POST ACTUALIZADO
O post de hoje de Pd'B é dedicado a Manuel Ferreira (Gândara dos Olivais, Leiria, 1917 - Oeiras, 1994), português europeu apaixonado por África, sua cultura e gentes que em São Vicente foi militar expedicionário entre 1941 e 1947. Para saber mais sobre a biografia do notável escritor premiado e professor universitário que introduziu na Faculdade de Letras de Lisboa o estudo das literaturas africanas, clique
AQUI.
Relativamente vasta, a biblioteca cabo-verdiana do Pd'B é no entanto escassa no que toca a Manuel Ferreira. Dele, infelizmente apenas possui "Hora di Bai", na versão de bolso da editora Europa-América (1987). Aqui ficam imagens dessa e de outras, entre as quais a capa de uma (e autógrafo) que relaciona mais um escritor natural ou associado a Cabo Verde com a Cova da Piedade (à semelhança do poeta Jorge Barbosa que nesta freguesia de Almada veio a falecer num prédio que em tempos recentes recebeu placa alusiva, como na altura se informou).
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1.ª edição, Vértice, de 1962, ano em que "Hora di Bai" obteve o Prémio Ricardo Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa.
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Autógrafo de 1964, passado na Cova da Piedade (Almada, Portugal), para pessoa, ao que sabemos, ainda hoje viva. Repare-se na gralha de data: o Prémio Ricardo Malheiros de 1963 foi na realidade para Augusto Abelaira com "As Boas Intenções". A edição do livro é que foi de 1963, nas Edições EA. |
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Capa da edição que o Pd'B possui, de 1987, aparentemente ainda à venda na FNAC, por 6,55€. |
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Contracapa da edição que o Pd'B possui. |
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Edição do Círculo dos Leitores (indicação da nossa amiga Nita Ferreira)
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Lugre "Senhor das Areias" (aqui, em Bissau), o navio de que se fala logo no início de "Hora di Bai", encarregado de ir buscar famintos de São Nicolau para o porto de abrigo do Mindelo durante a fome de 1943.
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Se bem me lembro...
ResponderEliminarembora a minha tenra idade, vi este senhor em S.Vicente e dele ouvia falar.
Vou rever as (poucas) obras de escritores cabo-verdianos que tenho, a ver
se o "Hora di bai" não foi para o lixo como foram mais 9 volumes.
Não pensem que fui responsável por este sacrilégio. Mas conto como foi o
sucedido: - Tive o prazer de encontrar, casualmente, nesta cidade de Tours,
uma conterrânea, nascida como eu na Rua do Coco, a quem emprestei os
dez volumes já que havia mais de cinco décadas que não lia qualquer obra
que relacionasse com Cabo Verde. Vamos dizer que ambos nos sentíamos
felizes. Só que, o encontro seguinte foi para ela apresentar desculpas pois
o marido tinha enviado os livros para a lixeira. Não que fosse contra nossos
patrícios de cuja língua desconhecia em absoluto. O infeliz, que se aposentou
depois de ter exercido o cargo Delegado do Procurador da República, padecia
da doença de Alzheimer.
"Sans rancune"
Descanso à sua alma porque os livros podem ser comprados.
Tenho aqui , um exemplar do "Hora di Bai" com a seguinte anotacao na pag. 4;
ResponderEliminar"by Manuel Ferreira
Edicao integral
composta e impressa por Tipografia Guerra e
encadernada por Printer Portuguesa, Lda.,
para o Circulo de Leitores, Lda.
Primeira edicao: 5 000 exemplares
So e permitida a venda aos socios do Circulo de Leitores."
Na pagina seguinte, uma dedicatoria:
" A Orlanda:
a quem, ao longo destes ultimos anos,
no trato diario, fui surripiando,
as vezes traicoeiramente,
muita da materia desta narrativa,
quem sabe se impossibilitando-a
de um dia torna-la sua...
Esqueci-me de me identificar no comentario acima:
ResponderEliminarNita Ferreira, com muitas mantenhas
Cara Nita,
EliminarEntão essa é mais uma edição que eu desconhecia. Claro que na minha a belíssima dedicatória também vem e mostra, entre outras, pelo menos três coisas:
1 - Que o escritor, seja ele qual for, é um ladrão de ideias, factos e visões do quotidiano que reformula, agrega e utiliza a seu favor.
2 - Que, neste caso, algumas das matérias vieram directamente da esposa do autor, ali à mão de semear, culta e ainda por cima cabo-verdiana.
3 - Que este escritor era extremamente honesto (esta será talvez a coisa mais importante).
Nova braça,
Djack
NOTA: Para os mais desatentos, Manuel Ferreira casou com a escritora Orlanda Amarílis, filha de Armando Napoleão Fernandes, autor do "Léxico Crioulo do Arquipélago de Cabo Verde". É autora de vasta obra, na qual se evidenciam os livros de contos "Cais-do-Sodré té Salamansa" (1974), "Ilhéu dos Pássaros" (1983), "A Casa dos Mastros" (1989) e "Facécias e Peripécias" (este, para crianças).
ResponderEliminarMais um conterrâneo, leiriense, que esteve em S.Vicente, decerto pertencente ao R.I. Nº 7, de Leiria e onde um tio meu, primeiro-sargento, era Vago-Mestre...Recordo-o com um dos muitos militares a quem o meu pai reparou os relógios, na sua oficina à, então, Rua do Senador Vera-Cruz pois, ao que parece, já ao tempo era uma figura destacada, embora eu não soubesse porquê...Parece que era boa gente de boa pena, também!
ResponderEliminarZito Azevedo
Conheci Manuel Ferreira no ano de 1992 em que vim trabalhar em Portugal na Universidade através da escritora Orlanda Amarílis que é a tia da minha esposa . Homem muito fino e culto. A casa dele parecia uma biblioteca clássica dedicada à África e ao Mundo. A sua admiração e amor por Cabo Verde e s. Vicente era total. Falava do Nho Roque com admiração.
ResponderEliminarNunca tive o prazer de conhecer Manuel Ferreira, e como ele era militar bem poderia ter ocorrido essa possibilidade. Ele foi furriel miliciano no BI 7 (mobilizado pelo RI 7, de Leiria, como lembra o Zito). Foi no Gil Eanes que ele continuou os estudos liceais.
ResponderEliminarLi quase tudo o que ele escreveu e é uma figura das letras que muito considero, e não é apenas por se ter ocupado da literatura cabo-verdina a ponto de alguns o julgarem natural das nossas ilhas.
Esqueci-me de manifestar o meu apreço pessoal pela presença da Nita Ferreira no PdB. Creio que o Djack já o fez também num post anterior. Mas como é a segunda vez que isso acontece, é caso de a saudarmos vivamente e desejar que venha para ficar. O PdB precisa de muitos mais remadores, e não apenas das multidões que ficam na rua da Praia a contemplar. Sabemos que são boa gente e nos apoiam, mas têm de pegar num remo de vez em quando.
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