Para breve, no blogue parceiro "Esquina do Tempo", mais uma "Crónica do Norte Atlântico". Desta vez, em tom de policial, desvendando um viver hoje algo esquecido de cabo-verdianos da América no século passado e do anterior. Para aguçar o apetite, aqui ficam a introdução e o primeiro parágrafo. Como habitualmente, o artigo completo que já saiu no jornal "Terra Nova", será de novo dado à luz no "Esquina do Tempo" e algum tempo depois no Pd'B.
O historial de crimes de e contra cabo-verdianos nos Estados Unidos da
América é longo, na exacta relação do seu número com a antiguidade da secular
permanência de gente do arquipélago naquele país. Temos vasculhado milhares e
milhares de páginas de jornais portugueses, americanos e americanos de língua
portuguesa e, embora sem conhecermos estudos científicos ou estatísticas que o
provem, a nossa nítida sensação é a de que a comunidade cabo-verdiana não tem
sido nem mais nem menos protagonista ou vítima de crimes que as restantes –
incluindo, até 1975, data limite das nossas investigações, a açoriana, por exemplo.
Deles, nalguns casos bem risíveis como o primeiro que relatamos, resolvemos
fazer curta selecção para a presente Crónica do Norte Atlântico – quase todos
do século XIX, excepto os dois últimos, já do XX.
Uma bofetada por mais de 100
dólares
Que relação teria Luísa Gonçalves
com Salomão Gomes, ambos cabo-verdianos residentes em New Bedford, Mass., não o
sabemos. Nem sequer que malfeitoria este lhe fez para ela assim reagir. O que é
verdade é que a dita mulher, lá pelos finais do século XIX, pregou no indivíduo
valente estalada. Claro que sofreu as devidas consequências jurídicas. Feita
queixa pelo Salomão e ouvidas as partes em tribunal, o juiz aplicou à agressora
100 dólares de multa e pagamento de custas. Ainda assim, retirou-se a Luísa
satisfeita, segundo parece, como rezava O
Progresso Californiense[1], em
1885…
Seria difícil que as comunidades cabo-verdianas não assimilassem o que de bom e mau encontram lá fora. Creio que por vezes, e em alguns infelizes casos, até refinam os métodos. Basta ver o que acontece com alguns repatriados para Cabo Verde.
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