domingo, 19 de maio de 2019

[4225] COLÓQUIO DE HOMENAGEM AO POETA CABO-VERDIANO JORGE BARBOSA

22 de Maio de 2019
CHAM /NOVAFCSH
Edifício ID, Sala Multiusos 2
Av. de Berna, Lisboa, Portugal
14h00-17h00

14h00-14h20 – Recepção dos participantes

14h20-15h40 – Conferências

Moderação: Noemi Alfieri (Assistente de Investigação do CHAM)

Hans-Peter Heilmair "Lonha" (Doutor com uma tese sobre a Literatura Cabo-verdiana e Professor)
Posicionamento da Obra e Actuação de Baltasar Lopes da Silva na Luta pela Dignificação da Cultura e Língua Cabo-verdiana

Joaquim Saial (Mestre em História de Arte e Professor)
Jorge Barbosa, o Ilhéu Consciente

José Luís Hopffer Almada (Poeta e Jurista)
Reminiscências da Negritude e da Afrocrioulitude na Escrita dos Claridosos, em especial na Poética de Jorge Barbosa e Osvaldo Alcântara

Hilarino Carlos Rodrigues da Luz (Investigador da NOVA FCSH e Investigador Integrado do CHAM)
Reflexos do Quotidiano Cabo-verdiano no “Poema Memorial de S. Tomé” de Jorge Barbosa e na Obra “Famintos” de Luís Romano

15h40-16h00 – Debate 

16h00-16h20 – Intervalo

16h20-16h40 – Recital de Poesia (Lisneia, Tamilton Teixeira, Giusepe, Maria Vitória, Bianca Aguilar, Heloísa Monteiro, Luís Tomar, Carlota de Barros, Regina Correia, Abílio de Barros). 

16h40-17h00 – Intervenção de Maria Teresa Segredo (Embaixadora da Rede de Voluntariado de Cabo Verde na Europa) 



MODERAÇÃO

Noemi Alfieri (Doutoranda na NOVA FCSH e Assistente de Investigação do CHAM)
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Espanhol e Português) pela Universitá degli Studi di Torino, Itália, concluiu o Mestrado em Línguas e Literaturas Modernas (Português) na mesma faculdade, com a tese Pepetela e as Aventuras de Ngunga: alla scoperta dell'identità angolana. É doutoranda em Estudos Portugueses na FCSH-Universidade NOVA de Lisboa e Assistente de Investigação do CHAM, Centro de Humanidades. Conduz a sua investigação sobre o tema (Re)Construir a Identidade Através do Conflito: uma Abordagem às Literaturas Africanas em Língua Portuguesa (1961-74). Integra o grupo de investigação Leitura e Formas d’ Escrita e colabora com as linhas temáticas de Estudos Africanos e História das Mulheres e do Género. É membro da Comissão Organizadora do IV CHAM Conference - Innovation, Invention and Memory in Africa.

ORADORES

Hans-Peter Heilmair "Lonha", Doutor com uma tese sobre a Literatura Cabo-verdiana, foi docente na área de Português nas Universidades de Freiburg (Alemanha), Zürich e Fribourg – Suíça (1990 e 1996) e ministrou acções de formação contínua de professores sobre as interferências do crioulo de Cabo Verde no português (1995 – 2000) e a disciplina de Alemão no curso de Turismo, no INP e no ISLA – Universidade Europeia (2000 e 2013). Também leccionou e participou num projecto de produção de materiais didácticos bilingues português/crioulo, na ESE João de Deus, Lisboa (2002 e 2004); Mestrado em Pedagogia na Universidade de Santiago, em Assomada, Cabo Verde (2016) e curso de Língua Cabo-Verdiana na Associação Caboverdeana de Lisboa (desde 2015). 

Posicionamento da obra e actuação de Baltasar Lopes da Silva na luta pela dignificação da cultura e língua cabo-verdiana
Autor do romance Chiquinho, de contos, ensaios e poesias (enquanto Osvaldo Alcântara), Baltasar Lopes é também autor de uma obra de índole linguístico e cultural, O Dialecto Crioulo de Cabo Verde. Sendo hoje óbvio que o crioulo de Cabo Verde não é nenhum dialecto, classificação que deve ser encarada no contexto do regime colonial e da imposição o de definições a ele inerente, senão uma língua de pleno direito, é interessante abordar a temática do posicionamento do próprio autor e daquele que lhe possa ser atribuído quanto à independência cultural de Cabo Verde e da sua língua. 
Abordar-se-á, nesta comunicação, o enunciado da obra de Baltasar Lopes em termos de definição e defesa dos valores culturais, tendo em conta, quanto à sua veiculação mais implícita ou explícita, os condicionalismos políticos vigentes na altura da sua publicação, questão a que, aliás, o próprio autor se haveria de referir em retrospectiva. Entram, portanto, os aspectos da afirmação subjectiva e objectiva e do seu carácter relativo, assunto tanto mais interessante quanto o autor viveu a transição entre as duas épocas, antes e depois da independência.

Joaquim Saial é Mestre em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Licenciado em Ciências Humanas e Sociais pela mesma Universidade e em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa. Possui, ainda, o diploma de Estudios Superiores da Universidade de Salamanca. Foi professor de História da Arte na Licenciatura em Turismo do Instituto Superior de Novas Profissões e do 2.º e 3.º ciclos do ensino público português, tendo-se aposentado em 2012. Na Universidade Católica Portuguesa – Escola das Artes, Extensão de Lisboa, criou e dirigiu a cadeira de Arte Pública do Século XX, do Mestrado em Arte Contemporânea. Além de outras actividades, tem participado em conferências em universidades portuguesas, na Fundação Calouste Gulbenkian, onde foi bolseiro, e em outras instituições culturais nacionais e estrangeiras. Tem várias publicações em livro, jornais e revistas de Portugal e Cabo Verde e é Cidadão Honorário da Ribeira Grande Santiago (Cidade Velha), ilha de Santiago, Cabo Verde.

Jorge Barbosa, o poeta consciente
Jorge Barbosa é “o poeta” de Cabo Verde, sem competidor à altura, em vida e no género, no território verdiano. Sem estudos superiores, mas com significativas leituras e lata curiosidade intelectual, o facto de ter exercido a profissão de aduaneiro não o impediu – antes o enriqueceu em vivências – de prosseguir uma via literária de elevada qualidade, ao nível da dos seus contemporâneos continentais europeus e brasileiros mais importantes, com muitos dos quais privou, ainda que apenas por correspondência trocada.
A poética barbosiana obedece à assunção do aprisionamento próprio da condição insular. Patente em parte significativa das suas criações, mostra amiúde a contradição entre o ir e o ficar, entre o gosto de partir à descoberta do mundo além-mar e a vontade de permanência no rincão natal: “a minha assinatura e a minha renúncia, / que fez com que todas as viagens / nunca passassem do cais da ilha de S. Vicente”, por contraposição a “Navio aonde vais (…) / Leva-me contigo / navio / Mas torna-me a trazer!” No entanto, também a consciência política nela se pressente, como num poema que dedica a Marcelo Caetano, onde diz que os seus ouvidos e a sua alma “estão cheios apenas dos ecos que ficam dois gritos e das aflições da vida”.

José Luís C. Hopffer Almada, poeta, jurista, ensaísta, analista e comentador político, é Pós-graduado em Ciências Jurídicas, Ciências Políticas e Internacionais e em Ciências Jurídico-Urbanísticas pela Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa. Licenciado em Direito pela Universidade Karl Marx, de Leipzig na antiga República Democrática Alemã (RDA), é detentor de uma vasta experiência profissional, nomeadamente como Técnico Superior da Secretaria Geral do Governo, da Secretaria de Estado da Promoção Social, do Instituto Nacional da Cultura e do Instituto Nacional da Investigação e da Protecção Culturais. Além de estar representado em diferentes colectâneas, antologias poéticas e ensaísticas nacionais e estrangeiras, é autor de vários estudos, ensaios e poemários, a registar: Sonhos Caminhantes (2017); Rememoração do Tempo e da Humidade (Poema de Nzé de Sant´y Ago) (2015/2016); Praianas (Revisitações do Tempo e da Cidade) (2009); Assomada Nocturna (Poema de NZé di Sant’ y Águ) (2005); Assomada Noturna (1993); e À Sombra do Sol, Volume I e Volume II (1990). Tem participação regular em colóquios, conferências e congressos em países como Cabo Verde, Senegal, Cuba, Bélgica, Brasil, Angola, Portugal, Holanda, Suíça, Moçambique e a Itália.
Foi condecorado com a Medalha de Mérito Cultural de Primeira Classe, do Governo de Cabo Verde, e com a Medalha da Ordem do Vulcão, outorgado pelo Presidente da República de Cabo Verde.    

Reminiscências da Negritude e da Afrocrioulitude na Escrita dos Claridosos, em especial na Poética de Jorge Barbosa e Osvaldo Alcântara
Os claridosos e a revista na qual se foi buscar o seu nome de baptismo celebrizaram-se por terem inaugurado em Cabo Verde uma escrita moderna de feição telúrica e na qual há uma ampla comunhão entre a terra e o homem cabo-verdianos, sendo este o protagonista quase exclusivo do seu destino. Lastro comum dessa escrita é a cabo-verdianidade entendida como a crioulidade historicamente sedimentada e enraizada nas ilhas e de que o idioma crioulo cabo-verdiano é a principal expressão. Amiúde foi essa crioulidade entendida como excludente da matriz negro-africana, significando por isso uma forma exacerbada de diluição de África, como atestado, por exemplo, em vários escritos de Baltasar Lopes da Silva.
Todavia muitas são as reminiscências da negritude e da afrocrioulitude na escrita tanto poética como ficcional e ensaística dos claridosos, como se tentará comprovar na nossa palestra.

Hilarino Carlos Rodrigues da Luz, Investigador da NOVA FCSH e Investigador Integrado do CHAM, Centro de Humanidades, foi Bolseiro Pósdoc. do CHAM, de Julho de 2015 a Junho de 2018. É Doutor em Estudos Portugueses, especialização em Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa (2013), Mestre em Estudos Portugueses, especialização em Estudos Literários (2008), Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, Variante de Estudos Portugueses (2006), pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Possui uma vasta experiência profissional, nomeadamente no ensino público português, no sector editorial e na bibliotecnia. Além de artigos publicados por peer review em livros e revistas, tem participado em vários congressos internacionais em Portugal, Cabo Verde, Itália e Polónia. Tem participação em júris de provas de mestrado e é coorientador de uma tese de doutoramento. É membro de várias redes de investigação, nomeadamente sobre Angola. 

Reflexos do Quotidiano Cabo-verdiano no “Poema Memorial de S. Tomé” de Jorge Barbosa e na Obra Famintos de Luís Romano
Pretendemos, com esta comunicação, apresentar uma breve reflexão do poema “Memorial de S. Tomé”, de Jorge Barbosa, e da obra Famintos (1962), de Luís Romano. Trata-se de uma abordagem que, além de visar evidenciar algumas abordagens testemunhais e reivindicativas dos dois autores, procura mostrar que a saída dos cabo-verdianos para as Roças de S. Tomé resulta das dificuldades internas vividas nas ilhas, sobretudo quando não chovia, visto que a queda da chuva simboliza, algumas vezes, um ano agrícola favorável e mantimentos em abastança. Contudo, a sua irregularidade, distinguida por grandes secas, tem feito com que o cabo-verdiano se confronte, em certos períodos de tempo, com épocas de estiagem, com consequências dramáticas na agricultura e na criação de gado. 
Quando não chove, os agricultores e a maioria dos residentes acabam por ser as grandes vítimas, dada a carência de géneros básicos de subsistência, mormente o milho. Ora, a seca cria, portanto, nos cabo-verdianos a necessidade de procurarem alternativas para os seus problemas.



3 comentários:

  1. Pena não haver super sônicos a partir daqui

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  2. Por este painel e por aquilo que ouvi ao Joaquim e a um amigo e camarada da Armada, que é um homem de vasta cultura e largas fronteiras mentais, o evento decorreu com um nível elevado, à altura do prestígio do poeta homenageado. Se vivesse em Lisboa, naturalmente que não teria faltado com a minha presença.
    Felicito o Joaquim por esta reportagem e pela sua participação no evento.

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