terça-feira, 3 de julho de 2012

[0199] AMANHÃ, É O DIA ANTES...

4 de Julho, dia de vésperas na festa dos 37 anos de independência de Cabo Verde. Assim, hoje também vamos colocar algo do "antes". E esse "antes" é uma medalha comemorativa da viagem que o último Presidente da República de Portugal do regime anterior ao 25 de Abril empreendeu a Cabo Verde e à Guiné, em 1968. Chegará o dia em que contaremos com detalhe pormenores curiosos desse acontecimento, mas hoje ficamos pela dita cuja e pouco mais.


Imagens eBay
O trabalho foi feito pelo escultor Leopoldo de Almeida, homem de muitas obras para o regime, de que se podem citar, entre outras, a estatuária do Padrão dos Descobrimentos e as estátuas equestres de D, João I na Praça da Figueira (Lisboa) e de Nuno Álvares Pereira (Batalha). Lá estão os escudos de armas da Guiné e de Cabo Verde, lá estão as âncoras alusivas ao facto de Américo Thomaz ser oficial da Armada (ou de a viagem ter sido realizada por via marítima), até as ondas do Atlântico, antes e depois da data. O material é o bronze, o peso 138g e o diâmetro 60mm.

Levantemos um pouo o véu, no que concerne à viagem, na parte que toca à nossa ilha (Américo Thomaz visitou todas, excepto Santa Luzia). Em S. Vicente, na recepção no Palácio (400 convites!!!), actuou o brilhante conjunto "Ritmos Cabo-Verdianos", dos manos Marques da Silva e Amândia Furtado (aluna da Escola Técnica) cantou uma morna especialmente dedicada a Sua Ex.ª. Mas isto já é contar muita coisa... Lá chegará a altura de dar mais detalhes. Só outra coisinha, para os ávidos: o "supremo magistrado da Nação", como então se dizia, viajou no paquete "Funchal". Ou julgavam que tinha aproado ao Mindelo no "Maria Sony"?...

ADENDA

Dadas as mais que excelentes participações do João e do Zito, PRAIA DE BOTE  sentiu-se forçado a oferecer recompensa condigna aos rapazes. Vai daí, foi ao arquivo e deu com dois petiscos adequados. No primeiro caso, não encontrou nem a garrafa de cristal nem o seu conteúdo, mas descobriu dois velhotes centenários de Assomada, Francisca Monteiro e Joaquim Donge, que foram recebidos pelo Presidente. Quanto ao Zito, confirma-se que os comes e bebes para jornalistas foram de estalo. A notícia continua noutra página que já não integrámos nesta adenda. E o "Voz de Cabo Verde" estava em forma. Obrigado a ambos pela participação e recebam aquele braça que se impõe. Resta dizer que as notícias são respectivamente de 14 e 15 de Fevereiro de 1968, embora se refiram a dias anteriores próximos.




NOTA: o próximo post é o n.º 200 e será comemorado com foguetes, fogo de artifício e algo altamente apetitoso ao olhar, à curiosidade e à memória. Vale a pena, garante-se... embora alguns possam já ter visto.

3 comentários:

  1. Esta noticia faz-me regressar no tempo quando, acolitado por meu irmão Tuta, fiz o meu grande trabalho para o Rádio Clube de Cabo Verde e para o Jornal O Arquipélago, reportando a visita Presidencial em todas as ilhas do Arquipélago, com direito a camarote e tudo a bordo do Funchal, refeições a bordo e cafézinho no Bar acompanhado de Drambuie, bastando assinar um Vale da Presidencia da Republica...Por vezes, ía de uma ilha a outra na avioneta dos TACV para estar pronto para a reportagem da chegada no dia seguinte, de manhã...Enfim, foram uns dias inolvidáveis em que conheci uma série de gente da imprensa portuguesa com especial destaque para o Artur Agostinho...Trabalhamos bastante mas tambem fomos bem pagos por isso!

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  2. Eu lembro-me desta visita muito bem. Estava na Assomada onde o meu pai era administrador e na sua qualidade de presidente da câmara municipal de Santa Catarina coube-lhe receber o então presidente da república. Foi em Fevereiro, salvo erro.
    Da Praia, o governador Sacramento Monteiro, avisou que a comitiva ia almoçar na Assomada. Para tal o meu pai mandou construir um salão e dois quartos, ampliando assim a residência oficial do administrador do concelho para poder receber condignamente tão ilustre visitante.
    Esta empreitada, note-se, foi concluída em 45 dias. Prazo que muitos achavam que não iam cumprir.
    Normalmente era na Escola Primária (hoje uma biblioteca) que era costume oferecer os almoços e jantares, o que era feito com o prejuizo das aulas e alegria da pequenada e, com o apoio de toda a vila.
    Explico melhor, o ambiente de convívio na Assomada dos anos sessenta era óptimo pelo que para as grandes recepções mobilizavam-se todas as senhoras da vila para preparar as refeições. Eram elas que punham as suas cozinhas à disposição da câmara que só tinha de indicar o que queria (quais os pratos, a quantidade, etc.). E era das casa particulares que vinham também grande parte da loiças, copos, talheres, etc.
    Fácil calcular como as mesas ficavam cheias.
    Na altura, o professor Sr. Estêvão Coutinho preparou um grupo da Mocidade Portuguesa a pedido das autoridades e, como não havia MP na vila e ele teve de treinar-nos a pressa, (ensinar-nos a pôr em sentido, dar meia volta volver, marchar e fazer a saudação da praxe com o braço esticado). Aprendemos rapidamente tudo e, no dia da visita, fardados a rigor, com fardas feitas em cima da hora note-se, lá estávamos aprumados a espera de Sua Exa. Uma longa espera que não nos chateou tanto como a brevidade da passagem do homem por nós. Tanta espera e ele aparece, e sempre a andar, saudou-nos e nem parou. Bom, destas secas o Saial teve sua dose com uma inauguração.
    O que valia, era que depois da comitiva comer e beber, diga-se de passagem que uma garrafa de cristal antigo com grogue que era do meu pai (garrafa e grogue) desapareceu e dizia o meu pai que talvez fosse um jornalista que levou a garrafa sem saber o valor do recipiente e as tantas beberam e depois deitaram fora a garrafa. Bom, o Azevedo é que não foi. E, hoje, talvez o meu pai acusasse mas algum político.
    Dizia eu, o que valia era que depois de irem embora todo o mundo então festejava, era comer e beber a vontade e toda a gente levava de volta as suas coisas porque tinham de arrumar a escola e deixar tudo limpo para as aulas do dia seguinte.

    João Nobre de Oliveira

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    1. Meu caro amigo...Belo retrato, fruto de uma memória exemplar...Quanto à garrafa de cristal e ao grogue não sei se não me teria tentado, mais pelo conteúdo do que pelo continente mas...não dei por ela!
      Forte abraço,
      Zito

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