SALVEMOS A UCRÂNIA
Uma multidão de mulheres... crianças e idosos
tenta entrar desesperadamente nas carruagens a abarrotar
desalento que vem de longe... horas e horas caminhando ao frio
vêm de longe... a pé... gelados ... uma esperança no coração
Nas ruas de suas cidades anoitece ... melancolia soturna
falo de melancolia ... falo de um silêncio recolhido
do cheiro a morte nas cidades cercadas de tanques
Ouvem-se explosões e sirenes para recolherem
e o homem com chifres de Belzebu que se julga invencível
sorri sinistramente ... dando ordens do seu trono satânico
o resto do mundo sofre as dores das mães das crianças e dos homens
A morte rondando ... sirenes que assustam as crianças
hora de recolher nos bunkers
enquanto o grande país resiste fortemente
então penso ... afinal o que escrevo são palavras já ditas
recolho-me num silêncio tão melancólico que dói
mas não consigo deixar de escrever ... é um impulso
não consigo parar mesmo que reconheça
as palavras de outros poemas já escritos
O sol aquece-me as costas na cadeira em que escrevo
mas sinto de repente um frio gelar-me a espinha
penso nas crianças e nas mães e nos pais e nos rapazes que ficam
toda eu sou tristeza ... sofro pelas mães...sofre pelos pais
Como têm sido melancólicos estes dias!
e o que se julga invencível continua mentindo
e a tristeza abate-me mas sei que não tardará
a sua mentira será esmagada pela própria mentira
em que se encendia
E assim se destrói um povo irmão
assim se separa os homens das mulheres e dos filhos
sombrios os soldados resistem firmemente
sombrios morrem homens sem culpa
sombrias as mulheres chorarão os seus homens
sombrios abraçamos a causa ucraniana
sombrios vivemos todos... horas mortas... solidão sem abrigo
Sombrio o Satânico mantém-se firme no seu Palácio dando ordens
até que nós todos gritemos aos ventos que é tudo falso... farsa e traição
Carlota de Barros
Lisboa, 28 de Fevereiro de 2022
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