Foto Joaquim Saial |
BÔ CRIA SER POETA ...
[...] Amim djam / cria ser poeta // Pam fazê um / mar di poesia//
Pam compará / que’ss bô beleza / d’ natureza / [...]
Paulino Vieira
(ao amigo Paulino Vieira)
Teu andar é leve
como se temesses
fender o chão as folhas as pedras
quando passas
deixas uma esteira de nuvens
e entre as nuvens
o ardor de sons
dedilhados por ágeis dedos febris
na tua guitarra mágica
não vês ninguém
poeta solitário
caminhas
cansado de viver dias inteiros
entre homens e mulheres
num mundo hostil
que não sentes ser o teu
bô cria ser poeta ...
com um sorriso iluminado de criança
prossegues teu caminho
teu sonho de viver
solitário
segues só
em direcção ao silêncio dos campos que amas
à respiração da terra que sorves com fervor
escutas o canto dos pássaros
que à tua passagem formam círculos
e te envolvem livremente
és livre
és valsa
és vela
és vaga
és vento
e segues cintilante
tua rota de cavaleiro andante solitário
em direção ao silêncio dos campos que amas
bô cria ser poeta ...
Carlota de Barros
(in “Na Pedra Do Tempo”)
Edições Artiletra - 2018
Paulino qria ser poeta. Paulino ê màs di qui poeta.
ResponderEliminarPena ele estode ta vivê na sê munde sem abri porta.
O poema é lindo e constitui justa homenagem ao Paulino Vieira.
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