) com os outros comentadores.
Grande abraço,
Djack
De forma nenhuma Djack, estão lançados os dados, e vamos fazer as coisas na mesma e sem qualquer problema . Enviarei o meu endereço para receber as pags. do DL.
EliminarGrande Abraço
Paulo
Obrigada Djack! A História deve ser lida e conhecida pela geração dos nossos filhos e netos. Obrigada por ter trazido, em memória do nosso Zito, este pedaço triste, mas real da história recente de Cabo Verde, em o PAIGC, enquanto partido totalitário e agressivo, fez das suas...
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