Em 1954, Jorge Barbosa é nomeado comissário do Governo, para acompanhar uma leva de trabalhadores cabo-verdianos remetidos para S. Tomé. No regresso, cumprindo antigo desejo, passa por Lisboa, onde fica dois meses. Aqui, contacta o meio intelectual, publica poemas no "Diário de Lisboa" e dá uma entrevista ao "Diário Popular". Das pessoas com quem conviveu na capital do Império, uma delas foi o preparador do Instituto de Medicina Tropical António Joaquim Vieira. É para este que, com um abraço, depois enviará do Mindelo um postal (cuja cópia possuimos) com imagem da Praça Nova, no dia 7 de Julho desse mesmo ano de 1954. Aqui fica o autógrafo do poeta, nesse ilustrado publicado pelo Café Royal (por motivos óbvios, apenas publicamos o excerto do postal onde se encontra o autógrafo).
Estou convencido de que o poeta Jorge Barbosa embarcou nesta missão com um sentimento de irreprimível amargura, porque acompanhou uma leva de pessoas que partiam para uma situação que pouco diferia da escravatura. É que os contratados para as roças de S. Tomé eram os intérpretes mais genuínos do dilema islenho que o poeta plasmou na sua poesia: "querer ficar e ter que partir / querer partir e ter que ficar". Esses contratados quereriam certamente ficar mas partiam porque não tinham outro remédio: falta de trabalho nas ilhas e os ciclos de secas implacáveis . Regressavam muitos deles enfraquecidos por doenças tropicais a que não estavam habituados, e com os bolsos praticamente vazios. A única diferença é que tiveram a possibilidade de refeições regulares enquanto contratados, ainda que elementares.
ResponderEliminarComentário do nosso amigo Adriano DIDI Miranda Lima, que contextualiza a viagem do MARAVILHOSO Barbosa!!! Quanto sofrimento, nesse "Caminho longe, caminho pâ São Tomé"!
EliminarMaria Helena, obrigado pela sua simpática apreciação ao meu comentário. Parabéns pelo seu novo livro e daqui de Tomar lhe envio os meus votos de Bom Ano.
EliminarAdriano