O autor, José Luiz Tavares e o CCCV – Centro Cultural de Cabo Verde têm o prazer de convidar todas e todos para a apresentação do livro "Uma Pedra Contra o Firmamento", de José Luiz Tavares”, que terá lugar no dia 2 de Dezembro, pelas 18h00, no CCCV, localizado a Rua de São Bento, n.º 640, 1250-222 Lisboa.
A apresentação estará a cargo do Professor Doutor Pires Laranjeira e do Dr. Zetho Gonçalves. Conta ainda com um apontamento musical protagonizado por Chalo Correia.
A entrada é livre.
A OBRA
Abarcando um período de vinte e três anos, 1999/2022, «Uma Pedra Contra o Firmamento» é um impressionante e edificante testemunho (que tem o seu contraponto no combate pela desratização da literatura cabo-verdiana) de um dos mais relevantes poetas cabo-verdianos da atualidade ou de qualquer outra época.
Compilando discursos, intervenções, entrevistas, polémicas cívicas e literárias, notas antropológicas, históricas, paisagísticas, políticas e sociais sobre Cabo Verde (estas em regime de escritos de viagem), estudos sobre a sua obra, e até um longo poema sobre a marginalidade poética, contraposta a uma certa marginalidade social (essa tomando como objeto os thugs da cidade da Praia), este livro intenso e extenso (cerca de seiscentas páginas), vem, mais uma vez, realçar o vulto icónico e único, e a singularidade de José Luiz tavares nas letras cabo-verdianas e lusófonas, por onde tem passeado a sua sublime voz poética e a sua atitude cidadã inconformista, quando não mesmo impertinente e livremente afrontosa, desde o inaugural discurso da Fundação Calouste Gulbenkian, em junho de 2004.
Um testemunho para durar e perdurar, ousado e grandiloquente, no ano em que o autor comemora cinquenta e cinco anos de vida, e trinta e cinco de escrita. Invetivante e acutilante (às vezes até à irritação), mas sempre portadora duma notável sublimidade, que lhe advém da assunção plena da consciência criadora, esta não é uma corriqueira pedra rolando pelas ladeiras dos dias funcionários, mas um tremendo e aguçado calhau dirigido ao coração das letras cabo-verdianas, e não só. Neste natal, fazendo suas estas bíblicas palavras, José Luiz Tavares não vem trazer a paz, mas sim a espada.
O AUTOR
José Luiz Tavares nasceu no dia de Camões, 10 de junho, no Tarrafal, ilha de Santiago, Cabo Verde, em 1967. Estudou literatura e filosofia em Portugal, onde vive em exílio voluntário, dedicado à sua obra. Publicou dezanove livros, desde a sua estreia em 2003, com Paraíso Apagado por um Trovão, que vêm moldando o panorama poético cabo-verdiano. É o escritor mais premiado de sempre de Cabo Verde, tendo recebido, no seu país e no estrangeiro, entre outros, os seguintes prémios: Prémio Cesário Verde, Prémio Mário António de Poesia, Prémio Jorge Barbosa, Prémio Pedro Cardoso, Prémio Cidade de Ourense de Poesia, Prémio BCA/Academia Cabo-verdiana de Letras, Prémio Vasco Graça Moura/INCM, por três vezes consecutivas recebeu o Prémio Literatura para Todos do Ministério da Educação do Brasil, foi finalista duas vezes do prémio ibero-americano Correntes d’escritas, finalista do Pen Club Português, semifinalista do Prémio Portugal Telecom de literatura e Oceanos de Língua Portuguesa. Os seus livros integram o Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde e Portugal. Está traduzido para inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, mandarim, neerlandês, russo, finlandês, catalão, galês e letão. Traduziu Camões e Pessoa para cabo-verdiano. Tem inúmeros inimigos, sobretudo não declarados, e meia-dúzia de bons amigos. Deu coices e levou. É consumidor de cerveja, de preferência stout, em doses homéricas. Não aceitou nenhuma comenda no seu país ou no estrangeiro, tendo recusado, até agora, todas as propostas de distinção honorífica. Não é elo de nenhuma rede, social ou outra. Vive clandestino na ditadura do mundo. Deixará por epitáfio «voltarei para vos foder a todos, cabrões».
OS APRESENTADORES
PIRES LARANJEIRA é Doutorado em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de Coimbra, onde foi professor associado da Faculdade de Letras, responsável pelas cadeiras de Literaturas Africanas, desde o ano letivo de 1980-81, e de Culturas Africanas. Lecionou também literatura brasileira, cultura brasileira e estudos culturais na Universidade de Salamanca. É membro do Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letra da UC.
Publicou centenas de textos científicos, culturais, jornalísticos e literários em mais de 130 jornais e revistas locais, regionais, nacionais e internacionais, desde 1965. Conferências, cursos, congressos e publicações em dezenas de países. Programas de rádio, vídeos na TV, crítica jornalística, direção de coleções, organização de colóquios, etc.
Entre as suas publicações em livro, destacam-se: Antologia da poesia pré-angolana (1976); Literatura calibanesca (1987); De letra em riste. Identidade, autonomia e outras questões na literatura de Angola, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe (1992); A negritude africana de língua portuguesa (1995); Literaturas africanas de expressão portuguesa (c/ I. Mata e Elsa R. dos Santos) (1995); “Le monde lusophone (chapitre V): la littérature coloniale portugaise”, in Jean Sévry (ed.), Regards sur les littératures coloniales. Afrique anglophone et lusophone, tomo III (1999); Negritude africana de língua portuguesa.
Textos de apoio (1947-1963) (2000); Estudos afro-literários (2001; 2ª ed., 2005); Cinco povos, cinco nações. Estudos de literaturas africanas de língua portuguesa (c/ M. J. Simões e Lola G. Xavier) (2007); Baltazar Lopes (1907-1989) e o Movimento da Claridade (2010) (c/ A. A. Lourenço e O. M. Silvestre).
ZETHO GONÇALVES nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Poeta, autor de literatura infantil e juvenil, antologiador, tradutor de poesia e organizador de edições, publicou, desde 1979, cerca de 40 livros, entre os quais, de poesia, A Palavra Exuberante, 2004; Sortilégios da Terra: Canto de Narração e Exemplo, 2007; Rio Sem Margem: Poesia da Tradição Oral, 2011; Terra: Sortilégios, 2013; Rio Sem Margem: Poesia da Tradição Oral. Livro II, 2013; Noite Vertical, 2017 [I Prémio dstangola/Camões 2019]; O Sábio de Bandiagara: Esconjuros, Ebriedades e Ofícios, 2018; O Leopardo Morre com as suas Cores, 2019.
Traduziu poetas como Antonio Carvajal, Vicente Huidobro, Friedrich Hölde rlin, Rainer Maria Rilke, Mihai Eminescu e Jalal-Al-Din Rumi. Organizou edições da obra de poetas e escritores portugueses como António José Forte, Luís Pignatelli, Natália Correia, Mário Cesariny, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, e do poeta moçambicano Luís Carlos Patraquim. Está representado em várias antologias e tem colaboração dispersa por jornais e revistas de Angola, Brasil, Moçambique, Portugal, Macau, Itália, Espanha e Alemanha. Tem traduções da sua obra para alemão, chinês, espanhol, italiano e iídiche. Dedica-se inteiramente à criação poética e literária.
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