100 "Crónicas do Norte Atlântico"
Na 100.ª "Crónica do Norte Atlântico", o projecto do governador António Lopes dos Santos, em 1972, de aliciamento de Onésimo Silveira (na altura, representante do PAIGC na Suécia para a Escandinávia e Holanda), tendo em vista o seu abandono do PAIGC.
Artigo de Joaquim Saial no jornal "Terra Nova", baseado em documentação secreta dirigida pelo governador ao ministro do Ultramar, Silva Cunha (1.ª parte)
Pegando nas palavras da tua introdução, pergunto-me se seriam assim muito diferentes os ideais de Lopes dos Santos e os de Onésimo Silveira. Sei que o brigadeiro era um homem de princípios e um humanista e que o Silveira era igualmente um humanista e sobretudo um homem de causas. Ambos quereriam o melhor para o povo das ilhas. Resta é saber se o melhor foi conseguido com uma independência política injectada de supetão por uma vanguarda revolucionária que o povo das ilhas nem conhecia, ou se uma melhor solução não poderia ter sido aquela que o povo das ilhas decidisse livremente, sem pressão de quem quer quer seja, e mediante uma análise fria, racional e judiciosa da sua realidade concreta.
ResponderEliminarTenho a certeza de que o então governador do território estava a ver bem o problema quando tencionou contactar o Onésimo Silveira. Até porque o próprio Onésimo iria, mais tarde, olhar para a realidade com outra nitidez, precisamente quando proferiu certa afirmação em público, numa sessão realizada na Associação de Antigos Alunos do liceu, em Lisboa, em que estive presente. Ora, o Onésimo afirmou de forma lapidar que Cabo Verde cometeu um erro histórico porque a solução mais acertada para o seu povo teria sido a autodeterminação e não a independência.