segunda-feira, 5 de setembro de 2011

[0106] Ó que tristeza, m'tem tonte vontade de tchorá!...

(clique na imagem)
Tirando os "efectivos" Adriano e Valdemar, o pessoal visitante/leitor anda mais que preguiçoso para comentar. Vai daí, o PRAIA DE BOTE também mete férias, porque também ele tem direito a preguiçar, e recorre à parte mais simples (mas não menos importante) do seu arquivo. Assim, aqui vai esta imagem e quem quiser que a comente, tentando adivinhar o seu significado. Mas desde já se avisa que é preciso ter "matéria" para lá chegar. De qualquer modo, sempre se avança que esta e outras imagens, desenhos a lápis da pintora e amiga Emília Morais, estão hoje depositados por oferta aqui do Djack, no Centro Cultural Português (pólo do Mindelo). E mais não se diz... por agora.

7 comentários:

  1. Penso que não há dificuldade em identificar o significado da imagem. É um moribundo a receber extrema unção, na presença de familiares. Diga-se que é pungente o que a imagem transmite, o que só abona a favor do sua autora.
    Joaquim, eu também lamento que não haja mais mindelenses a espairecer nesta exótica Praia.
    O Blogue faz bem em tirar uns diazinhos de férias, que bem merece. Assim como o seu proprietário.

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  2. Ponto 1 - O autor das palavras acima, não tem desculpa (não tem mesmo!) se não acertar no significado da imagem. Tanto ele, como para aí mais uns 999 viventes, pelo menos. Resumindo: se não descobrir, é despromoção certa... Quando digo o "significado da imagem", quero dizer a que se refere, no sentido menos óbvio. Muito para além do que se vê ali. Isto é, o que pretende MESMO ilustrar? Apelo à memória, estamos em São Vicente... Vamos fumar um cigarrinho?

    Ponto 2 - Haver mindelenses aqui, há - ou, pelo menos, cabo-verdianos. Cabo Verde ainda está em quinto lugar nos frequentadores do blogue, mas a subir e muito próximo de ascender ao quarto lugar, destronando os EUA. Só que este pessoal é altamente preguiçoso para escrever. Vêm cá, lêem, mas não deixam rasto escrito.

    Ponto 3 - Abrandaremos mais, isso sim. Contudo, a Praia de Bote merece que não desistamos. E não desistiremos.

    Ponto 4 - Agora até podemos ver a temperatura que se faz sentir na Praia de Bote, ali ao lado, por cima da aplicação da lupa. E lá no fim (é só ir rolando para baixo), um conjunto de fotografias de nôs terra (em apresentação tipo powerpoint, para melhor), algumas das quais já conhecidas, mas sempre boas de rever. Ainda por cima com o som da Cize.

    Ponto 5 - Braça para os resistentes. Mnines de Soncente, ca ta desisti!

    Djack

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  3. Pronto, já sei. É a tristeza por Cabo Verde ter perdido com Mali por 3 bolas sem resposta, dificultando o seu apuramento para o CAN. Está encontrado!

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  4. Não senhor, não senhor... Quanto a isso, Cabo Verde é capaz de recuperar. Esta velhota é que não recuperou. Vai um cigarrinho? Nizinha ta gostá de fmá sê cigarrim...

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  5. Bem, já não é sem tempo. Como ninguém acerta no significado da imagem, não óbvio mas implícito, o nosso Djack tem de o revelar.

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  6. Este e outros desenhos que irão aparecendo foram feitos como ilustração para o romance "Capitania", escrito por um rapaz muito nosso conhecido. O que aqui em cima se vê, destinava-se ao capítulo "Nizinha". Mas a editora decidiu colocar o livro numa colecção onde não os havia ilustrados e os desenhos caíram. O autor resolveu então oferecê-los ao Centro Cultural Português (pólo do Mindelo), onde ficaram à guarda da sua directora, a activíssima Dr.ª Ana Cordeiro. O destino final? As paredes da Torre de Belém, quando estas tiverem pregos para eles serem pendurados...

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    No dia seguinte, a Violante contou-nos, a mim e à minha mãe, que uma moça de Ribeira Bote, vizinha da Niza, a informara que ela estava muito mal e que se dizia que nem o doutor Morais nem o doutor Fonseca conseguiriam salvá-la. «Aqueles pulmões estão queimados, senhora. Maria da Luz falou que ela mal consegue respirar e que o coração também está fraco. A minha amiga vai morrer, senhora.» E assim aconteceu. Três dias após, Nizinha falecia em casa, para onde fora a seu pedido, pois não quis acabar na enfermaria do hospital. Como era sábado, e não tinha aulas, a minha mãe deixou-me ir com a Violante ao velório, na manhã do dia do enterro. Na casa pequenina, de madeira e lata, as carpideiras faziam o seu choro, com o entusiasmo do costume. A um canto, aparentemente alheado, Tói «Aviador» também soluçava. Quando o padre chegou, as amigas da Alfândega fizeram uma roda à volta do esquife. Então, enquanto aquele, com os olhos postos no tecto de zinco, rezava algumas orações, Maria «Bedja» acendeu um cigarro, aspirou uma fumaça, e passou-o com palavras ciciadas às outras mulheres, até que a última o pôs por instantes nos lábios lívidos de Niza. O Tói, que entretanto acordara do seu torpor, ao ver esta cena, levantou-se, foi à gaveta de uma mesinha pintada de verde que estava junto à única janela da casa e retirou dela um maço novo de Marlboro, que, sob o olhar cúmplice das companheiras de Nizinha, introduziu no esquife. Nada disto o sacerdote vira, nem cheirara, empenhado que estava na encomendação daquela alma, e acabado o pequeno ofício, mandou fechar a urna e seguir o funeral para o cemitério. A minha mãe não queria que eu lá fosse, e logo que o cortejo partiu tornámos a casa. No caminho, perguntei à Violante para que tinha sido aquele teatro tão estranho da «Bedja», do mulherio e do Tói. «Sabe, menino Quim, a Nizinha sempre disse que havia de levar o vício do tabaco para a cova. As-sim, a vontade dela cumpriu-se...»

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  7. Verdade, verdadinha, eu já não me lembrava deste capítulo do romance Capitania. Por isso, eu nunca seria capaz de descobrir o significado da imagem sem revisitar o romance. E vou revisitá-lo. Esta cena elucida bem a perspicácia e a maturidade psicológica do menino Joaquim. Poucos meninos na idade que ele então tinha encaram a morte com esta naturalidade e destemor.

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