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Pormenor ampliado de parte da notícia, para melhor leitura |
A notícia é do "Diário de Lisboa" de 9 de Junho de 1940. Estava em cena no palco de Belém a grande Exposição do Mundo Português, também conhecida por Exposição dos Centenários. Ideia de Salazar, congregou vultuosas quantias e meios técnicos e humanos, fazendo-se assim a propaganda de um regime que assentava as suas bases ideológicas numa história nacional de grande feitos, conquistas e descobertas. Para o memorial da representação cabo-verdiana à exposição ficou o bate-pé de B. Léza que ao ver que a sua gente iria ficar "instalada" em cubatas à africana ameaçou junto de Henrique Galvão (um dos homens fortes do magno evento de 40) com uma deserção, caso as palhotas não fossem substituídas de imediato por casas como as das ilhas.
Mas o propósito deste post é mais outro... Leiam-se, na notícia alusiva à chegada da representação da Guiné, as palavras de Casimiro Tristão sobre o teatro em Cabo Verde. O Valdemar Pereira e o João Branco hão-se gostar de saber. E os restantes leitores ligados às ilhas, também, decerto... Claro que a página inteira do jornal seguirá daqui a minutos para a Associação Artística e Cultural Mindelact (melhor falando, para o seu arquivo de teatro), no Mercado Municipal de São Vicente que é o mesmo que dizer "Plurim d'virdura"...
Da revolta do B.Leza sempre ouvi pessoas aplaudindo o gesto temeràrio de dizer a verdade numa altura em que todos tremiam abrir a boca mas sobre o teatro na Praia é a primeira vez que ouço falar.
ResponderEliminarAcho que isso vai interessar grandemente o amigo João Branco que ainda està em plena actividade e com a idade de fazer muito mais em prol da Cultura Cénica, nomeadamente fazendo pesquisas e escrevendo mais livros sobre o tema.
O Praia de Bote continua a trazer-nos noticias surpreendentes.
Obrigado, Amigo
Uma delícia, esta notícia. O Casimiro Tristão está referenciado no livro da História do Teatro em Cabo Verde, se bem que de forma indirecta, através de um testemunho do saudoso Felix Monteiro. Que boas são todas estas contribuições, queridos amigos!
ResponderEliminarGrande abraço!
Sempre ouvi falar da atitude tomada pelo B. Leza. A vingar o que tinham previsto, cometer-se-ia um crime de lesa-cultura, porque na verdade a paisagem humana e natural em Cabo Verde era e é diferente da da África continental. Estranho é que o Henrique Galvão, homem culto, inteligente e que conhecia bem Cabo Verde, não tenha prevenido a tempo o atropelo à verdade. Não é que constituísse uma indignidade residir numa cubata (em África muitas vezes dormi nelas, e bem), apenas estava em causa os usos e costumes cabo-verdianos, e uma exposição daquela natureza tinha de ser fiel à verdade antropológica e etnológica.
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