quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

[3508] Comemoração dos sete anos do Pd'B (6) - O governador que não o foi...

"A Capital" (Lisboa), 13.10.1910
Já aqui temos falado muitas vezes de governadores de Cabo Verde que foram a âncora de muitas vidas salvas, quando o governo central em Lisboa estava cego, surdo e mudo às necessidades de Cabo Verde, necessidades essas muitas vezes de vida e morte. É claro que houve um ou outro menos hábil, menos inteligente, menos empenhado ou menos atento a essas premências das ilhas. Mas no geral, ao depararem com a miséria que nelas grassava, fizeram, como lhes competia, o seu dever possível. 

E também já temos instado os universitários locais a darem atenção a essas figuras que fazem parte integrante da história do país. Como dissemos há poucos dias, as biografias destes muitos homens dão para uma vasta quantidade de teses de mestrado e doutoramento. É só ir ao "depósito" das bibliotecas, dos arquivos e dos jornais que elas estão lá, gatchóde, à espera de quem as traga à luz do dia.

Bem, mas hoje, dia de 7.º aniversário do Pd'B, resolvemos trazer ao conhecimento. dos visitantes do Pd'B um que antes de o ser... não o foi. Escassos três dias depois da proclamação da República, o 1.º tenente Muzanti, oficial da Armada, era nomeado governador de Cabo Verde, juntamente com os da Guiné, Angola e Índia. Acontece que, por motivos que ainda desconhecemos, Muzanti acabou por não ir para Cabo Verde, seguindo a 7 de Novembro para o arquipélago em seu lugar o brilhante mas muito prolemático Artur Marinha de Campos, também oficial da Armada.

João Augusto de Oliveira Muzanti acabou por chegar a almirante, tendo falecido enquanto desempenhava o cargo de Chefe de Estado Maior Naval (hoje seria Chefe de Estado Maior da Armada), na tarde do dia 21 de Março de 1937, depois de lhe ter sido amputada uma perna em virtude de doença que sofria. De longa e preenchida biografia, apontamos apenas dois factos da mesma: combateu em 1908 nas chamadas "campanhas de pacificação da Guiné", enquanto governador da colónia (1906-1909), e foi ele que ao comando do aviso "República" salvou Gago Coutinho e Sacadura Cabral quando estes caíram nos penedos de São Pedro e São Paulo, durante da célebre viagem Lisboa-Rio de Janeiro.

"A Capital" (Lisboa), 7.11.1910

2 comentários:

  1. Mais uma descoberta. Nunca tinha ouvido falar desse Governador que, dado o curriculo, poderia ser um dos bons que tivemos a sorte de receber nas ilhas (des)afortunadas. Quem sabe?

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  2. É sempre muito importante e interessante evocar estes antigos governadores de cabo Verde. Ainda em post recente desenvolvi a minha opinião sobre o seu perfil de homem e de servidores públicos.

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