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Eis dois dos seus mais conhecidos poemas:
MÃE NEGRA
A mãe negra embala o filho.
Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.
Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.
É para o céu que ela canta,
Que o céu
Às vezes também é negro.
No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
—Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.
A mãe negra não tem casa
Nem carinhos de ninguém...
A mãe negra é triste, triste,
E tem um filho nos braços...
Mas olha o céu estrelado
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade...
CANÇÃO DOS RAPAZES DA ILHA
Eu sei que fico.
Mas o meu sonho irá
pelo vento, pelas nuvens, pelas asas.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos frutos, nos colares
E nas fotografias da terra,
Comprados por turistas estrangeiros
Felizes e sorridentes.
Eu sei que fico mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Metido na garrafa bem rolhada
Que um dia hei de atirar ao mar.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
sei que fico
Mas o meu sonho irá
Fui ao Wikipédia e registo o que lá consta sobre o poeta Aguinldo Fonseca:
ResponderEliminarAguinaldo Fonseca (Mindelo, Cabo Verde, 22 de setembro de 1922, e foi um poeta cabo-verdiano. A sua poesia é bastante difundida na internet e em obras colectivas editadas diversos países. Aguinaldo Fonseca instalou-se em Lisboa em 1945, tendo visto os seus poemas publicados em vários jornais portugueses de então.
Ficou conhecido como "o poeta esquecido", mesmo depois de ter publicado a coleção "Linha do Horizonte", em 1951, e de, sete anos mais tarde, ter reunido uma seleção dos poemas no suplemento cultural Notícias de Cabo Verde, tal como o retratou Michel Laban, um investigador argelino estudioso da literatura lusófona, que faleceu em Paris em dezembro de 2008.
A sua poesia retratava o ardor cívico e expunha firmemente as injustiças sociais, tal como é referido na Grande Enciclopédia Soviética, datada de 1979, estando traduzida em russo.
Paz à alma deste nosso vate agora desaparecido, e endereço à família as minhas condolências.
Tendo ele saido de S.Vicente em 1945 do século passado, pouco ouvi falar do Auinaldo Fonseca. O mais vibrante elogio que dele ouvi foi aqui, por volta de 1988, pela esposa de um dos meus patrões que o conheceu muito bem.
ResponderEliminarPaz à alma do Lei, seu nominho.