O escudo de armas de um país, tal como a bandeira e o hino, são os seus símbolos perenes mais óbvios. O Presidente da República também, embora aí, porque eleito, nem sempre o dito cujo tenha o apoio de todo o povo. Ainda por cima, sendo figura temporária - ele, pessoa, que não o cargo, mas mesmo assim...
Quanto a escudos, temos uma conversa por terminar, quanto a um de bronze de que falámos antes, parece-me que no primeiro concurso (ainda não formal) que aqui tivemos. Ninguém acertou, mas o PRAIA DE BOTE também não concluiu a explicação. Meteram-se outros assuntos e a coisa morreu. Fica para a próxima vez, desde já prometido e a cumprir.
Falemos hoje de outro escudo. De um que encontrámos em 1999 no chão do pátio do liceu Gil Eanes, à esquerda de quem entrava pela porta principal. Lá ao fundo, debaixo da arcada, esquecido e abandonado, embora não vandalizado. Tratava-se do escudo dos finais da realeza. Portanto, fora dos tempos anteriores à instalação do Liceu, quando o edifício ainda era quartel ou correio (o que parece ser a versão correcta), ou então alguém o retirara da Câmara Municipal, da Alfândega ou de outro edifício anterior ao advento da República, pensámos nós.
Entretanto, um nosso leitor, José Marcos Soares (Zeca Soares), informou-nos que tinha colaborado no restauro e novo enquadramento do escudo. Posteriormente, teve a amabilidade de nos enviar duas fotos do mesmo, no actual local, ainda dentro do velho Gil, com uma nota sobre o processo que a isso levou. Ficámos então a saber que a devolução da dignidade ao escudo português se deve a Leão Lopes, reitor do M_EIA, Escola Internacional de Arte fundada em 2004 que está desde 2007 no Liceu velho.
Honra seja portanto feita ao Leão Lopes que sem complexos soube honrar o mármore que agora para Cabo Verde é sobretudo um objecto de Arte e de História e que por esse motivo ainda mais merecia a elevação que finalmente obteve. Neste sentido, o PRAIA DE BOTE agradece o feito do LL e a simpatia do envio das fotos pelo Zeca Soares.
Nesta minha última viagem a S. Vicente, voltei a visitar o Gil Eanes. Achei o edifício carente de um verdadeiro e profundo restauro, ainda que me tenham dito ter havido algum. Seguramente que não foi intervencionado na parte exterior, como é fácil de ver, embora admita ter havido pequenos arranjos pontuais em algumas salas. Mas, a ser assim, estes são notoriamente modestos e de gosto muito duvidoso, e mais ainda tratando-se de uma escola de arte. Mas não há qualquer crítica negativa nas minhas palavras, pois as mãos ficam atadas e as intenções trancadas quando não há dinheiro. Percebe-se bem que na nossa terra muita coisa fica por fazer ou é adiada por falta de recursos, tantas são as prioridades. O que dá pena é ver este belo edifício num estado que não condiz com a sua rica história. Tem de se dar mais atenção ao património construído em terra onde ele não abunda. Mas, vá lá, o escudo foi recuperado.
ResponderEliminarEm Janeiro/Fevereiro deste anoe estive em Cabo Verde e chocou-me muito o aspecto abandonado do nosso velho Liceu. Alias, achei o Mindelo descaraterizado e tudo o que fazia a graça e beleza dessa cidade de morabeza, ou desapareceu ou esta em decadencia. Felizmente que o escudo voltou ao que era dantes e isso ja e alguma coisa, tendo em vista a viravolta que o mundo deu.
ResponderEliminarNita