quinta-feira, 28 de julho de 2011

[0071] O "28 de Maio". Ainda um navio das ilhas

Valdemar Pereira
Em mais uma simpática oferta do nosso colaborador Valdemar Pereira, PRAIA DE BOTE mostra hoje o "28 de Maio", navio que durante anos fez carreira entre as ilhas de Cabo Verde e teve ainda incursões por águas angolanas.

Comecemos pelo nome, ele mesmo... 28 de Maio. Para os mais esquecidos, refere-se à data de 28 de Maio de 1926 na qual se deu o golpe do general Gomes da Costa que acabou com a I República frouxa mas democrática e abriu caminho a um longo período ditatorial em Portugal, conhecido como Estado Novo. A data, marcante (e que devia marcar), serviu depois para nome de ruas, instituições e... barcos. Curioso é o facto de o antigo Lazareto em Porto Brandão (Almada), que durante muito tempo se chamou "Asilo 28 de Maio", ter albergado durante anos retornados das ex-colónias portuguesas, em particular de... Cabo Verde.

O "28 de Maio", foto propriedade de Valdemar Pereira (clique na imagem)

A propósito do navio "28 de Maio", há informação na Internet, nomeadamente em três números do 'Diário da República' cujo caminho abaixo indicamos. São achegas curiosas acerca deste barco que ainda andou por Angola e que dão mais algumas notas sobre a sua história.

(clique AQUI e não na imagem, para ter acesso aos três artigos)

Há também mais dados no Fotolog de Valdemar Pereira onde esta foto já foi publicada, embora em condições deficientes pela fraca qualidade que aquele programa oferece às imagens. Clique no link abaixo.


E finalmente, uma pequena nota num artigo por nós publicado no jornal cabo-verdiano "Liberal", a propósito de outros navios.

"Liberal" - 9.Junho.2006

HISTÓRIAS DE MAR (4)
O "COSTEIRO III" E O AFUNDAMENTO DO 
PALHABOTE "S. MIGUEL"

Em artigo anterior desta série de “Histórias de Mar”, vimos o "Costeiro III" a associar-se às buscas empreendidas relativamente ao desaparecido e logo reaparecido cutter "S. Tiago", em Maio de 1953, entre as ilhas de Santiago e do Sal.

Ora este navio pertencia à Sociedade Geral, de Lisboa (também armadora dos famosos "Alfredo da Silva", "Manuel Alfredo", "Ana Mafalda" e "Rita Maria", para apenas citarmos aqui quatro dos mais populares desta companhia entre a população cabo-verdiana) e largou no anterior 24 de Janeiro do Tejo, com destino a Cabo Verde e à Guiné, depois de ter recebido a visita do ministro do Ultramar – o que revela a importância que lhe era dada nas novas ligações entre as ilhas e entre estas e o vizinho território continental africano. Comandava-o, o capitão de longo curso Jara de Carvalho. O barco levava carga completa de combustíveis e beneficiara nos meses anteriores de várias adaptações, entre as quais a transformação de uma coberta em camarata (repare-se, “camarata” e não “camarotes”) para 52 passageiros de terceira classe e apenas quatro camarotes, que deveriam ser de segunda.

As razões próximas da ida do "Costeiro III" para Cabo Verde eram a saída dali do "28 de Maio" e o facto de estar parado o hoje mítico veleiro «Senhor das Areias», à época considerado impróprio para viagens de passageiros com a eficiência e a qualidade que se pretendia. Terão sido instâncias superiores (provavelmente o governo da colónia) a avançar com o desejo de uma melhoria da situação, à qual a Sociedade Geral logo aquiesceu, por um período experimental de seis meses. (o artigo continua mas o resto do mesmo não tem interesse para a história do "28 de Maio")

1 comentário:

  1. O 28 de Maio é um navio de que me lembro muitíssimo bem. Fazia parte da vida das ilhas e muitos mindelenses ganharam a vida ao seu serviço. Quando, há 3 anos, estive nos EUA tive oportunidade de comer um arroz de marisco confeccionado por um antigo cozinheiro do navio. Já não me lembro do nome dele, mas do repasto tenho bem presente ainda o aspecto e o paladar, ambos de eleição. Foi o arroz de marisco mais delicioso que já comi, e de uma confecção diferente daquela que eu conhecia.

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