A notícia mais antiga que encontrei ralacionada com o "Belmira" tem a ver com o seu rebaptismo. Isso mesmo, a coisa passou-se cerca de Agosto de 1919 e ficou registada em jornal. Ou seja, de "Ralph L. Hall", talvez nome do antigo proprietário ou seu familiar, o barquinho adquiriu nova denominação, aquela pela qual ficou mais conhecido. Estava na altura nas mãos de R. Anahory (gralha ali no nome posto no jornal de New Bedford), armador de São Vicente.
Décadas depois, em 1971, pertencia a D. Isabel Lopes Gonçalves (ou pertencera até recentemente) que faleceu em Cova Figueira, Fogo, em 16 de Setembro desse ano, após prolongada doença. Esta senhora deixou numerosa descendência (9 filhos, 50 netos e 9 bisnetos). Uma das filhas era D. Belmira Gonçalves, casada com Adelino Gomes, residentes em Scituate, Massachusetts.
Em 1994 teve honras de moeda cabo-verdiana de 5$00 e em 15 de Outubro de 2011 de reportagem de Alexandre Conceição em "A Semana" que os nossos leitores poderão ler AQUI
Segundo o site do Banco de Cabo Verde, o navio terá sido construído em 1915 em local cuja memória se perdeu e chamou-se também "Boa Esperança". Fez durante muito tempo as ligações entre o Maio e Pedra Badejo, em Santiago. Podendo ser um outro barco com o mesmo nome ("Ralph L. Hall"), encontrámos no "New York Daily Tribune" de 17 de Fevereiro de 1907 (data bem mais recuada) uma referência interessante ao veleiro que pertenceria à época ao porto de Gloucester, Massachusetts.
Deste nunca tinha ouvido falar. Grão a grão, vamos completando o registo da antiga frota de cabotagem das nossas ilhas, graças ao companheiro Djack.
ResponderEliminarA saga vai-se desenrolando, mas é tão vasta que há sempre mais um e mais um e outro a seguir.
ResponderEliminarBraça com velas desfraldadas,
Djack
Nunca tinha ouvido falar do navio porque em 1971 estava eu na cidade de Tananarive sem pensar que quatro anos depois me dariam UM mês para sair. "Tude-streite-sem-cmida-d'camim"
ResponderEliminarNão por ter "roubado" um filha dessa terra que por sua vez me deu uma filha, mas porque servia Portugal, "a terra que não dava independência às sua colônias".
Nunca esquecerei a data porque na noite desse mesmo dia acontecia o 25 de Abril em Portugal.
Vejam so. Tinha de tratar dos meus assuntos e dos da Chancelaria.
Imaginem o que foi.
Tenho a sensação de ter ouvido falar de "Belmira" no porto da Praia, mas só agora estou a perceber que a sua relação com Pedra Badejo e Porto Inglês, é o mesmo que o nosso "Carvalho" teve com Porto Grande e Porto Novo.
ResponderEliminarA notícia do "A Semana" é datada do ano 2011 e, tendo em conta os fracos meios técnicos existentes na Ilha do Maio no que diz respeito a reparação naval, e bem possível que lhe esteja reservado o mesmo destino que Carvalho teve; isto é morrer a míngua. Se assim for verdade, é mais um "Património" que se perde, difícil de entender nos tempos de hoje.
Um Abraço de Saudade.
O Pd'B lá vai desenterrando estes nomes, estas memórias, estes espectros sobre os quais o tempo colocou grossa camada de poeira. Felizmente, Cabo Verde já tem jovens investigadores que fazem trabalho meritório, reflectido em teses de mestrado que dão a conhecer realidades escondidas das ilhas. Com agrado, que nos enche de orgulho, alguns citam trabalhos e textos nossos. Para algo servirá afinal o esforço posto na investigação que temos vindo a empreender.
ResponderEliminarBraça à rato de biblioteca,
Djack
Faço veementes votos que o trabalho do Djack seja preservado e que fique à disposição das gerações futuras; que não cheguem às mãos de quem diz "cosa bedje ê pa ptà fora".
ResponderEliminarEstamo-nos deliciando com tudo isso aqui no "Praia de Bote" da internet espelho do original onde morrem aquis butim cansode de tonte carregá pexe, rossega e contrabonde.
Os documentos não são nada disso mas sei que daqui a uma nada vamos ter volumes coordenados, numerados e datados para a Biblioteca do Mar que será aberta - por iniciativa dos maritimos e afins da Diáspora - no rua mais típica da cidade do Mindelo onde se encontra a antiga Capitania dos Portos.
E se fosse devera?
Ha pouco dias me encontrava na ilha do Maio e um motorista de aluguer de nome Edgar falou-me do falucho Belmira por ter sido pilotado por muitos anos pelo pai dele. Agora Belmira fica em ruinas na praia de Bitxe Rocha. E' uma pena que pedaços da história de Cabo Verde come esta façam esta fim.
ResponderEliminarAntonio - Italia
Encontrei uma referência a esta escuna num lista de barcos registados no porto de Gloucester em 1904. Aqui: https://www.noblenet.org/images/glo/vessels/1904_vessels.pdf
ResponderEliminarCaro António, obrigado pela referência. Ja agora, é familiar do Francisco Borja Flor, antigo marinheiro da Capitania dos Portos de S. Vicente?
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