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A história de hoje é longa e curta ao mesmo tempo.
É culturalmente longa, porque o Eden-Park foi de facto um demorado segundo pai de cultura e sabedoria mas também de divertimento para muitas gerações de cabo-verdianos (incluindo aqueles que não o souberam preservar e que ficarão com esse anátema colado à pele para todo o sempre, já que a História não perdoa). A riquíssima influência do Eden-Park está muito bem contada no documento que aqui se divulga. Sabe-se lá quantas sentidas lágrimas foram vertidas pela sua autora durante a escrita do mesmo e portanto... também é curta porque tanto eu como diversos outros (entre os quais obviamente se conta a última guia dos destinos daquela casa) fizeram o que puderam para que o crime não se consumasse. Infelizmente, não conseguimos alterar as espirais do destino. Perdemos. Os sanvicentinos perderam. Todos os cabo-verdianos perderam... Ita missa est. Ponto final.
É culturalmente longa, porque o Eden-Park foi de facto um demorado segundo pai de cultura e sabedoria mas também de divertimento para muitas gerações de cabo-verdianos (incluindo aqueles que não o souberam preservar e que ficarão com esse anátema colado à pele para todo o sempre, já que a História não perdoa). A riquíssima influência do Eden-Park está muito bem contada no documento que aqui se divulga. Sabe-se lá quantas sentidas lágrimas foram vertidas pela sua autora durante a escrita do mesmo e portanto... também é curta porque tanto eu como diversos outros (entre os quais obviamente se conta a última guia dos destinos daquela casa) fizeram o que puderam para que o crime não se consumasse. Infelizmente, não conseguimos alterar as espirais do destino. Perdemos. Os sanvicentinos perderam. Todos os cabo-verdianos perderam... Ita missa est. Ponto final.
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Mas há sempre algo que fica. Eu detenho alguns sinais; outros terão outros. Divulguemo-los, para que a memória se consolide e as novas e futuras gerações possam estigmatizar os criminosos culturais que tal malvadez fizeram. Que sinais tenho eu, então?
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Comecemos por Julho de 1999. Três bilhetes. Todos de matinés de "filmes de porrada" em que em cada um não havia mais que três ou quatro espectadores (um deles, aqui o PRAIA DE BOTE). Três espectáculos, mais ou menos doze bilhetes vendidos. Digamos assim, para que a culpa não fique totalmente solteira - que não está, de facto - que das lágrimas pingadas pelo Eden-Park muitas foram de crocodilo. É que sem espectadores não há cinema que resista...
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O convite para o espectáculo do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra foi-me oferecido pela Dr.ª Ana Cordeiro, estimada e diligente directora do Centro Cultural Português, pólo do Mindelo. Apetecido espectáculo para ela, sobretudo, dado que o pai estava entre os orfeonistas presentes. E uma outra figura, das maiores da música de Cabo Verde, o convidado Ildo Lobo, que terá pisado talvez pela última vez palcos do Mindelo. Foi delicioso vê-lo cantar com aqueles veteranos de Coimbra, salvo erro "Tchapéu di Padja". Eram os tempos da vigência de Onésimo Silveira à frente da Câmara Municipal de S. Vicente. Caso curioso, no final do espectáculo, como é tradição da "Briosa", os orfeonistas chamaram ao palco os antigos estudantes de Combra presentes na sala. Um dos que subiram foi a actual presidente, Isaura "Zau" Gomes... Acompanhou-me nessa noite, a D. Zinha Lima, grande amiga e professora competentíssima de múltiplas gerações de santantonenses e sanvicentinos.
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Passemos a 2002. Um só bilhete, que a minha passagem pela ilha foi curta, de apenas quatro dias, para lançamento de livro - coisa repetida noutros quatro de Praia. Na altura tinham ido comigo a esposa e a filha do Germano Almeida, a Íris. Os 300 paus foram aplicados num dos filmes da saga "Senhor dos Anéis" (repare-se que o preço dos bilhetes não aumentara de 1999 para 2002). Tratava-se também de uma matiné e o Eden-Park estava à cunha. Foi em 31 de Março de 2002, a minha última passagem pelo saudoso cinema do qual assim me despedi em apoteose, vendo-o cheio como nos velhos tempos. Só faltou a mancarrinha que não vi nenhuma mulher a vendê-la nem à entrada nem à saída.
Aqui ficam portanto algumas memórias com que o PRAIA DE BOTE saúda o mais famoso cinema de Cabo Verde, a família que o sustentou tantos anos e as geraçõs que do local tiraram proveito, muito bom proveito...
NOTA FINAL: O documento produzido pela Sr.ª D. Maria Luísa Marques da Silva chegou-me através do sempre amigo Valdemar Pereira que o recebeu do Djibla ao qual por sua vez foi entregue pela autora com a condição de este só o divulgar quando todo o processo Eden-Park estivesse concluído, o que só recentemente aconteceu. Ao Val agradecemos a partilha e lamentamos tanto quanto ele a desgraça: meu velho, Eden-Park já ca tem teatre...
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