Panela já com duas doses tiradas para o prato |
O estaminé é de gente de Cabo
Verde e serve melhor que bem. Chama-se "Tia Bé" e situa-se na Cova da
Piedade (Almada, Portugal), à vista do Hospital Particular de Almada (na estrada para Cacilhas, é
do lado direito, ficando o HPA do lado oposto). Nunca lá tinha ido, embora já
exista aqui há uns bons tempos e se situe perto da Praia de Bote almadense e
pertíssimo (imaginem!) de uma Travessa de Praia (perseguição estranha e saborosa).
Sala pequena mas acolhedora, instalada numa antiga venda de vinhos, portadas abertas mode Mindel por onde circula o ar, pessoal simpático, serviço rápido, preços em conta, apesar da fartura da quantidade servida. Não há ementas nem de comes nem de bebes (excepto um quadro na rua) e uma das empregadas nem imagina o que será o Manecom… (eu disse "isso não pode ser, não pode ser", ela sorriu-se e ficámos a bem na mesma). É claro que já nem perguntei se havia nas prateleiras algum groguim... Contudo, nem estas falhas nem o facto de a pequena dizer que só fala crioulo "um bocadinho" retiram stil ao local de comedorias que tem decoração e preto e branco, cadeiras confortáveis e loiça e outros acessórios de ataque aos comestíveis impecavelmente limpos.
Terceira ou quarta dose |
Deixamos aos banhistas que por aqui
passam algumas fotos (não muito boas, como sempre são as feitas com telemóvel), para criar
manha que inquiete espíritos, papilas gustativas e estômagos selectos. Uma delas tem a ver com a stóra da casa, como se perceberá pela leitura
do texto de homenagem à figura maternal (sabim, escrito em crioulo sem "k" numa das
paredes) – respeitada ali como em quase toda a África, coisa que na Europa
moderna infelizmente se está a perder.
Nota de um anónimo colocada hoje de manhã no aviso que remetia para a futura colocação deste post. Pedimos aos banhistas da Pd'B que não coloquem comentários nos avisos de futuros posts, pois estes são isso mesmo (nem sequer são numerados), sendo depois apagados.
ResponderEliminarMas hoje não vou almoçar. Estou indignado com o que se passa com o meu liceu.
Vou leiloar a minha cachupa e o produto vai para a colecta. Precisamos arranjar o edifício.
Com isto tudo, o tal "indignado" vai, se calhar, mudar de ideias. Por uma cachupa eu posso mudar de ideias e, ainda por cima, custando so 9 mil rés, perdão, 9 Euros...
ResponderEliminarNa foto da quarta dose vi, ao lado da cachupa, um pouco de arroz, o que sempre achei... inadmissivel. Cachupa é cachupa, arroz é arroz. Mas gostos são gostos e devem ser respeitados.
Vi um Embaixador comer 4 pratos de cachupa (a rica !) acompanhadas de pão. Esta é que foi demais.
Caro ex-anónimo,
ResponderEliminarA maioria das cachupas que mastiguei no Mindelo (em restaurante ou casa de pessoas amigas) estavam arrozadas (não a que saboreei em casa de amigo escritor, de facto sem bagos brancos como adenda). É claro que vi muitas cachupas pobres serem comidas só com midje e pêxe frite, nada de carninha, nada de enchidos, mas se era pobre...
Reconheço no entanto que no clássico livro de Lourdes Chantre "Cozinha de Cabo Verde" nenhuma das sete receitas propostas de cachupa leva acompanhamento de arroz. Deve ser novidade importada do cozido à portuguesa ou variante inventada por algum Ling Fu ou Peng Li instalado nas ilhas.
Quanto a nós (eu e o ex-anónimo), grandes comedores de enguias e bacalhau com grão, da próxima vez que nos encontrarmos não iremos ao "Tia Bé" mas a ementa não ficará atrás de nenhuma destas, será mastigada aqui mesmo na Praia de Bote e totalmente alentejana. Ficaria mal o dono da praia convidar o vice-cônsul para uma cachupa, por melhor que fosse, longe de nôs terra. Em Roma sê romano, na Praia de Bote para cabo-verdianos turistas sê alentejano... e de líquidos graduados borbenses...
Braça com migas, carne de porco à alentejana, sopa de tomate e açorda,
Djack
Djack, é tudo muito bonito, muito saboroso, com ou sem arroz mas de preferencia SEM´...SÓ FALTA O MAPA, HOMEM...E falta a gente combinar um "ataque" em beleza (SEM ARROZ...) pois a dose parece um exagero para uma só pessoa e, assim, a coisa ficava por 5 paus a cabeça (!)...
ResponderEliminarVenha de lá o GPS !!!
Bon appétit a tous
ResponderEliminarApós aquela explicação ali de cima, não é preciso mais nada. Atravessar a ponte 25 de Abril, entrar na Cova da Piedade, passar ao jardim (que tem um belo coreto) e entrar na estrada para Cacilhas. Não há confusão possível. No final da Cova da Piedade, quando se está na estrada para Cacilhas (ainda antes da Lisnave, pouco antes do princípio da rede do velho e desactivado estaleiro) é o poiso de comesainas. E tal como eu disse, vê-se da esquerda o Hospital Particular de Almada e da direita (com um painel na parede tipo graffiti com um amedjer ta plá midje) lá está o "Tia Bé". Combinamos um ataque, a seguir às férias.
ResponderEliminarBraça com pecado da gula,
Djack
Já tenho um programa para quando chegar a Lisboa. Tomei nota num caderninho parecido com os do tempo de Nhô Toi Pombinha.
ResponderEliminarMas quero deixar claro que nunca fui anti-arroz. tanto mais sendo alguém que, depois de Soncente, viveu em Dakar e Tananarive onde se o come a toda a hora. Em Madagáscar o "matá injum" é arroz fervido com açùcar".
E continuo, embora a França seja a terra de "pomme frite".
Braça pa bucis tude
Vive la Franca au pomme frite!
EliminarPor muito que a gente se agite,
Não vejo ningu+em que grite
O mal que faz à colite,
O raio da "pomme frite"!
O meu computador está a dar-me cabo do juízo porque há um "intruso" que não me deixa trabalhar como deve ser. Felicito o Djack por esta actualização da carta gastronómica. Só falta dizer o sítio para eu fazer a respectiva "graficagem" (gíria militar) na minha carta. Aquele arroz é que de facto está deslocado do seu meio ambiente natural. Tenho de lhe dar ordem de "destroçar".
ResponderEliminarHá-de ser combinada coisa preceito. Estou a ver que a "Tia Bé" está a incitar estômagos por todo o lado.
ResponderEliminarBraça cachupal,
Djack
Gostaria de publicar a foto da cachupa na minha revista de turismo. Peço a autorização. Pode ser?
ResponderEliminarhttp://turimagazine.com/edicoes/n6/#p=1
o meu email é cmorgado@turimagazine.com
Disponha da foto. Será com todo o gosto que a verei na sua revista. Escreverei também para o seu endereço electrónico.
EliminarCom os melhores cumprimentos,
Joaquim Saial