Se eu fosse comandante de companhia dele tinha de o mandar cortar a trunfa, ah-ah-ah. Apreciei saber este passado do nosso Presidente. Cheguei de Moçambique (onde aderi ao Movimento do 25 de Abril, no mato) em Julho de 1974 e fui comandar uma companhia em Tomar, onde estavam colocados uns aspirantes muito politizados e incorporados no exército nas mesmas circunstâncias em que foi o nosso conterrâneo. Um era da UDP e outro do MRPP. Tive problemas com eles porque a sua atitude era de permanente transgressão e pela calada da noite tentavam catequizar os soldados. Fazia-lhes ver que minar a disciplina e a ordem militar para atingir certos fins não era o caminho desejado. Mas em vão. Só me livrei deles com o golpe contra-revolucionário do 25 de Novembro, que repôs o espírito inicial do 25 de Abril, restaurando a pretendida ordem democrática. Pois foram passados à disponibilidade compulsivamente. No entanto, devo confessar que eram bons rapazes, e intelectualmente mais preparados do que a actual geração, apenas demasiadamente contaminados com as ideias maoístas e trotskistas. Gostaria de os voltar a encontrar. Não me surpreenderia se estiverem hoje mais à direita do que o capitão que tentaram também catequizar. Desculpem esta deriva pessoal, que é só mais uma achega para contextualizar as revelações do Jorge Carlos Fonseca.
Já estava a ver que ninguém palrava neste post... O que se me oferece dizer é que as circunstâncias da vida e do destino dão destas coisas. Ou seja, o Presidente não se envergonha do seu passado enquanto português nem esse mesmo passado lhe retira a mínima legitimidade como Presidente de Cabo Verde e ainda por cima sendo um dos menos contestados enquanto tal, pois reune grande unanimidade entre os seus patrícios. Mas nas antigas colónias o que não falta é gente que foi militar e exerceu cargos públicos durante o regime colonial e depois repetiu/continuou nos novos países nessa situação sem que isso belisque minimamente a sua honra.
Djack, envergonhar-se desse passado é como querer apagar a História com um mata-borrão, daqueles antigos e que eram úteis quando se escrevia normalmente com caneta tinta. Aplicava-se o mata-borrão e o que estava escrito ficava impregnado no respectivo material permeável.
E não é o único presidente cabo-verdiano que foi oficial miliciano do exército português. Também Pedro Pires foi alferes miliciano da Força Aérea, incorporação voluntária, pois nos anos cinquenta ainda não havia guerra colonial. Depois mudou de ideias e de nacionalismo, desertou e partiu para a luta.
Se eu fosse comandante de companhia dele tinha de o mandar cortar a trunfa, ah-ah-ah. Apreciei saber este passado do nosso Presidente.
ResponderEliminarCheguei de Moçambique (onde aderi ao Movimento do 25 de Abril, no mato) em Julho de 1974 e fui comandar uma companhia em Tomar, onde estavam colocados uns aspirantes muito politizados e incorporados no exército nas mesmas circunstâncias em que foi o nosso conterrâneo. Um era da UDP e outro do MRPP. Tive problemas com eles porque a sua atitude era de permanente transgressão e pela calada da noite tentavam catequizar os soldados. Fazia-lhes ver que minar a disciplina e a ordem militar para atingir certos fins não era o caminho desejado. Mas em vão. Só me livrei deles com o golpe contra-revolucionário do 25 de Novembro, que repôs o espírito inicial do 25 de Abril, restaurando a pretendida ordem democrática. Pois foram passados à disponibilidade compulsivamente. No entanto, devo confessar que eram bons rapazes, e intelectualmente mais preparados do que a actual geração, apenas demasiadamente contaminados com as ideias maoístas e trotskistas. Gostaria de os voltar a encontrar. Não me surpreenderia se estiverem hoje mais à direita do que o capitão que tentaram também catequizar. Desculpem esta deriva pessoal, que é só mais uma achega para contextualizar as revelações do Jorge Carlos Fonseca.
Já estava a ver que ninguém palrava neste post... O que se me oferece dizer é que as circunstâncias da vida e do destino dão destas coisas. Ou seja, o Presidente não se envergonha do seu passado enquanto português nem esse mesmo passado lhe retira a mínima legitimidade como Presidente de Cabo Verde e ainda por cima sendo um dos menos contestados enquanto tal, pois reune grande unanimidade entre os seus patrícios. Mas nas antigas colónias o que não falta é gente que foi militar e exerceu cargos públicos durante o regime colonial e depois repetiu/continuou nos novos países nessa situação sem que isso belisque minimamente a sua honra.
EliminarBraça de países fraternais,
Djack
Djack, envergonhar-se desse passado é como querer apagar a História com um mata-borrão, daqueles antigos e que eram úteis quando se escrevia normalmente com caneta tinta. Aplicava-se o mata-borrão e o que estava escrito ficava impregnado no respectivo material permeável.
ResponderEliminarE não é o único presidente cabo-verdiano que foi oficial miliciano do exército português. Também Pedro Pires foi alferes miliciano da Força Aérea, incorporação voluntária, pois nos anos cinquenta ainda não havia guerra colonial. Depois mudou de ideias e de nacionalismo, desertou e partiu para a luta.
ResponderEliminarJoão Nobre de Oliveira