1.Janeiro.1932
Querida Maria José
Muito obrigado pelo teu postal que é muito bonito e pelas bôas festas. Deus queira que tivessem passado a noite de Natal bem, eu fui à Missa do Galo e depois comi um bocado de paio da tia Júlia, passas e nozes e fui-me deitar comi com os vossos retratos ao pé lembrei-me muito de todos fez um ano que a gente bastante rio com a Lourdes e a mãe da Maria lembras-te? No dia de Natal fui almoçar com o Barreiros e família e fui jantar com o Branco e D. Aurora e fui-me deitar às 9 hora da noite. Como lembrança de Ano Novo mando 25 pesetas e 10 francos para ti e Venancia. Saudades e beijos do teu pae e mt.º amigo.
Adriano C.
S. Vicente – 1-1-1932
Não recebi a encomenda que dizes ter mandado. Hontem foi aqui grande dia de festa, a maior do anno, dia de S. Silvestre
Teu pae,
Adriano C.
Claro que escondemos parte do nome dos intervenientes e o endereço da D. Maria José, contemplada com uns dinheiritos em divisa estrangeira que o pai lhe enviou do Mindelo para Lisboa (perdão, Lisbôa). Quem seria o senhor Adriano, não o sabemos. E muito menos o que faria longe da família. Mas a verdade é que não manda escudos, nesse ano anterior à elaboração da constituição do Estado Novo e da verdadeira consolidação daquele rapaz oriundo de Santa Comba Dão na cadeira de onde só cairia muitos anos depois.
Ao fundo, a Cabeça de Washington (repare-se que em 1932 ainda assim era designado o nosso Monte Cara). S. Viçente de cedilha e as edições são do esforçado familiar do nosso amigo Fernando Frusoni. Quatro vapores no Porto Grande, muitas lanchas carvoeiras e um ar vintage que dá à coisa o ar de diazá e do "tempe de canequinha"...
Amanhã, um texto e imagens de Zeca Soares. Para breve, a continuação da "guerra expedicionária" de Adriano Miranda Lima.
Eu ainda nem tinha nascido...Interessante documeno, este, de uma missiva paterna para a Menina (Melle) Maria José...E não resisto ao pitoresco de o velho pai trincando uma generosa fatia de paio, numa ceia natalicia que tambem meteu nozes e passas, tudo, na presença...dos retratos da família! Quanta solidão transpira este texto, quanto carinho, quanta carência...
ResponderEliminarQuanto às ofertas em moeda de fora, eu recordo que por volta dos anos 40 aínda se fazíam negócios em Libras...Quem não se lembra da história do "xelim pa mim, xelim pa bô, xelim pâ mim!
De facto, a missiva do postalinho tresanda a "sôdade". O paio fora mandado pela tia Júlia (talvez tia, talvez irmã do Sr. Adriano). Mas o nosso homem tinha amigos na ilha: a família Barreiros e o Sr. Branco e a D. Aurora. Gente de São Vicente? Europeus lá em serviço? Tudo gente militar antes da leva de que tem falado o outro (nosso) Adriano? Quem sabe?
ResponderEliminarHá mais material deste, que irá aparecendo a seu tempo. Como já disse, o próximo post estará por conta do Zeca Soares.
Braça postal,
Djack
Com pena verifico que o meu comentario, que foi o primeiro, desapareceu. Como explicar isso?. Tinha escrito, mais ou menos isto:
ResponderEliminarBonito panorama.Boa fotografia feita nos anos 30.
A carta do senhor Adriano esta cheio de ternura mas nao respeitava muito a pontuaçao. O senhor Branco e a D.Aurora eram pessoas portuguesas conhecidas. Se nao estou em erro a D. Aurora era irma da D. America que foi professora do Liceu Gil Eanes.
Penso, Djack, que te referes ao meu avo Giuseppe que produzia estes postais. Um abraço Fernando
Vá-se lá saber porque é que isso aconteceu. Mais um mistério, tal como a dificuldade que o Adriano tem tido em colocar aqui os comentários dele. Como já disse ao AML, não modifiquei nada no mecanismo do blogue. São mistérios que vão e vêm e a gente não percebe porque acontecem. Mas o Zito e o Zeca Soares e outros não têm tidos dificuldades. São mesmo mistérios misteriosamente misteriosos...
EliminarContudo, quando acontecer um contratempos desses, já sabem. Mandam como correio electrónico e eu coloco aqui. Desse modo, resolvemos a coisa.
Quanto à D. Aurora, é possível. Não me recordava que a D. América vivia com uma irmã. Ambas então de Vila Viçosa...
Um braça e pedido de desculpas por algo de que afinal não sou responsável.
Djack
Achei estranho razao por que te falei nisso. Foi a primeira vez que me aconteceu. Nao tens de pedir desculpas porque sei que nao foste tu o culpado. Um braça e mantenha Fernando
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