quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

[3319] Ainda a comemoração dos 70 anos de "Chiquinho" de Baltasar Lopes, em Almada. Uma nota simpática com sabor de crítica... e com razão!

É claro que quem tem possibilidade de fazer algo útil, o deve fazer... Foi o que eu fiz, quando inventei esta homenagem que teve a colaboração de mais um alentejano (poeta) e uma alentejana (professora). Pode pois parecer esquisito três alentejanos, dois dos quais nunca pisaram tchom de Cabverd se meterem nesta empreitada que parecendo que não deu trabalho que se fartou. Não falando em convidados que alinharam na ideia, na Câmara Municipal de Almada que deu instalações e propaganda e na Embaixada de Cabo Verde que forneceu a música. E da parte dos organizadores e convidados tudo pro bono - que é o mesmo que dizer que não auferiram um cêntimo (nem um tstom) pela coisa. Mas esta lá se concretizou e está acabada com o sucesso possível.

Mas estranho, estranho mesmo, é não ter havido mais nenhuma no género em chão luso. Pelo menos que o Pd'B saiba. Se houve, teremos todo o gosto em divulgar os seus resultados aqui no blogue. Até porque "Chiquinho" e Baltasar Lopes não são quaisquer uns...

Quanto ao comentário do Adriano, já sabemos como ele é generoso. Mas abstraindo o elogio ao Djack (nosso amigo comum), o que ele diz sobre o "Chiquinho" é verdade, verdadinha. Sem dúvida.

O post 3306 do Praia de Bote (ver AQUI) assinala o encerramento da homenagem que foi prestada ao romance "Chiquinho", por iniciativa de Joaquim Saial.

Só agora pude ir comentar, porque afazeres familiares natalícios me impediram de o fazer antes. 

Escrevi este comentário:

O Joaquim Saial, proprietário deste blogue, o nosso "Djack", não tem nada a agradecer, como faz na parte final deste post. Quem tem a agradecer é o povo cabo-verdiano, resida ele nas ilhas ou nas comunidades fora do país. Ou seja, nós é que estamos todos gratos por esta sua iniciativa cultural, e que é também cívica, de homenagear o romance Chiquinho, uma obra literária que é de um simbolismo lapidar nas letras e na história de Cabo Verde.

Ainda por cima, a iniciativa realizou-se fora do país, o que não quer dizer que seja um repto aos que por dever de ofício deviam tomar a dianteira em actos desta natureza. Quer simplesmente dizer que o romance transcende as fronteiras físicas do território onde teve o seu berço para se tornar, por mérito próprio, uma referência no universo cabo-verdiano, onde quer que o povo lance a âncora da sua viagem. E a âncora tem esse desígnio, ou esse destino, de demandar todos os lugares do mundo onde o povo das ilhas se fixou e continua a fixar-se em busca de uma vida mais a contento dos seus anseios e dos sonhos que povoam o seu imaginário de não ceder ao infortúnio e às dificuldades da vida. O romance Chiquinho é um romance de todos porque foi escrito para todos, independentemente do grau de instrução escolar, porque a narrativa que contém é inteligível por qualquer um, visto que o que desfila nas suas páginas é como um palimpsesto, onde transita uma história de luta e sofrimento mas também de esperança e inconformismo. Ontem, uns foram protagonistas e deixaram nele o seu registo, hoje e no futuro outros são e outros serão. Felizmente que o protagonismo das tragédias mais dolorosas já faz parte da história. Mas que sirva o Chiquinho como bandeira de um triunfo que há-de conseguir-se em definitivo, já não com a simples força de uma resignação escatológica, mas doravante com um alento e uma força de querer que têm de ser continuamente reinventados.

Se venho tardiamente de visita a este post é porque razões de força maior não me permitiram aparecer mais cedo.

Bem-haja, Dajck!

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