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Mas tudo muda neste mundo que é composto de mudança... Ora veja-se como a pesca do tubarão apenas com interesse para o corte das barbatanas é mal vista nos tempos actuais e com razão. Clique aqui. Terá ido assim por água abaixo este comércio que se previa florescente mas que nas ilhas não deve ter tido grande duração nem proveitos por aí além.
E já que estamos a falar de mar, num sistema de dois em um, passemos ao sal... do Sal. Com "Manelica" do senhor José Manuel Lopes (que ainda conheci) e tudo, navio saudoso do qual falarei mais detalhadamente noutra altura, devido a abalroamento que sofreu provocado por uma distraída fragata de guerra portuguesa... em pleno cais acostável. A notícia a seguir, é do mesmo dia da anterior.
"Manelica", no cais acostável (clique na imagem) |
Sal, salzinho do Sal, de Pedra Lume, exportado de Cabo Verde para a Guiné, em plena guerra colonial que aqui começara em Janeiro de 1963, quatro anos antes. O "Manelica" (navio de S. Vicente) levava-o para a Praia, de onde outras viaturas aquáticas o transportariam para Bissau. Algum desse sal terá decerto temperado marmitas do PAIGC no mato... Enfim, uma pequena história das muitas que aqui o arquivo caseiro do Djack dispõe sobre coisas de nôs terra e que irão saindo dele a pouco e pouco.
História e estórias que, se não vieram aqui, podem nunca ser conhecidas por esta geração.
ResponderEliminarDeste veleiro só ouvi. Com efeito, depois de estar presente na inauguração do Cais Acostável, passei trinta anos sem regressar.
Apreciador da cozinha asiática e assíduo consumidor, nomeadamente de peixes de como fazem, nunca me aventurei nas barbatanas por saber como procedem: pescam quantidades só para este pedacinho e abandonam dos tubarões, vivos ainda, sem se poderem governar.
Bom apetite mas... não comam barbatanas.
Barbatana, m'só ta gostava daquês de borracha pa ta pô na pé que nôs t'usava lá na Matiota ou na Baía das Gatas (que, nesse caso, ta cria dzê tubarom).
ResponderEliminarMantanha,
Djack
Bem me recordo de ver marus japões, vietnamitas e coreanos regressando da faina com o cordame pejado deeses triangulos negros que, dizem, depois de secos produzem uma sopa divinal...Nunca provei e já no meu tempo se falava à boca pequena da selvajaria que estava por detrás desse gourmet oriental...
ResponderEliminarO nome do Manelica sempre me intrigou...Terá algo a ver com as carabinas alemãs Manliker da
II Grande Guerra?
Já agora, conheci, em Londres, mum Reataurante chinês onde comi uma "sopa de caranguejo" que aínda hoje faz estremecer de paixão as minhas glandulas gustativas...
Zito Azevedo
Sabe-se lá, sabe-se lá!... Penso que pode ser o nome de uma familiar do dono. Não sei se o senhor José Manuel Lopes "Captom Zizim" teria alguém na família com o nome de Manuela ou até se o barco terá tido outro dono antes dele nessa circunstância. Mas o nome também pode ser devido à tal Mannlicher, originalmente feita para o exército grego que depois se generalizou. É possível...
ResponderEliminarJoaquim, parece não ter fundo o poço das suas revelações, trazendo-nos factos que muitos desconhecem. Eu por acaso desconhecia isto da exportação de barbatanas de tubarão, porque não estava em Cabo Verde à época dos marus e da devastação que faziam na nossa fauna marinha. Realmente, repugna um negócio desta natureza, que é mais uma demonstração de que o homem é o mais perigoso predador do planeta.
ResponderEliminarAnimal marinho mais temido por nós, não deixa contudo de ter o seu papel no equilíbrio ambiental. Penso que ainda não estão devidamente estudadas as consequências ambientais que representará o extermínio dos tubarões. Talvez não interesse aos negócios lucrativos. No entanto, sabe-se que a Austrália e a África do Sul já tomaram posição em defesa do tubarão branco, uma das espécies mais ameaçadas.
A exportação do sal foi sempre um dos recursos importantes das nossas ilhas. Apreciador desses navizim antigos das nossas águas, é bom rever a imagem do Manelica. Não seria dos mais elegantes, mas era um da antiga frota.
Não sei de onde vem o nome, mas não creio que seja da espingarda mannlicher, que por acaso foi produzida na Áustria para equipar o exército austro-húngaro no dealbar do século XIX. É possível que tenha sido exportada para o exército grego, Joaquim, tal como foi para Portugal e vários países. Lembro-me que até há uns 40 anos era a arma no nosso exército para o tiro de carreira de adaptação dos recrutas, por ser mais leve e mais pequena que as espingardas então em uso, a Mauser e depois a G3. Mais tarde, foi posta de parte e passou-se a utilizar um redutor de calibre para a espingarda G3, com que os recrutas faziam o tiro de adaptação, antes de passarem ao calibre normal, 7,62. Estou fora do activo desde 2000, mas penso que ainda se usa esse redutor de calibre, cuja razão de ser é a própria adaptação do recruta mas também a economia de recursos.