quarta-feira, 8 de setembro de 2021

[5338] Cauny Prima, também...

Num dos seus recentes comentários, o Adriano referiu-se ao Cauny Prima que um familiar lhe ofereceu por ocasião da conclusão do 5.º ano do Liceu - o qual depois lhe foi roubado, com muita pena sua, como ele disse. E nem era preciso dizer, pois se me tivessem roubado o meu, a tristeza seria idêntica.

Ora bem, aqui o Cauny Prima do Djack, que já não é usado por ser demasiado pequeno para o pulso do dono, ainda trabalha. Foi-lhe oferecido pela conclusão da 4.ª classe e da admissão ao liceu, algures em Julho de 1963. "Agora vais para o Liceu, tens de ter um relógio para saberes a quantas andas", foi mais ou menos a frase paterna, ao desembrulhar a lindíssima máquina em plaqué dourado (assim se dizia) comprada na loja do Benvindo, na Rua de Lisboa, como todos sabemos. O prémio da passagem do 2.º ano foi um rádio de transístores Philco (esse, adquirido na loja de electrodomésticos do Leão), mas isso já é outra história que não vem ao caso relojoeiro de que estamos a falar.

Pois aqui fica a "cebola" de categoria, com 17 rubis, adereço igual ou semelhante ao que muitos gileanistas e mnis d'scola técnica tiveram e talvez ainda conservem. Grandes tempos, grande Cauny Prima.


3 comentários:

  1. É este mesmo, Djack, o relógio da nossa saudade. Mas parece-me que o meu era um pouco maior, pois que me foi oferecido quando eu teria uma idade superior à tua, 16 para 17 anos, e, por conseguinte, com um pulso em princípio maior. Tanto que me serviu até à idade de 28 anos, homem já feito e com boa envergadura. Foi-me roubado na Messe de Oficiais do antigo Regimento de Artilharia Ligeira 3, em Évora. Mas vou explicar como foi. Saí do meu quarto e fui às instalações sanitárias tomar o banho matinal. Estas eram comuns aos quartos do mesmo corredor, porque o edifício era antigo e não contemplava o benefício de casa de banho privativo em cada quarto. Quando entrei para debaixo do chuveiro, reparei que tinha o relógio no pulso e retirei-o e coloquei-o no cimo da parede divisória do balneário (era uma meia parede, pouco mais alta que a altura duma pessoa). Quando regressei ao quarto, verifiquei que me esqueci do relógio e fui buscá-lo ao sítio onde o deixei. Mas já lá não estava. Então, concluí que o “desvio” do relógio só podia ter sido cometido por uma empregada de limpeza que na altura estava no local a fazer o seu trabalho. Era uma mulher de mais de 40 anos e que eu sabia que vivia com dificuldades, com filhos para criar. Não tive coragem de a interpelar.
    No entanto, a esta distância (o tempo é um grande mestre), penso que talvez pudesse ter encontrado uma solução. Falava-lhe com toda a franqueza e dava-lhe uma importância em dinheiro como compensação para a devolução do relógio. É que eu ia embarcar nesse dia para Moçambique com uma companhia, e certamente que ela ficaria tranquilizada sabendo de antemão que não teria o constrangimento de me encarar nos dias seguintes. Acredito que se lhe se falasse ao coração, explicando-lhe que o relógio tinha um valor sentimental muito acima do seu real valor material (o relógio tinha uns 13 anos), ela mo teria devolvido.
    E pronto, esta é a história do meu Cauny Prima. Substituí-o no mesmo dia por outro de que não me lembro a marca e pouco durou. Quando, ao fim da tarde desse dia, ia com a minha companhia a bordo de um boeing 707 fretado pela Força Aérea para transporte de tropas para o Ultramar, o relógio que captou os frémitos do meu pulso já não era o meu Cauny Prima oferecido pelo meu querido e saudoso tio Carlos Adriano Soulé, infelizmente falecido em Janeiro deste ano em S. Vicente. Que satisfação teria tido em mostrar-lhe o relógio que me ofereceu e conservado para sempre como uma relíquia.
    Quanto ao resto, nunca liguei a relógios e sempre usei dos baratos, desde que me indicassem as horas.

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    1. E olha que a marca ainda existe e é vendida em Portugal. Aqui vai o link para o site que terás de copiar, pois nos comentários não fica activo para se clicar.
      https://cauny.com/pt

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    2. Mas não quero comprar nenhum, Djack. Bastou o que eu descrevi no meu anterior comentário.

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