terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

[0728] POST ACTUALIZADO - Drogaria Central, vulgo "Drogaria de Djandjam" - Veja-se ou reveja-se o post anterior, também de grande interesse documental

Publicou ontem o blogue parceiro ARROZCATUM uma fotografia da Drogaria Central do Mindelo, vulgarmente conhecida como "Drogaria de Djandjam", popular casa de comércio da Pracinha da Igreja, ali mesmo à beira da Câmara Municipal de São Vicente. O Pd'B acrescenta agora outra do mesmo estabelecimento comercial, publicada na Revista Oceanos (Portugal), N.º 5 de Novembro de 1990 uma das que ilustram o artigo de António Correia e Silva intitulado "Os Fundamentos do Povoamento". Repare-se no título que encima o balcão, bem avisado...


À esquerda, aspecto da fachada do edifício da Drogaria Central (em frente, o edifício da  Câmara Municipal de São  Vicente) - Foto Joaquim Saial, 1999

6 comentários:

  1. Drogaria de Djandjam era dos estabelecimentos mais populares do Mindelo e funcionou antes das Farmácias Teixeira e do Leão.
    Não me lembro para quê; talvez mentulatum, vaselina... fui enviado para là varias vezes pois sabíamos que o dono era a pessoa mais amável do nosso microcosmo.
    Djandjam aliava-se também às brincadeiras, quando se mandava um néscio ir comprar - por exemplo - dois mil e quinhentos de vitamina. Ele perguntava para quê para poder aviar. Houve um que lá foi porque "cmida ta froc". Sei que Djandjam respondeu com a maior naturalidade - "Já cabà. M' ti ta esperá"
    Na nossa "terra de mnis buzode" nunca ouvi dizer que alguém brincou com o tamanho dele.
    Bem, eram outros tempos !!!

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    1. Ele lá está atrás do balcão, bem como dois dos seus empregados da época.

      Braça comercial,
      Djack

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  2. Como gosto de rever o Djandjam! É uma pessoa que conheci muito bem e num plano quase familiar. É que, além de compadre do meu pai (padrinho da primeira filha do Djandjam), as nossas famílias eram vizinhas em Fonte Cónego, para onde, aliás, fomos morar mais ou menos na mesma altura. Ele e meu pai eram unha e carne, como se fossem irmãos. Saíam frequentemente a passear pela morada. Conto uma pequena estória pirracenta. Um belo dia saíram à noite quando o mau tempo talvez não o recomendasse. Ao regressarem a casa, o tempo agravou-se seriamente, desabando aquelas chuvas violentas que de vez em quando acontecem, a água correndo como uma ribeira num certo sítio por onde tinham de passar, julgo que já em Fonte Dator (escrevo mesmo assim em crioulo). Então, resolveram a todo o custo passar a "ribeira". Mas o meu pai virou-se para o compadre e disse-lhe: - Djandjam, como és pequeno se calhar vais ter dificuldade, pelo que vou te levar ao colo. Esclareço que o meu pai era um matulão, como o Val pode testemunhar. E, assim, o meu pai tirou os sapatos, entregou-os ao Djandjam, e de facto levou-o ao colo na travessia da "ribeira". Mas, não contente com isso, parece que o levou assim até chegarem a casa. Eu não presenciei (teria uns 8 anos), mas foi o que o meu pai contou em casa e algumas pessoas presenciaram. Quando o meu pai morreu (no estrangeiro), o Djandjam chorou como uma criança, como contou a esposa dele. Devo dizer que a primeira vez que comi gelado foi na drogaria dele. Ainda rapazinho, entrei lá para comprar qualquer coisa a mando da minha mãe, ele viu-me e levou-me para o pé da máquina de gelado que tinha inaugurado dentro do estabelecimento, e ele próprio me tirou um gelado de baunilha.
    Por tudo isto, fortes laços de amizade sempre me ligaram e ligam à família do Djandjam. Há 11 anos, quebrando uma ausência de 40 anos, revisitei S. Vicente, e como não podia deixar de ser, fui à Drogaria. O Djandjam, infelizmente tinha falecido há uns 6 anos. À frente da Drogaria estava o segundo filho macho, o Djibito, e em anexo lateral pertencente à drogaria estava um pequeno estabelecimento de artigos diversos (artesanato, souvenirs, etc) explorado pela segunda filha do Djadjam, a Tula. Foi assim que os revi e cumprimentei, tendo mais tarde visto a primeira filha, a que é afilhada do meu pai, a Milú, assim como a mãe deles.
    Antes de regressar a Portugal, convidaram-me para um piquenique no Monte Verde, onde o marido da Tula tem uma propriedade. A viúva do Djadjam, comadre do meu pai, esteve também presente e ela e a minha mãe entregaram-se à recordação de outros tempos.
    Desculpem estas lembranças pessoais, mas as memórias de infância têm muita força, e além disso me ligam à família Djandjam laços de muito sincera amizade. O filho mais velho, o Oldegar, está na América e por vezes conversamos ao telefone.

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    1. Obrigado, Adriano, por este autêntico HINO À AMIZADE...Apesar de os nossos interesses comerciais serem concorrentes sempre mantive uma relação de franca amizade com o Djandjam, um Homem que só era pequenino por fora!
      Forte abraço,
      Zito

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  3. Adriano, eu não faço cerimónia nenhuma e só o Administrador pode me interromper. Ê que estas estórias demonstram que os costumes eram outros, mais familiares e mais profundos

    Relativamente ao teu pai garanto que era um homenzão de físico bem proporcionado. Penso ter ouvido esse episódio contado pelo irmão dele em Dakar que me contou outras de que não me lembro mas que poderão vir com "a propósito".
    Com o PdB a "esgrovetà" aparecerão muitos grãosinhos.
    Vivam as lembranças !!!.

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  4. Depois do que acima se leu, o que posso dizer é que nestes últimos tempos, o Pd'B tem melhorado substancialmente, embora apenas à custa dos mesmos do costume. Mas que se lixe, os que não participam não sabem o que perdem. Com stóra destas como a que o Adriano nos contou, o administrador não só não o manda calar como fará todos os possíveis por ir aqui colocando materiais cada vez mais apelativos e que se centrem sempre (com algumas excepções para o restante Cabo Verde, nomeadamente São Nicolau e Santo Antão) naquilo que nos une: o Mindelo e São Vicente.

    Braça forte e agradecimentos aos participantes,
    Djack

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