Obrigado. Acabo de dar um grande volta à minha terra mas o mau foi não ter comido um peixinho frito sem qualquer molho, e sentir o estalido do torradinho. Bolas !!!
Se não me enganei a ler, a reportagem é de 2011. Mas caso feita hoje, a narrativa não destoaria muito no seu visual porque desde então a evolução não deixou marcas assinaláveis na ilha. Nestes seis anos que passaram não houve uma transformação na cidade do Mindelo que seja augúrio de novos tempos, como acontece na capital do país, sobre a qual se concentram privilegiadamente as atenções dos governos. No entanto, a verdade é que a cidade se expandiu consideravelmente para a sua periferia nas últimas décadas, mas com o ónus de ser causa iniludível dos fenómenos sociais que não escaparam ao olhar do repórter: prostituição de adolescentes, “caçubodis”, velhos e doentes mentais deambulando pelas ruas, etc. É quase sempre improvável que o progresso se exerça com o peso e medida certos para lograr uma justa relação de equilíbrio entre a satisfação das necessidades materiais e a preservação da personalidade e da alma de uma urbe. Quem dos tempos já recuados, como eu, visita a cidade, procura sofregamente entre alguns salvados da memória restos da autenticidade do seu porte e do seu brio antigos, e o que vê não é animador. Parece que os novos tempos varreram aquela dignidade que era reconhecível mesmo na pobreza tornando caso muito excepcional a prostituição de adolescentes. Quando tudo se inscrevia num espaço mais contido, a cidade tinha outro orgulho de si e fazia alarde da sua roupa asseada em corpo minguado. Hoje, até as ruas mais nobres do Mindelo dão mostras de abandalhamento sem precedentes, parecendo ninguém importar-se com os meninos sem tecto e aparentemente sem pais, com idosos e dementes sentados nos passeios, com vendas de toda a espécie na via pública e outros comportamentos menos dignos. Não é só o zouk que substituiu nas discotecas os ritmos do corpo que nos eram mais típicos, também há usos e práticas novos a ameaçar aquela singela e natural maneira de estar e viver. Pode ser o efeito inevitável dos tempos, mas quem ama e sente a cidade consegue captar pedaços de alma própria que ainda persistem livres na sua deriva.
É possível que sim, que seja de 2011, embora eu tenha voltado ao texto e não tenha encontrado essa data. Chegou-me através de um alerta do Google e foi logo para aqui. Mas de facto está actualizado.
Obrigado.
ResponderEliminarAcabo de dar um grande volta à minha terra mas o mau foi não ter comido um peixinho frito sem qualquer molho, e sentir o estalido do torradinho. Bolas !!!
Se não me enganei a ler, a reportagem é de 2011. Mas caso feita hoje, a narrativa não destoaria muito no seu visual porque desde então a evolução não deixou marcas assinaláveis na ilha. Nestes seis anos que passaram não houve uma transformação na cidade do Mindelo que seja augúrio de novos tempos, como acontece na capital do país, sobre a qual se concentram privilegiadamente as atenções dos governos.
ResponderEliminarNo entanto, a verdade é que a cidade se expandiu consideravelmente para a sua periferia nas últimas décadas, mas com o ónus de ser causa iniludível dos fenómenos sociais que não escaparam ao olhar do repórter: prostituição de adolescentes, “caçubodis”, velhos e doentes mentais deambulando pelas ruas, etc.
É quase sempre improvável que o progresso se exerça com o peso e medida certos para lograr uma justa relação de equilíbrio entre a satisfação das necessidades materiais e a preservação da personalidade e da alma de uma urbe. Quem dos tempos já recuados, como eu, visita a cidade, procura sofregamente entre alguns salvados da memória restos da autenticidade do seu porte e do seu brio antigos, e o que vê não é animador. Parece que os novos tempos varreram aquela dignidade que era reconhecível mesmo na pobreza tornando caso muito excepcional a prostituição de adolescentes. Quando tudo se inscrevia num espaço mais contido, a cidade tinha outro orgulho de si e fazia alarde da sua roupa asseada em corpo minguado. Hoje, até as ruas mais nobres do Mindelo dão mostras de abandalhamento sem precedentes, parecendo ninguém importar-se com os meninos sem tecto e aparentemente sem pais, com idosos e dementes sentados nos passeios, com vendas de toda a espécie na via pública e outros comportamentos menos dignos.
Não é só o zouk que substituiu nas discotecas os ritmos do corpo que nos eram mais típicos, também há usos e práticas novos a ameaçar aquela singela e natural maneira de estar e viver. Pode ser o efeito inevitável dos tempos, mas quem ama e sente a cidade consegue captar pedaços de alma própria que ainda persistem livres na sua deriva.
É possível que sim, que seja de 2011, embora eu tenha voltado ao texto e não tenha encontrado essa data. Chegou-me através de um alerta do Google e foi logo para aqui. Mas de facto está actualizado.
EliminarBraça mindelense,
Djack