sábado, 15 de março de 2014

[0777] Ainda Jorge Barbosa ou curiosidades da investigação

O texto abaixo é o início da nossa Crónica do Norte Atlântico para o mindelense Terra Nova deste mês de Março, há poucos minutos concluída. Nem de perto nem de longe imaginávamos antes que a investigação feita para o mesmo ia dar ao Diário de Notícias do Rio de Janeiro de 12 de Junho de 1964, em artigo de João Alves das Neves "Os escritores cabo-verdianos e o Brasil", onde Jorge Barbosa ele mesmo surge a falar de um livro que o poeta brasileiro Jorge de Lima lhe oferecera (embora reportando-se a fala de Barbosa a 1939, em altura em que foi entrevistado pelo jornalista brasileiro Arnon de Melo que acompanhava Óscar Carmona numa viagem a África com escala em Cabo Verde). O dito livro foi-nos gentilmente oferecido por familiar do poeta e mostrámo-lo em fotografia na homenagem almadense de que se fala no início do artigo. Enfim, uma curiosa série de coincidências das muitas que sucedem a ratos de biblioteca como este que sendo mondrongue trata de assuntos de Cabo Verde e que para sobre eles se documentar vasculha em jornais brasileiros...

CONTRIBUTOS PARA O ESTUDO DAS RELAÇÕES CULTURAIS ENTRE CABO VERDE E O BRASIL (2/2)

O gosto de Jorge Barbosa pela cultura brasileira

Quando em 15 de Junho de 2013 mostrámos em público no Fórum Municipal Romeu Correia, Almada, em sessão de homenagem a Jorge Barbosa, alguma documentação inédita alusiva ao poeta, estavam entre ela dois exemplares curiosos: o livro de poesia do brasileiro Jorge de Lima  A Túnica Inconsutil (1938), cuja dedicatória "A Jorge Barbosa com o apreço e admiração de Jorge de Lima", com indicação do seu endereço (Rua Floriano, 55 – 11.º andar, Rio de Janeiro), mostra conhecimento mútuo e suposta troca de correspondência  e a reprodução do envelope de uma carta que o autor enviou do Sal ao colega de letras brasileiro Manuel Bandeira, em 1948. Mais provas há deste interesse de Barbosa pela cultura do país irmão que aliás era de certo modo correspondido do outro lado do Atlântico, como podemos deduzir através deste poema de Ribeiro Couto: "Jorge Barbosa, / Em Cabo Verde te imagino / Olhando o céu – triste menino da ilha do Sal / Ah! horizontes do destino! / Ah! solidão da água amargosa, / Nascer poeta é sempre um mal / Seja onde for – Jorge Barbosa! / Águas e Céu é tudo estreito, / Jorge Barbosa: / Cada um de nós leva no peito / A Ilha do Sal." (...)

Diário de Notícias do Rio de Janeiro, 12.06.1964


2 comentários:

  1. Interessante este apontamento. Não há dúvida que Jorge Barbosa e os Claridosos sofreram uma forte influência do modernismo brasileiro.

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  2. Claridosos a geração dourada. Abriram CV ao mundo

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