sábado, 13 de julho de 2013

[0501] Morreu Bana (apesar de tudo, não!), a grande voz masculina de Cabo Verde - VER NOTÍCIAS NA IMPRENSA PORTUGUESA NO FINAL E LONGO COMENTÁRIO DE LUIZ SILVA - E no final do post, foto da passagem de Bana pelo teatro, em Dacar

Não esperava o Pd'B ter de escrever no post 501 notícia tão triste. Mas a vida e a morte são mesmo assim: imprevistas. Ou quase, como neste caso... À família do cantor e ao povo de Cabo Verde, um grande e fraterno abraço, na despedida da VOZ sem igual.

Segundo mensagem que Alberto Rui Machado nos enviou, Bana faleceu por volta das 2 da manhã de hoje no Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal. Em "A Semana" refere-se que por vontade da família será sepultado em Portugal.

Aos nossos leitores, aqui deixamos imagens de alguns dos seus discos, pequena amostra de uma discografia imensa.

Quanto a este dia amargo, o nosso sentimento consubstancia-se assim: morreu Bana, viva Bana!!!

Clique AQUI e oiça as melhores mornas de Bana; clique AGORA AQUI e oiça as suas melhores coladeras.


















Bana no Público  AQUI

 
Bana no DN AQUI

Bana no Expresso AQUI

Bana na RTP (com filme) AQUI

Bana no jornal I AQUI (com informações sobre funeral)

Na sequência do comentário de Valdemar Pereira sobre a presença de Bana no teatro em Dacar, PRAIA DE BOTE publica aqui a fotografia de que aquele falou, com a legenda com que saiu num outro post do Pd'B

Cena do sketch "Guarda cabeça", escrito por Valdemar Pereira, com Grigol, Bitim, Octávio, Fefa, Alice, Valdemar (em pé), Bia Gata (deitada) e Bana a interpretar o seu próprio papel

9 comentários:

  1. COMENTÁRIO INSERIDO A PEDIDO DO NOSSO COLABORADOR LUIZ SILVA

    Conheci o Bana com os meus 9 anos, em 1953, num jogo, na salina do golf, entre o Mindelense e a Académica, tendo esta, graças a um golo do Tuinga, vencido o campeonato. Connosco estava também B.Leza que ele acompanhava no seu "carrinho de rodas", cantando marchas e mornas dedicadas ao Mindelense. Sendo ambos do club Mindelense, seu club de coração, passámos a encontrar-nos sempre nos treinos e eu a assistir às suas serenatas na praça Estrela ao lado do seu primo Eduardo, de Antonzinho, Patada e outros. Mas antes de tudo, Bana queria ser guarda redes do Mindelense, o que para mim foi a sua grande frustração. Sempre me falou do futebol, dos companheiros como Djosinha e Djunga Djaquá que brilharam com a camisola do Mindelense. Espero que a vitória do Mindelense, hoje no Porto Novo, seja dedicada ao Bana, Mindelense de sangue e camisola. Lamentou mesmo não ter participado no disco "Mindelense! Mindelense!", iniciativa dos Mindelenses de França.

    Encontrámo-nos na Praia em 1966 na sua viagem de regresso de Dacar a caminho de São Vicente para apresentar o seu primeiro disco produzido naquela cidade. E não me estranhou que mais tarde ele viesse a impor-se como um dos maiores intérpetes da música caboverdiana ao lado da Voz de Cabo Verde na Holanda e, mais tarde, em Portugal, sempre associado a Luís Morais que foi verdadeiramente o seu grande guia e mentor.

    Fica também na história cultural de Cabo Verde como um grande promotor e divulgador da música caboverdiana, pois músicos como Paulino Vieira, Leonel Almeida, Tito Paris e outros foram editados pela sua Editora e fizeram parte do seu grupo durante muitos anos. Prefaciei um disco dele em Paris editado pela Lusafrica, há já alguns anos, e que teve uma grande aceitação no seio das comunidades lusófonas.

    Bana merece ruas e estátuas no coração de Cabo Verde e, em especial, de São Vicente, onde nasceu na rua de Côco, em Mindelo, em 1932, passando depois a viver na Rua da Moeda. Mais ainda, ele merece um mausoléu ao lado de Luís Morais e Frank Cavaquinho, no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade em Mindelo.

    Luiz Silva
    Paris, 13 de Julho de 2013

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  2. Tanto como o artista retenho de Bana a amizade caldeada nos tempos dos directos do Rádio Clube Mindelo, com ele, B.Leza e muitos outros...
    Vou ter saudades de Bana, o Bom Gigante...Deus te tenha, meu irmão!
    Zito

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    1. Venham stóra Zitais, Banais e Bêlêzais que elas não podem ficar no olvido. Há espaço de borla para elas, no Pd'B e no Ac'A.

      Braça em dia triste,
      Djack

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  3. A morte do Bana deixa um pesado luto no coração de todos os cabo-verdianos, em especial no dos mindelenses. Tal como o Luiz, também terá sido por volta dos meus 9 anos que o vi pela primeira vez. Era uma noite de S. Silvestre e a minha rua foi invadida por um grupo de músicos que dava as boas-festas parando de onde em onde, envolto por uma multidão entusiasmada. O Bana era o vocalista principal, e não sei agora se mais algum havia no grupo. Da janela da minha casa presenciei o alegre acontecimento e o que mais me ficou na retina foi a figura altíssima do Bana no meio daquela mole humana. À distância, via os seus ombros pairando acima da cabeça das pessoas, movimentando-se ao ritmo lento da morna que a sua voz quente e envolvente derramava na noite festiva. Mais tarde, como é natural, vê-lo-ia variadíssimas vezes nas ruas do Mindelo e ouvia a sua voz nas emissões da Rádio Clube do Mindelo (sim, Zito) e da Rádio Barlavento, tornando-me um dos seus apreciadores, ainda que a minha sensibilidade não estivesse ainda suficientemente despertada para a música.
    Muitos anos depois, em 1971, estava eu de passagem por Nampula, onde desembarcara em trânsito para o norte de Moçambique, a comandar uma companhia de caçadores, no âmbito da chamada guerra colonial. Por mero acaso, vi numa loja uns discos do Bana e tratei de os comprar. Foi assim que em muitas noites de solidão passei a conhecer de forma mais especializada e sentida as qualidades vocálicas do Bana e, sobretudo, a apreender bem o profundo e inigualável sentimento que ele punha nas suas interpretações. Estava eu no meio do mato, a muitas milhas do mar, mas a sua voz trazia-me a salsugem que tempera as noites do Mindelo. Estava eu num sítio praticamente despovoado, mas o seu canto fazia-me sentir o rebuliço da rua da Canecadinha. Os meus alferes, sobretudo um que era apreciador de música, tornaram-se apreciadores do Bana, tantas foram as ocasiões em que o gira-disco reproduzia as suas gravações.
    Tenho para mim que a voz do Bana é única e é a mais categorizada voz masculina na interpretação da morna. É profunda, é quente e é tocante, e é possuidora de uma perfeita dicção. E tem uma característica muito própria: canta como se nos estivesse a contar uma história ou a dar um recado, ao mesmo tempo que mexe com as cordas de todos os nossos sentimentos. Não há ninguém que me faz sentir genuinamente mindelense como o Bana. Por isso, a sua perda é daquelas que são mesmo irreparáveis, pelo que o Mindelo terá de o honrar como bem merece.
    Atá um dia Bana, numa qualquer noite de S. Silvestre.

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  4. Grandes comentários que o Bana bem merece.

    Obrigado a todos, pelo Pd'B e pelo cantor.
    Djack

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  5. Até agora não me foi possivel vir aqui por estar ausente temporariamente e sem o meu material mas antes que o Adriano seja sepultado, venho aqui dizer que também eu, como todos os amigos que demonstraram a sua tristeza, me sinto mais pobre pela perda de um amigo.
    Conheci o Bana antes de "aparecer" como cantor jà que nascemos na mesma rua. Em seguida foi o "nascimento" do cantor que acompanhei e quando chegou a Dakar ali estava eu como que para o receber. Tive a sorte (privilégio) de ser o ùnico a levà-lo à cena, tendo escrito uma modesta revista onde ele reperesentava o seu prôprio papel.
    Infelizmente não me é possivel apresentar agora a foto testemunha mas ela pode ser vista no livro "O teatro é uma paixão, a vida é uma emoção".
    Caro Bana, foste um peso pesado mas estou certo que a terra te serà leve.
    R.I.P.

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  6. Cumprindo o desejo do nosso colaborador Valdemar Pereira, a foto já pode ser vista no final deste post, com a respectiva legenda.

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  7. S. Vicente e Cabo Verde estão de luto. Bana e Cesária encarnaram a morna esta melodia distintiva da cultura cabo-verdiana

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  8. Filha de Caboverdiana "CHINDA",que desde muito cedo abandonou a sua terra natal rumo à Guiné Bissau onde casou e todos nós (4)nascemos ,quis a sorte que a nossa casa sempre tivesse um "giradisco"a funcionar.Desde cedo fui ouvinte de vozes como CESÁRIA ÉVORA,BANA,FERNANDO QUEJAS ,ETC,ETC.
    Infelizmente ,a guerra colonial mudou toda a nossa vida,sendo que a vinda para Portugal Continental,COIMBRA,nos manteve um pouco afastados das músicas e músicos de Cabo Verde.A dada altura surge na rádio o programa MORABEZA...Não imaginam a nº de pessoas da família que passámos a ouvir falar já que era também um programa de discos pedidos com dedicatória...para a AVÓ CHINDA ,BANA canta MAR É MORADA DI SODADE...Foram anos em que se revivia Cabo Verde há hora das refeições...Hoje ,CHINDA ,CESÁRIA ,BANA ,ILDO LOBO já partiram ,mas a saudade é ETERNA!!!
    PARA ALCINDA DO LIVRAMENTO QUEJAS DOS REIS BORGES FERNANDES "CHINDA",os teus filhos agradecem as tuas raízes que nos deu a conhecer esta MARAVILHOSA TERRA E SUAS GENTES DE CABO VERDE.
    BEM HAJAM POR EXISTIREM!!!!!

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