Do nosso colaborador Zeca Soares recebemos mais um valioso contributo em imagens do Cemitério do Mindelo sobre o assunto em título e a seguinte mensagem (que muito agradecemos):
No ultimo trimestre do ano passado, mais precisamente no mês de Outubro de 2012, tive o privilégio de tomar conhecimento de uma muito util e interessante História sobre a Missão deTropas Expedicionarias Portuguses a CaboVerde no período da segunda Guerra Mundial, mais precisamente a Ilha de São Vicente. De entre os relatos e ilustrações desta história, há tambem fotos de cirimónias fúnebres alusivas militares falecidos devido a epidemias existentes na época.
Como complemento ao excelente trabalho do Senhor Adriano Lima, aqui estão algumas imagens recolhidas no Cemitério de São Vicente para de entre outros constar do arquivo Histórico do Praia De Bote.
Devo acrescentar ainda que são cerca seis dezenas de túmulos ali existentes, a maioria sem nomes ou não identificados. Apenas um ou outro oficial tem identificação.
Boas fotografias, sem dúvida. Agradeço ao Senhor Zeca Soares esta prova do seu interesse por um tema que me cativou e levou a escrever uma série de posts. Em Julho de 2012, visitei o cemitério e tirei também algumas fotografias deste sector que, em linguagem militar, se chama "talhão militar". Qualquer cemitério militar me impressiona pelo seu significado, e este "talhão militar" por uma dupla razão: por eu ser militar português e por ser também natural de S. Vicente. Por acaso, não cheguei a concluir a série de posts sobre as Forças Expedicionárias, e um dia destes vou retomar esse encargo, embora já só faltem uns dois ou três. Mas, pelo que eu verifiquei, todas as campas são numeradas, o que permite a identificação dos militares nelas inumados. Quanto a campas de oficiais, não vi lá nenhuma, mas há de sargentos. Mas estou a referir-me a oficiais da Força Expedicionária, pois há uma ou outra campa de oficial em relação a tempos mais antigos. Por exemplo, há lá um monumento funerário com certo destaque referente a um oficial superior médico.
ResponderEliminarComentário da autoria de João Manuel Nobre de Oliveira (ao qual se agradece, obviamente):
ResponderEliminarDoutor Guibara faleceu durante a epidemia de cólera -morbus de 1856 que provocou grande mortandade na ilha. Feleceu no seu posto. Mas houve quem fugisse. “Deram provas de cobardia: o major José Paulo Machado, que abandonou o lugar de administrador do concelho e fugiu com a sua mulher D. Josefa Cordeiro Machado, num barco que seguia para Lisboa, tendo morrido em viagem, assim como a mulher; o comandante militar capitão Joaquim Osório de Amorim Correia, que fugiu para Santo Antão, assim que se declarou a epidemia, chegando a aliciar soldados para o acompanharem e aconselhando em cartas a outros para abandonarem a ilha. Acabou por morrer também de cólera-morbus.” (Henrique Lubrano de Santa Rita Vieira, "História da Medicina em Cabo Verde", pág. 306).
Digamos que a morte livrou-os de serem julgados em corte marcial onde ironicamente incorriam na pena de morte, o mesmo destino que tentavam escapar.
Valeu ao exército que outros oficiais ficaram no seu posto, salvando a honra militar, entre eles o tenente João Augusto de Fontes Pereira de Melo que também faleceu no seu posto em 06 de Abril de 1856 na freg. de S. João Baptista, ilha de Santo Antão. Era irmào do estadista dos mesmo apelidos.
As homenagens ao Dr. Guibara (no séc. XIX e no séc. XX) eram mesmo merecidas.
João Nobre de Oliveira
Interessante informação nos dá o João Manuel. Tempos terríveis, esses de diazá.
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