quinta-feira, 20 de abril de 2023

[7453] Crioulo e português, sempre no sobe e desce, sempre na discussão, sempre em bolandas

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4 comentários:

  1. Sobre este assunto, inseri 2 comentários no blogue Coral Vermelho. Sintetizando, e em concordância com a epígrafe deste post, acho que as "bolandas" nunca vão terminar enquanto alguns cabo-verdianos não "descolonizarem" as suas mentes.
    Esta decisão do parlamento cabo-verdiano não vai traduzir-se em consequências práticas porque uma coisa é o formalismo do acto em si e outra bem diferente é a disposição de empreender todas as medidas que se impõem para promover uma substancial melhoria no ensino do português e o incentivo do seu uso na comunicação oral. O crioulo será sempre um embaraço no panorama linguístico enquanto não houver lucidez e coragem suficientes para reconhecer que cada uma das línguas tem o seu lugar próprio e inconfundível.
    Leia-se o artigo/reportagem publicado na última edição do Expresso das Ilhas (sobre o estado deplorável do ensino do português em Cabo Verde) para se perceber que o problema é muito grave. Chega-se ao ponto de reconhecer que nem os professores da língua estão suficientemente habilitados para a ensinar.
    Veja-se que este problema só surgiu a seguir à independência do país, tendo vindo a agravar-se continuamente. E a causa do fenómeno é perfeitamente óbvia. Só não a vislumbra quem quer tapar o sol com a peneira.

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  2. Sin, Nho, nhu ten tudu razon des mundu, língua di pretu é na funku, i língua di branku é na sobradu. Sin, kenha ki manda es pretinhus (inda pursima armadu en branku) kre ser indipendenti i, indumás, ku otrivimentu di kre manda na ses propi téra!!?. Nau, kel li ka sta dretu. Kel li nós k'é branku i sivilizadu nu ka ta dexa. Kel língua di kafri li, es enbarsu sivilizasional li, ki nu tenta kaba ku el duranti kinhentus anu, i nu ka konsigi, gosi, ku djuda di kolonialismu internu, nu ta da kabu des: palavra di branku. Es pretus ki ka kre ser skravu, ki luta i ki more pa dignidadi di si téra, di si povu i di si língua, ten ki volta koloniza ses kabesa, p'es sabe ma pretu (i si língua) m'é la baxu, i ma branku (si língua i si serbentis) é riba la. Kel enbarasu li nu ta kaba ku el, dja txiga dia i óra. Nes tema nhos odja, sarbaxus! Mesmu a-sériu!!!

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  3. Uma abordagem do assunto em questão

    https://santiagomagazine.cv/ponto-de-vista/deputados-sim-funcionarios-coloniais-nao

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  4. Coloquei este comentário no meu Mural do facebook "Acabo de saber de uma grande notícia: contra o inesperado, o projecto de Classificação da Língua Portuguesa como Património Cultural Imaterial de Cabo Verde (CV) foi aprovado pelo parlamento cabo-verdiano, resultante de uma corajosa iniciativa de Mircéa Delgado (deputada pela ilha de S. Vicente) . O projeto visa "travar o desgaste e a desvalorização preocupantes da língua portuguesa no país face à passividade, inoperância, incompreensão ou até mesmo resistência na aplicação da lei em vigor de proteção e valorização do património cultural de todos nós”,
    Tinha muitas dúvidas sobre as hipóteses desta proposta, já que o assunto é politicamente incorrecto, não teve nenhuma cobertura mediática, para além de que o número limitadíssimo pessoas que poderia debater este tema, foge como o diabo da cruz, ou ‘fica em cima do muro’, para não ser conotado como sendo do contra à ideologia oficial, ou se não é conivente com ostracização da língua portuguesa, por motivos políticos e ideológicos. No Facebook contabilizei duas pessoas que deram cobertura ao assunto, desde que foi apresentado há alguns meses, sendo eu um deles. O silêncio foi total.
    Este assunto poderia ter ressonância além-fronteiras de Cabo Verde, se não se tratasse de algo doméstico, sem a priori nenhum impacto real no dia-a-dia. Na prática que Cabo Verde deixe de falar a língua portuguesa, nem ao ‘menino Jesus’ interessa saber, os prejudicados serão somente, o país e a sua população de menos de 500 mil habitantes.
    Pois é um facto, a língua portuguesa ainda não atingiu o fundo em Cabo Verde, uma situação em contraciclo com o que se deveria esperar, já que a maioria dos cabo-verdianos deveria falar correntemente e correctamente esta língua, tal como a materna, ela que é um elo de união da CPLP, uma língua global , logo ferramenta de comunicação com o Mundo.
    O mais estranho é que ambiente desta aprovação é surreal pois é ele todo desfavorável a esta iniciativa, quanto mais para a sua aprovação, pois uma determinada corrente fundamentalista tem agora todas as rédeas do poder em Cabo Verde, e segundo eles ‘querem hastear a língua, como a 2ª bandeira’ da utópica independência. Defendem pois para ontem uma oficialização intempestiva de uma variante do crioulo Cabo Verde (e de uma escrita não etimológica chamada de ALUPEK), Esta movimentação tem pouco ou nenhum estudo sustentado, para além de pecar por antagonizar a língua portuguesa, que é um património imaterial de toda a Lusofonia, de que paradoxalmente Cabo Verde faz parte. Mas a ignorância e a estupidez têm falado mais alto. Disto prova o parecer desfavorável do Direção do Património Imaterial, o Instituto do Património Cultural ( IPC) encomendado pelo Ministério cabo-verdiano da cultura à iniciativa de Mircéa Delgado. Mas a deputada esteve bem em levar o assunto ao parlamento cabo-verdiano, que é a única sede da legitimidade democrática para tratar de um assunto tão importante, pois quer queiram quer não, a língua portuguesa é um Património de Cabo Verde, e “milhares de cabo-verdianos que, tal como os que vivem nas ilhas, são herdeiros legítimos de um património cultural do qual muito se orgulham e que inclui como um dos seus pilares fundamentais a língua portuguesa.”
    Portanto, apesar de uma aparente derrota da corrente fundamentalista, este ‘Upgrade’ da língua portuguesa não terá nenhum impacto ou efeito concreto, pois as mesmas forças vão continuar a sua acção e atingir os seus desideratos: a degradação da língua portuguesa vai continuar pois faz parte de uma política deliberada. As mesmas forças vão ganhar ainda mais ousadia e força e não estranha que o Ministério da Cultura e/ou da Educação cabo-verdianos, não tirem um coelho da cartola para anular esta iniciativa.
    Mesmo assim é um ponto marcado nesta luta desigual, já que se trata de um sinal forte emitido a partir de S Vicente: as restantes ilhas e os crioulos de Cabo Verde, em paralelo com a língua portuguesa, sentem-se hoje mais aliviados."

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