quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

[0662] Mais uma pazada na cova do património são-vicentino ou "Ó scola, quem mandóbe morrê?" ou "Cordá Soncente!" ou "Deus, Nossenhora da Luz, Soncente e Sanjom nos valham!" ou "Estamos entregues à bicharada!" ou "Chega de arrasar a História!"

O blogue Praia de Bote tinha encerrado as suas actividades por este ano mas "foi obrigado" a reabri-las por dois motivos fortes: um para reforçarmos a divulgação do pungente estado de abandono de mais um exemplar do património arquitectónico de matriz colonial da ilha de São Vicente (no caso, a Escola da Praça Nova); o outro, a pedido do amigo e colaborador Adriano Miranda Lima que no post seguinte publicará um conto seu. 

Escola Central João Belo, dita Escola da Praça Nova - Foto Joaquim Saial, 1999
Foto José Carlos Marques, Setembro.2014

Foto José Carlos Marques, Setembro.2014

O primeiro caso expõe-se em mais uma denúncia do "Notícias do Norte", neste caso relativa ao desleixo a que foi submetida a "Escola da Praça Nova", agora completamente vandalizada mas que já apresentava sinais de acelerado desgaste como mostram fotografias recentes do nosso amigo José Carlos Marques. Curioso é que como no caso do edifício do antigo Liceu Gil Eanes surge sempre alguém a dizer que as obras estão para breve, que há orçamento para as mesmas e que o mar é de rosas... Porém, nós não temos dúvida que o mar é d'canal, proceloso e aceleradamente destruidor dos assim não tão numerosos bens que a História depositou nas mãos dos são-vicentinos - o que mais levaria a estimá-los...

Foto José Carlos Marques, Setembro.2014
Aqui ficam quatro fotografias com 15 anos de diferença da primeira para as restantes e o filme da miséria, para vergonha de quem de direito... se é que a tem. Já agora, sempre dizemos que escrevemos estas linhas com a autoridade de quem ama a ilha do Monte Cara e ainda por cima fez exame da 4.ª classe nesta casa vilmente desprezada.  


4 comentários:

  1. Deixaram ruir a casa do Dr. Adriano e depois disseram que era uma pocilga para a poderem destruir; deixam ruir o muitas vezes secular Fortim para que tenha o mesmo destino. Nada fizeram para o Eden Park porque "é privado" e agora é o que se vê. Para o liceu dizem haver verba que não aparece há anos e essa escola está no mesmo caminho de destruição.

    Afinal para que servem os Deportados e a própria Câmara Municipal? E enquanto o Património desaparece por incúria os eleitos municipais disputam lugares no partido.

    Isto é o cúmulo de incompetência ou a cumplicidade de um vandalismo oirganizado.

    ResponderEliminar
  2. Analisando os 15 anos de diferença só se pode concluir que existe uma política de desleixo em relação ao Património da ilha ou já estamos em regime de Homem Novo em que velharias do período antes de 1975 é 'Pa ptá na Tchom'. Soncent está abandonado e estes factos nos dão razão da urgência da instalação de um governo regional com plenos poderes para gerir a ilha e cuidar dos seus bens.

    ResponderEliminar
  3. Para nossa desgraça, continuamos a assistir à ruína das peças arquitectónicas mais antigas de S. Vicente. Como pessoa de bem, não acredito que o poder político tenha um plano maquiavélico para anular toda a arquitectura que remonte ao tempo colonial. Não acredito nisso porque, a ser verdade, a nossa terra estaria a ser governada por gente ignorante e de má índole, o que não é verdade. Acredito mais que tudo o que está acontecer é fruto da imprevidência e da incompetência, mas também elas condenáveis e indignas de quem assume a responsabilidade da governação da coisa pública.

    ResponderEliminar
  4. Sobre a arquitectura que viu no Mindelo, o grande arquitecto Souto Moura disse:
    "...Vocês são cultos, são patriotas, gostam desta terra, portanto deviam ter cuidado [...]para isso não acontecer. Confesso que há coisas que não gostei de ver, mas isto é uma questão de bom senso"
    E ele não chegou a ver esta escola nem conheceu o Fortim, o Eden Park e a Casa Adriana.

    ResponderEliminar

Torne este blogue mais vivo: coloque o seu comentário.